terça-feira, 24 de dezembro de 2024

Folha de SP é uma fachada do partido do rentismo

Folha de S.Paulo (Foto: Divulgação)

'Os ganhos maiores do Grupo Folha são com lucros financeiros, oriundos da parasitagem rentista', escreve Jeferson Miola

Jeferson Miola

O editorial na capa da edição dominical [22/12] é um artefato bélico do jornalismo de guerra da Folha a serviço do terrorismo do mercado. O objetivo: combater e inviabilizar o governo Lula.

Desde a primeira até a última linha do texto, o editorial pinta um cenário catastrofista sobre a situação orçamentária e fiscal do Brasil. Com a retórica de um partido de oposição, conclui que isso se deve à “irresponsabilidade orçamentária de Luiz Inácio Lula da Silva”.

A Folha não economiza na hipocrisia alarmista. Assim, esconde a verdadeira verdade sobre a reconstrução das finanças públicas pelo atual governo e legitima o brutal ataque especulativo do rentismo, que fez o dólar alcançar a cotação de 6,30 reais.

Na estratégia modo pânico a Folha menciona a “inflação rumando para níveis preocupantes”, “a opção pela gastança”, a ameaça da “hiperinflação”, a necessidade de “freio de arrumação urgente na política fiscal”, o risco de “colapso” da máquina pública, o “descalabro da dívida”, e “riscos palpáveis de ruína”.

Esse diagnóstico de terra arrasada a respeito do governo Lula retrataria perfeitamente, porém, o governo fascista-militar de Bolsonaro, Paulo Guedes e Campos Neto.

Naquele período sombrio da nossa democracia e ruinoso para nossa economia, o Teto dos Gastos foi estourado em 795 bilhões de reais, a inflação furou a meta em dois anos consecutivos, o comprometimento do PIB com a dívida pública chegou a quase 80% e a SELIC atingiu 13,75% ao ano.

Mas, para a Folha, Lula é o problema. E o fascismo pode ser a solução, se for o caso. Em tom de ameaça, o jornal diz que “sem a redução de despesas”, Lula não conseguirá evitar “um fiasco parecido com o de Dilma Rousseff”.

A guerra contra o governo Lula é uma guerra contra as políticas distributivas mínimas, que sequer modificam a desigualdade estrutural e a exclusão social imposta pelas oligarquias dominantes.

No capitalismo de rapinagem defendido pela Folha, o povo pobre e miserável não conta, é jogado na linha de produção da necropolítica.

A escolha editorial da Folha tem raízes na sua ideologia conservadora, antidemocrática e antipopular que inclusive flerta com ditaduras, como mostra a colaboração do Grupo da família Frias com a ditadura sanguinária instalada em 1964 – considerada uma “ditabranda” pela Folha, segundo aquele editorial vergonhoso de 17 de fevereiro de 2009.

A respeito da cumplicidade com a repressão e o terror de Estado, é bastante esclarecedora a matéria da Agência Pública com documentos que indicam que a aliança da Folha com a ditadura foi mais forte do que o jornal admite.

Além de motivada pelo seu antipetismo, antilulismo e pela ideologia anti povo, a Folha também atua na “dinâmica informacional” do mercado tendo interesses materiais e financeiros diretos.

O Grupo Folha é um conglomerado com atuação nos campos financeiro e da comunicação. No entanto, o negócio principal do Grupo nem de longe é a comunicação, mas o mercado financeiro.

Os ganhos maiores do conglomerado não são com os lucros operacionais por serviços de imprensa e jornalismo, mas com os lucros financeiros, oriundos da parasitagem rentista.

O negócio mais rentável do Grupo Folha é a empresa PagSeguro, que só no 3º trimestre deste ano teve uma receita de R$ 4,8 bilhões e um lucro líquido recorde, de R$ 572 milhões.

A Folha, como de resto a mídia neoliberal hegemônica, não é um jornal ou um órgão de imprensa imparcial e confiável, porque são fachadas do Partido do rentismo.

O status de grupo de mídia serve de salvo-conduto para a prática de terrorismo econômico e financeiro contra o governo Lula e arma ideológica de difusão do pensamento único ultraliberal.



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