sábado, 21 de dezembro de 2024

Walter Benjamin e o marxismo, 100 anos depois

Imagem: WikiCommons.

Rafael Vieira

Em uma carta enviada 100 anos atrás, Walter Benjamin escrevia — para a perplexidade e estranhamento de seu principal amigo e confidente — sobre a “liberação vital e uma compreensão intensiva da atualidade de um comunismo radical”.1 O correspondente era Gershom Scholem, historiador da judaicidade.

Benjamin ocupa um lugar bastante singular dentro da tradição marxista, seja pela articulação de autores e temas bastante próprios, seja pelo esforço de expandir o marxismo para áreas até então pouco habituais. Retornar a alguns desses motivos pode ser um ponto de partida importante para apresentar algumas questões caras ao autor e que, em certo sentido, vêm sendo negligenciadas por parte de sua recepção contemporânea, para quem muitas vezes o marxismo torna-se uma espécie de excentricidade extemporânea. Entre parcela dos intérpretes (apesar das contratendências) predomina a imagem de Benjamin como um tipo de gênio melancólico incompreendido, dissociado de alguns problemas cruciais de seu tempo. Isso termina por apagar o senso de urgência que atravessa uma parte considerável de seus escritos. Voltar, portanto, a essas questões parece importante não somente para compreender alguns dos dilemas que levaram o filósofo ao marxismo, mas igualmente lidar com o tempo que os percebe — o nosso.

Como a vacina russa contra o câncer está sendo testada

@Christian Ohde/imago-images.de/Global Look Press

Olga Nikitina

O trabalho realizado na Rússia para desenvolver uma vacina contra o coronavírus produziu um efeito colateral inesperado: a perspectiva de uma vacina contra o câncer. Para testar a vacina Enteromix, estão sendo selecionados pacientes com câncer. A segurança do medicamento será testada e depois a sua eficácia, mas os resultados finais só serão conhecidos vários anos mais tarde, após testes em milhares de voluntários.

O desenvolvimento, criado em conjunto pelo Centro Nacional de Pesquisa Médica em Radiologia do Ministério da Saúde e pelo Instituto Engelhardt de Biomedicina da Academia Russa de Ciências, promete ser um avanço na luta contra o câncer. Vamos falar sobre como ocorre esse processo importante e promissor.

O esforço intelectual do Brasil contemporâneo

Imagem: Steve Johnson

Por OSWALD DE ANDRADE*

Artigo inédito recolhido no livro recém-lançado “1923: os modernistas brasileiros em Paris”.

A Península Ibérica, que criou Dom Quixote, criou também Os Lusíadas. Qual entre esses dois poemas é o maior do idealismo latino?

O Quixote teve de lutar contra a organização disciplinada dos vilarejos, a barreira das estradas, as reações dos pueblos. Ele embarcou nas caravelas de Vasco da Gama e foi junto com Cabral buscar Dulcinea del Toboso na América do Sul. Uma força latina de coesão, de construção e de cultura o acompanhava. Era o jesuíta.

2007-2009, uma crise de superprodução

Fontes: rolandoastarita.blog/


Em notas anteriores salientamos a importância da explicação de Marx e Engels sobre as crises cíclicas devido à tendência do capital para a superprodução. A ideia básica é que os capitalistas, pressionados pela concorrência, tendem a aumentar a produção acima da possibilidade de a procura absorver esse produto. Portanto, chega um ponto em que os mercados ficam lotados em algumas das indústrias que alimentaram o boom; os preços e os lucros caem; A acumulação desacelera, o produto cai e o desemprego aumenta. A depressão, por sua vez, gera as condições (através da desvalorização do capital e do aumento da exploração da classe trabalhadora) que levam à recuperação da rentabilidade e da acumulação, com a adição de que estes ciclos são exacerbados pelo crédito e pelo financiamento. sistema.

O assassinato do general Kirillov


LARRY C. JOHNSON*

Matar Kirillov não altera absolutamente nada na trajetória da guerra na Ucrânia – a derrota da Ucrânia é inevitável. Mas revela a intenção da Ucrânia de correr riscos desesperados

Akhmad Kurbanov é suspeito de assassinar o tenente-general Igor Kirillov, chefe das tropas de defesa radiológica, química e biológica das Forças Armadas russas. Ele foi localizado e detido pouco depois de colocar a bomba que matou Kirillov e seu ajudante. Na foto abaixo, supostamente retirada das redes sociais pelo FSB, Kurbanov está cantando: “Eu sou o número um”. (Ok, é uma piada).

A chantagem do andar de cima


LEDA PAULANI*

Campos Neto cumpriu com bravura covarde sua missão pusilânime de iniciar o movimento de reversão das expectativas positivas que se desenhavam para o cenário econômico sob o governo Lula

Há exatamente seis meses, em 22 de junho deste ano, publiquei, no site A Terra é Redonda “Labirinto econômico”,artigo em que me perguntava qual era a hecatombe que fizera as tão alvissareiras expectativas sobre nossa economia dos primeiros quatro meses do ano terem se transformado num cenário sombrio, carregado de funestos prognósticos.

O plano é tirar Haddad do jogo e apostar no governador de Macondonópolis


Ministro Fernando Haddad (Foto: Adriano Machado / Reuters)

“Chantagens, extorsões e sabotagens da direita têm a ajuda do esquerdismo tardio”, escreve o colunista Moisés Mendes


Moisés Mendes

Há mais do que contentamento, há uma frenética excitação entre os que comemoram a imposição do poder do Congresso nos esforços para sabotar o pacote de cortes do governo.

Economistas, jornalistas, empresários e agregados se juntam à direita e à extrema direita na Câmara e no Senado para soltar foguete. Eles acham que venceram.

Genocídio em câmera lenta e resistência no Haiti

Fontes: Vozes do Mundo

Seth Sandronsky
rebelion.org/

Há pouco mais de uma semana, nos dias 6 e 7 de dezembro, pelo menos 184 pessoas foram massacradas no Cais Jeremi, na área de Site Soley, uma das comunidades mais empobrecidas da América, localizada à beira-mar em Porto Príncipe. A maioria dos mortos, 127, eram idosos [1]. O massacre foi perpetrado por uma “gangue poderosa”, mais precisamente denominada unidade paramilitar, liderada por Jean Monel Felix, aliás Mikano. Pessoas desarmadas foram mortas com armas pesadas e facões; Os corpos foram queimados. Embora este massacre tenha sido caracterizado pela grande mídia americana como “assassinatos vodu”, supostamente motivados pelo desejo de Félix de se vingar pela morte de seu filho por doença, na verdade é apenas um dos muitos massacres deste tipo, a maioria dos quais nunca chegará às manchetes dos jornais americanos. Os paramilitares de Felix fazem parte da aliança de “gangues” Viv Ansanm, ou seja, esquadrões da morte paramilitares, liderados pelo ex-policial haitiano Jimmy Cherizier, conhecido como “Barbecue”. Félix é um colaborador próximo do Barbecue. Esquadrões da morte deste tipo são financiados por membros da classe alta do Haiti e fortemente armados com armas de alto calibre trazidas da Flórida para o Haiti. Identificá-los apenas como “gangues”, como os meios de comunicação dos EUA continuam a fazer, obscurece a sua relação com sectores do governo e da elite empresarial do Haiti.