Em 2010 Gilmar Mendes, Ministro do STF (Supremo Tribunal
Federal), desentendeu-se com Inocêncio Mártires, seu sócio no IDP (Instituto
Brasiliense de Direito Público), instituição de ensino.
Um dos motivos foram os constantes saques feitos por Gilmar
nas contas do IDP, que teriam depauperado as finanças do instituto. A alegação
de Gilmar é que, com seu prestígio, ele ajudava a captar clientes para os
cursos, e precisaria ser reembolsado pelas despesas.
Seguiu-se uma briga societária pesada que terminou em 2012
com Gilmar adquirindo a parte do sócio por R$ 8 milhões. Não se soube onde
Gilmar teria conseguido o capital.
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Naquele ano, o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) mirou sua
lupa no Tribunal de Justiça da Bahia.
Em 21 de abril de 2012, por ato do seu presidente
desembargador Mário Alberto Simões Hirs,
o TJ-BA contratou os serviços do IDP por R$ 10.520.754,54 Em outubro, um aditivo elevou o valor total
para R$ 12.996.811,00. O objeto do contrato eram cursos de capacitação para
juízes e funcionários, para se adaptarem às resoluções do CNJ.
No dia 29 de junho foi a solenidade de celebração do
contrato. O evento contou com a presença de Gilmar e mereceu uma aula magna do
Ministro Ayres Britto, na época presidente do STF e do CNJ.
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Em 9 julho de 2012, a Corregedora Nacional de Justiça do
CNJ, Ministra Eliana Calmon, publicou relatório de inspeção. O relatório
anuncia a instauração de uma sindicância, “visando apurar a responsabilidade
dos gestores” na compra de um imóvel sem licitação.
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No início de novembro de 2013, o presidente do TJ, Mário
Hirs, e a ex-presidente Telma Brito foram afastados pelo CNJ, por suspeita de
liberação de pagamento superfaturado de precatórios.
Seguiu-se nova inspeção do CNJ, agora sob o comando do novo
Corregedor Francisco Falcão.
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Na segunda-feira, dia 3, o Ministro Falcão concedeu
entrevista dizendo que tudo seria apurado com todo rigor, “doa a quem doer”.
Além do levantamento dos precatórios, segundo Falcão, o CNJ
irá apurar “a promoção de diversos serviços sem licitação”, que, segundo ele,
“parece corriqueiro”. Anunciou para hoje a conclusão do inquérito.
Em alguns dos relatórios do CNJ servidores criticam os
cursos, por terem pouca aderência com as necessidades reais dos tribunais.
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No dia seguinte, dia 4, Gilmar “causou”, com suas
declarações sobre suspeita de lavagem de dinheiro na “vaquinha” dos militantes
do PT para pagamento das multas dos “mensaleiros”.
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Alguns anos atrás, quando se viu sob fogo cruzado da
Operação Satiagraha, Gilmar protagonizou o conhecido episódio do “grampo sem
áudio” – um suposto grampo com conversa sua com o ex-senador Demóstenes Torres.
Depois, o gabinete de Gilmar denunciou grampo no Supremo,
gerando uma CPI. A informação era falsa Na época, um dos assessores de Gilmar
era o araponga Jairo Martins que, assim como Demóstenes, trabalhava para o
bicheiro Carlinhos Cachoeira.
Esses factoides livraram-no de dar as explicações
necessárias sobre seus atos.
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Nos próximos dias se verá qual o grau de autonomia do CNJ.
Se abrirá inquérito ou, ao menos, cobrará explicações de Gilmar. Ou se as
“denúncias” sobre lavagem de dinheiro de terceiros foi suficiente para blindar
novamente Gilmar.
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