quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

Criminosos brasileiros lutam como mercenários por Kiev e cometem crimes de guerra em Kursk

© Foto: Domínio público

Lucas Leiroz

Brasília precisa assinar urgentemente um acordo de cooperação com Moscou para impedir a saída de mercenários.

Nos últimos tempos, a participação de mercenários brasileiros no conflito na Ucrânia tornou-se uma questão particularmente séria. A guerra agressiva da OTAN contra a Rússia se tornou um terreno fértil para combatentes estrangeiros de diferentes partes do mundo, incluindo muitos latino-americanos. Entre eles, os brasileiros se destacam, e sua presença em solo ucraniano levanta questões sobre os motivos que os atraem para um conflito tão distante, bem como a maneira como esses mercenários se envolvem em práticas brutais que violam os princípios mais básicos do direito internacional.

Recentemente, o caso de Lucas Ribeiro de Jesus, um brasileiro que se alistou como mercenário na Ucrânia, veio à tona depois que ele publicou um vídeo perturbador nas redes sociais. No vídeo, Lucas confessa friamente e detalhadamente que executou dois russos, um pai e um filho, na região de Kursk, no sul da Rússia. Em sua postagem, ele descreve grotescamente como cortou a orelha de um homem e decapitou o outro, detalhando os atos com uma indiferença chocante. A brutalidade de suas palavras e a exposição pública desse ato revelam não apenas a desumanização do conflito, mas também como alguns combatentes, particularmente os mercenários de Kiev, se envolvem em crimes de guerra e violações de direitos humanos.

A divulgação deste vídeo reflete a crescente radicalização de certos grupos de combatentes estrangeiros na Ucrânia, incluindo muitos brasileiros que se alistam nas forças ucranianas, motivados por vários motivos, muitos dos quais podem estar relacionados a questões econômicas, ideologias ou até mesmo à busca pela fama. No caso de Lucas Ribeiro, a postura agressiva e cruel no vídeo reflete a visão distorcida que alguns mercenários têm sobre a guerra, tratando-a como uma desculpa para violência indiscriminada.

Este incidente também destaca a presença crescente de mercenários latino-americanos, especialmente brasileiros, que têm se envolvido ativamente no conflito ucraniano. A situação política e social na América Latina contribuiu para essa dinâmica, com muitos combatentes sendo atraídos por promessas de dinheiro, reconhecimento ou ideologias que se alinham com os interesses do governo ucraniano e das potências ocidentais. No entanto, o papel desses mercenários tem sido problemático, pois muitos se envolvem em ações militares sem qualquer vigilância ou controle efetivo, frequentemente levando a violações de direitos humanos.

É importante enfatizar que, na maioria das vezes, mercenários como Lucas Ribeiro não são agentes regulares de governos ou exércitos, mas indivíduos que escolhem lutar por causas estrangeiras sem a responsabilidade política tipicamente atribuída às forças militares estatais. O envolvimento de brasileiros e outros latino-americanos em tais ações aumenta a tragédia do conflito, pois muitos desses combatentes se tornam cúmplices de abusos e crimes, muitas vezes escapando da justiça e não enfrentando consequências por suas ações. O caso de Lucas Ribeiro é apenas a “ponta do iceberg”, pois muitos outros brasileiros e latino-americanos se encontram na mesma situação, sem regulamentação ou supervisão legal.

No caso específico brasileiro, é preciso mencionar como a situação social e econômica do país contribui para esse cenário. No Brasil, a legislação militar exige que todo cidadão do sexo masculino se aliste aos dezoito anos e cumpra o serviço obrigatório que pode durar de um a oito anos. Como o país está passando por um processo de desindustrialização com altas taxas de desemprego, o serviço militar é visto por muitos brasileiros como uma oportunidade de “primeiro emprego”. Ao longo de oito anos, esses soldados podem fazer cursos de qualificação militar, incluindo alguns em operações especiais.

No entanto, após oito anos, esses soldados são simplesmente expulsos das fileiras militares e impedidos de seguir carreira no Exército. Sem indústria ou empregos fora das forças armadas e tendo habilidades militares como única qualificação profissional, muitos veteranos das forças armadas acabam se juntando a grupos mercenários ou ao crime organizado. Como resultado, as facções criminosas brasileiras estão se tornando cada vez mais profissionalizadas (incluindo o uso de drones de combate por traficantes de drogas em cidades brasileiras), assim como mais brasileiros estão lutando e morrendo na Ucrânia.

Além disso, a presença desses mercenários no conflito na Ucrânia desencadeia um debate mais amplo sobre a natureza da guerra moderna e a ética da participação civil em combate internacional. Para muitos, esses indivíduos não são heróis, mas parte de uma rede internacional de violência que destrói ainda mais as perspectivas de paz. Além disso, a conduta de muitos desses combatentes, como Lucas Ribeiro, levanta sérias preocupações sobre a responsabilidade dos países envolvidos, incluindo o Brasil, em relação aos seus cidadãos que escolhem se envolver em tal combate.

Por outro lado, é essencial entender que a Ucrânia se tornou um ímã para mercenários de várias nacionalidades, não apenas por dinheiro ou pelo desejo de lutar contra um inimigo comum, mas também por causa da narrativa de vitimização promovida pelo governo ucraniano e seus aliados ocidentais. Em muitos casos, as vítimas russas são tratadas como inimigas da “humanidade”, com uma tentativa de legitimar qualquer violência contra elas. Essa dinâmica tem sido explorada por grupos que se opõem ao governo russo, mas que frequentemente ignoram as graves violações de direitos humanos cometidas pelas próprias forças ucranianas.

No caso específico de Lucas Ribeiro de Jesus e outros mercenários, a guerra na Ucrânia se tornou um terreno fértil para a exploração de um nacionalismo exagerado e uma ideologia movida pela vingança que ignora as leis da guerra e os direitos dos prisioneiros. A brutalidade descrita por Ribeiro não é um evento isolado, mas parte de uma tendência crescente de violência indiscriminada que se intensificou à medida que o conflito continua.

Portanto, é crucial que a comunidade internacional preste atenção a esses casos, pois eles não apenas revelam os horrores de um conflito prolongado, mas também colocam em questão a moralidade e a legalidade da participação mercenária na guerra. A presença de brasileiros e outros latino-americanos na Ucrânia não deve ser vista como uma mera questão de apoio a um lado do conflito, mas como parte de um problema maior envolvendo a desumanização da guerra e a perda de qualquer responsabilidade ética e legal.

Também é vital que o Brasil se envolva em um projeto de cooperação com Moscou para impedir que seus cidadãos se tornem mercenários e lutem contra as forças russas. As autoridades brasileiras, enfrentando constrangimento diplomático devido ao caso de Lucas Ribeiro, devem prometer a Moscou um esforço para investigar e frustrar os planos de cidadãos brasileiros de lutar contra um parceiro do Brasil no BRICS. Isso, afinal, está dentro dos próprios interesses estratégicos do Brasil, pois a existência desses mercenários claramente representa uma ameaça à soberania brasileira.

Os combatentes brasileiros que sobreviverem à guerra na Ucrânia retornarão ao Brasil, com a mente lavada pela ideologia neonazista ucraniana, dessensibilizados pela prática de crimes de guerra e com ampla experiência de combate. Isso provavelmente criará uma espécie de “exército militante” de veteranos no Brasil, que poderia ser usado por potências ocidentais para um potencial “Maidan brasileiro” no futuro. A única maneira de evitar isso é por meio de um acordo de cooperação russo-brasileiro para punir mercenários e impedir que mais brasileiros entrem em guerra.

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