(JB) - A ANATEL acaba de colocar
no ar um “portal” especialmente voltado para os consumidores. Na verdade, uma
página com alguns links e uma pesquisa.
Como o consumidor terá, ao que
parece, acesso à legislação, quem sabe ele venha a perceber que sem uma mudança
na Lei Geral de Telecomunicações, promulgada quando da privatização do setor,
nos anos 1990, não haverá melhora nem nos serviços que recebe, nem nos preços
que está pagando por eles.
A Fundação Procon, de São Paulo,
divulgou ontem, que o setor de telecomunicações ultrapassou o sistema
financeiro no ranking de reclamações, no ano passado, com mais de 75.000
demandas, apenas na maior cidade do país.
A campeã geral de insatisfação
dos consumidores foi a Telefônica/Vivo, espanhola, para quem o governo
emprestou bilhões de reais, via BNDES, nos últimos anos, para “expansão de
infraestrutura”.
E, mais grave - na última semana,
a empresa norte-americana de telecomunicações Akamai, informou, também, que o
Brasil caiu pela terceira vez consecutiva no ranking mundial de velocidade
média de conexões de internet.
Ficamos com o posto 84 entre 140
países, apesar de, segundo a União Geral de Telecomunicações, estarmos pagando
das tarifas mais altas do mundo.
Com uma velocidade de 2,7
megabits por segundo, estamos atrás de nações como a Turquia, o Cazaquistão, o
Iraque, e, na América do Sul, Argentina, Chile, Colômbia e Equador.
Nos expressamos em megabits e não
megabytes, porque as operadoras falam em dez megas em sua propaganda, mas não
dizem que se trata de megabits, e não megabytes, o que confunde o consumidor.
Um bit é a menor medida de
informação, zero ou um. Um byte equivale a oito bits, logo, seria muito
mais.
A título de curiosidade, os
mercados mais rápidos do mundo em velocidade de conexão de internet são Coréia
do Sul, Japão, Hong Kong e Holanda.
Não deve ser por acaso que na
Coréia do Sul as maiores empresas de telefonia celular e internet, South Korea,
Korea Telecom e LG (que aqui conhecemos pela marca de eletrônicos), são todas
coreanas.
O mesmo acontece no Japão, com a
NHK, originada de companhias telegráficas
fundadas pelo governo japonês ainda no seculo XIX, e em Hong Kong, com a
PCCW.
Nenhuma surpresa.
Os países mais avançados do mundo
sabem que as telecomunicações – como ficou provado com a espionagem dos EUA e
do Canadá contra o Brasil – são um fator estratégico para a segurança e o
desenvolvimento nacional. E que seu controle não pode ser entregue
exclusivamente à iniciativa privada, e, em hipótese alguma, ao capital estrangeiro.
Por aqui, fez-se exatamente o
contrário.
Nos anos 90, entregou-se o filé
das telecomunicações – telefonia celular e banda larga - a empresas
estrangeiras de nações especializadas – do ponto de vista de telecomunicações -
em tacos, spaghetti, e azeitonas, e essas empresas enviam, hoje, bilhões de
dólares, todos os anos, em remessa de lucro, para fora do país.
Falar em Telebrás virou palavrão
e pensar em usar uma estatal de telecomunicações para concorrer com empresas
estrangeiras para melhorar a vida do consumidor é tabu.
A Angola Telecom queria fazer uma
parceria com a Telebras para instalar e operar um cabo submarino entre a Àfrica
e a América do Sul e teve que procurar outro parceiro.
O eufemismo usado para
inviabilizar o acordo foram “entraves burocráticos”, um eufemismo para a
permanente sabotagem sofrida por aquela que foi, durante anos, a maior empresa
de telecomunicações do Brasil.
Enquanto isso, nossa internet
continua rápida como uma tartaruga, e o dinheiro do cidadão brasileiro voa, para
o exterior, na velocidade da luz.
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