Escrevo logo após retornar de palestra que proferi em um
seminário sobre comunicação digital. Após o evento, tive oportunidade de
conversar com um importante ativista digital cujo nome não vou declinar. Essa
pessoa me forneceu informações sobre um golpe político que, sendo passadas por
quem as passou, merecem muita, mas muita atenção.
Antes de prosseguir, porém, vale explicar que a expressão
“golpe político” é deste que escreve, não de quem passou as tais informações.
Até porque, apesar de ser pessoa séria está envolvida em um processo com o qual
tenho informações de que o PSDB e o PSB contam, pois tentarão usá-lo como arma
eleitoral contra a reeleição de Dilma Rousseff.
O processo em questão, como muitos já devem ter adivinhado,
é o de preparação de pretensos grandes protestos contra a Copa do Mundo durante
a campanha eleitoral do ano que vem.
A pessoa com quem conversei me informou de que a preparação
desses protestos vem sendo discutida com movimentos internacionais como o
espanhol 15M, o movimento dos “indignados” que, em 2011, ajudou o Partido
Popular (centro-direita), do atual premier da Espanha, Mariano Rajoy Brey, a
derrotar o então premier José Luis Rodríguez Zapatero, do Partido Socialista
Operário Espanhol (centro-esquerda).
Há, pois, um movimento internacional de origens, propósitos
e tendências duvidosas e obscuras se imiscuindo na política brasileira ao
insuflar grupos de esquerda mais radicais a desencadearem protestos “contra a
Fifa” e “contra a Copa” em plenas eleições, no ano que vem.
Não é pouco. Pode-se dizer que há interesses transnacionais
querendo influir no processo eleitoral brasileiro.
Mais espantoso ainda é que há grupos envolvidos na
preparação desses protestos que têm em seu seio simpatizantes e até militantes
do PT. Pessoas que concordam com a premissa de que a volta do PSDB ao poder ou
a chegada do PSB, através de Eduardo Campos ou de Marina Silva, seria uma
tragédia para o país, mas que estão dispostas a arriscar a reeleição de Dilma
por um movimento que nem sabe direito o que pretende.
Perguntei ao meu interlocutor qual é o objetivo desse
movimento “contra a Fifa” ou “Contra a Copa”, já que a realização do torneio em
solo pátrio, em tese, é inevitável. Ouvi que o objetivo é “denunciar”.
“Denunciar o que?”, perguntei. “Denunciar a Fifa”, repetiu.
Mas a Fifa só estará no Brasil porque Lula e Dilma trouxeram
a Copa para cá, de modo que será um movimento contra a reeleição dela, já que
ocorrerá em plena campanha eleitoral. E se ocorrerá em plena campanha eleitoral
de forma planejada, é óbvio que pretende influir nela. E se Dilma é que está
trazendo a Fifa para cá, então a campanha é contra sua reeleição…
Certo?
Não para meu interlocutor, que diz preferir o PT no poder ao
PSDB ou ao PSB. Contudo, afirma que será possível fazer essas manifestações se
voltarem contra o PSDB – não falou em PSB – apesar de a Copa que quer combater
ter sido trazida para o Brasil pelo PT (?!).
Perguntei à pessoa em questão se essa coisa de “denunciar” a
Copa e a Fifa durante o processo eleitoral não será um mero ataque político, já
que, com os estádios prontos, com as obras de infraestrutura todas concluídas,
com as equipes estrangeiras de futebol e com turistas em solo pátrio, não será
possível cancelar o evento. Não obtive uma resposta clara.
Não haverá outro objetivo dessas manifestações, portanto,
que não seja o de provocar um efeito político que, pelo que foi explicado
acima, volta-se, imediatamente, contra quem trouxe a Copa do Mundo para o
Brasil. Ponto.
Essas manifestações, portanto, serão um golpe político que
irá furtar do brasileiro o direito a escolher seus representantes de forma
consciente e serena, sem pressões sobre seu cotidiano que o forcem a tomar uma
decisão eleitoral com base na conjuntura imediata e não em uma reflexão
profunda.
O fato é que não há mais que discutir se essas manifestações
ocorrerão. Só o que se pode discutir é se ganharão força ou se a sociedade –
após a aprovação aos protestos de junho ter caído vertiginosamente – irá
desprezá-las ao lhes enxergar o evidente caráter politiqueiro e, em certa
medida, golpista, pois tudo que impede eleições tranquilas tem tal caráter.
Nos Estados, diz aquela pessoa, os protestos serão contra os
governos locais. Aqui em São Paulo, pretendem fustigar Alckmin para impedir-lhe
a reeleição. Todavia, em nível federal acabarão produzindo não o mesmo efeito,
mas um efeito mais potente porque, repito, o governo federal é o responsável
por a Copa estar sendo realizada no Brasil.
Resta saber se o governo Dilma e os setores racionais do PT
já têm um plano para lidar com essas manifestações. O mote da Copa do Mundo não
será o único, haverá também protestos do Movimento Passe Livre por “mobilidade
urbana” que virão, em pleno processo eleitoral, exigir de novo transporte
gratuito para todo mundo no país todo.
Detalhe: daí até algum candidato espertalhão prometer tal
quimera, será um pulo.
O movimento contra a Copa – e outros com ou sem causa que
irão às ruas durante as eleições de 2014 – são inevitáveis, mas atingirem o
objetivo que perseguirão – muitas vezes sem saber – de derrubar todos os
governos estabelecidos não é inevitável. Só que Dilma e o PT precisam chegar a
meados do ano que vem com uma estratégia. Ou serão derrotados.
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