Estudo do Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda
(Sinprofaz) divulgado na semana passada revelou que a sonegação de impostos em
2013 atingiu a soma de R$ 415 bilhões.
Ainda segundo a pesquisa, todos os tributos não pagos,
inscritos na Dívida Ativa da União, ultrapassaram R$ 1 trilhão e 300 milhões.
Com esta grana, o Brasil teria condições de enfrentar os
graves problemas nas áreas da saúde, educação e mobilidade urbana, entre
outros.
Mas os empresários e os ricaços, os principais sonegadores,
preferem criticar o “impostômetro” – até como forma de ocultar o criminoso
“sonegômetro”. Eles sabem que nunca irão para o presídio da Papuda nem serão
alvos da escandalização da mídia – até porque a Rede Globo ainda não mostrou o
Darf do pagamento do seu calote.
A sonegação de R$ 415 bilhões somente no ano passado
corresponde aproximadamente a 10% do Produto Interno Bruto (PIB), a soma de
todas as riquezas produzidas pelo país. O valor supera, com folga, os
orçamentos federais de 2014 para as pastas da educação, saúde e desenvolvimento
social – somados. Para uma simples comparação, o programa Bolsa Família investe
R$ 24 bilhões ao ano para atender 14 milhões de famílias.
O que foi sonegado somente em 2013 pelos ricaços equivale,
portanto, a 17 anos deste programa do governo federal. Segundo Heráclio Mendes
de Camargo Neto, presidente do Sinprofaz, os altos valores “são sonegados pelos
muitos ricos e por pessoas jurídicas (empresas), com mecanismos sofisticados de
lavagem de dinheiro e caixa dois”.
O estudo do sindicato poderia servir como base para enviar à
cadeia centenas de sonegadores bilionários – alguns deles, provavelmente
presentes no último ranking dos ricaços da Forbes. Ele também serve para
alimentar o debate sobre a urgência da reforma tributária no Brasil. Como
aponta o Sinprofaz, quem paga impostos no país é o trabalhador.
Os ricaços sonegam e ainda são beneficiados por um sistema
injusto, baseado em impostos regressivos e indiretos. Quem ganha mais, paga
menos; e vice-versa. “Mesmo que você seja isento do Imposto de Renda, vai
gastar cerca de 49% do salário em tributos, mas quase tudo no supermercado ou
na farmácia”, explica Camargo Neto à reportagem da Rede Brasil Atual.
Além disso, quanto mais o contribuinte tem a declarar,
maiores são as chances de abater os valores. “Os mais ricos podem abater certos
gastos no Imposto de Renda. Em saúde, por exemplo, se você tem um plano privado
um pouco melhor, você pode declará-lo e vai ter abatimento no cálculo final do
imposto. Esta é uma característica injusta do nosso sistema.
Os mais pobres não conseguem ter esse favor”, completa o
sindicalista. Já o trabalhador não tem como escapar da fúria do Leão. Quem tem
salário a partir de R$ 2.400 é tributado automaticamente pelo Imposto de Renda
Retido na Fonte. Apesar destas distorções, os empresários ainda tentam se
apresentar como vítimas de uma carga tributária injusta. Sonegam e/ou pagam
pouco e ainda se travestem de vítimas!
Em 2005, o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário e
a Associação Comercial de São Paulo criaram o “impostômetro” e instalaram um
painel eletrônico no Pátio do Colégio, no centro da capital paulista.
Segundo a Rede Brasil Atual, na semana passada o placar
registrava R$ 313 bilhões em impostos pagos. “Se nós conseguirmos cobrar essas
grandes empresas e pessoas físicas muito ricas, o governo poderia desonerar a
classe média e os mais pobres. Seria o mais justo. Se todos pagassem o que
devem, nós poderíamos corrigir a tabela do Imposto de Renda e reduzir alíquotas
sobre alimentos e produtos de primeira necessidade, que todo mundo usa”,
conclui Camargo Neto, desmascarando os ricaços sonegadores – verdadeiros
impostores!
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