Movimento
político não partidário, a Frente se propõe a reunir aqueles que lutam pela
segurança institucional e aprofundamento da democracia.
A
defesa das conquistas dos trabalhadores alcançadas nos últimos 12 anos, o
respaldo ao governo Dilma Rousseff, não obstante abordagens críticas aos planos
de ajuste econômico; e um objetivo claro de unir forças democráticas de forma a
evitar que o país ceda a forças conservadoras e retroceda em avanços e
conquistas históricas da jovem democracia brasileira. Esses foram os pontos
comuns das falas que se sucederam durante o ato “Pró Frente Nacional Popular e
Democrática” que lotou o auditório do 20º andar do Clube de Engenharia, no Rio
de Janeiro, na noite do dia 29 de junho.
Movimento
político não partidário, a Frente se propõe a reunir aqueles que lutam pela
segurança institucional e aprofundamento da democracia, pela governança, pela
recuperação da economia brasileira, pela defesa de nossa soberania e das
riquezas nacionais, pela defesa dos interesses dos trabalhadores e assalariados
em geral, e pelo desenvolvimento econômico com emprego e distribuição de renda.
Organizado
pelos Clube de Engenharia do Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de
Estudos Políticos (IBEP), pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino-americanos
(CEBELA) e pelo Movimento de Defesa da Economia Nacional (MODECON), o evento
foi aberto pelo presidente do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos-IBEP,
professor Roberto Amaral, compondo uma mesa com o ex-governador do R.G. do Sul,
Tarso Genro, com os presidentes do Clube de Engenharia, engenheiro Francis
Boghossian, do CEBELA, professor Pedricto Rocha, e do MODECOM, professor Lincoln
Penna; e com embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, o jurista Marcelo Lavenére,
os deputados federais Glauber Braga (PSB/RJ) e Jandira Feghalli (PCdoB), o
deputado estadual Wanderson (PSB), o vereador Leonel Brizola Neto, ao lado de
lideranças sindicais e sociais, como representantes do MST e da “Consulta
Popular”. Na abertura, Roberto Amaral, destacando a importância daquele
encontro, dado o quadro que vive o país, saudou os presentes que ali estavam,
registrando que os deputados Alexandre Molon e Wadih Damous ( PT/RJ ) e o
senador Lindbergh Farias ( PT/RJ ) enviavam mensagens de apoio ao ato, ausentes
uma vez que estariam em reunião em Brasília, na mesma hora. Também encaminhou
mensagem de apoio e solidariedade o ex-senador Eduardo Suplicy, de São Paulo o ex-governador
Claudio Lembo e os ex-ministros Luiz Carlos Bresser-Pereira e Celso Amorim.
Tarso
Genro destacou que o país vive um desmonte da esfera política, da legitimidade
dos partidos e um forte desgaste e dissolução do projeto democrático conquistado
na Constituição de 1988. “Isso está claro na parcialidade da mídia e no cada
vez mais evidente fascismo incrustado na cabeça de setores que têm patrocinado
cenas de violência contra minorias e políticos. Tais cenas não são acidentes,
mas compõem o caldo de uma cultura política de uma direita fascista que ascende
no país”. O ex-governador apontou a necessidade de se costurar um programa
democrático, progressista e transformador, inspirado nos ideais de justiça,
igualdade e liberdade. Segundo ele, “esses valores estão sendo sucateados em
todo mundo. O capital financeiro capturou os Estados e baixou a receita para
destruir a esfera da política”.
A
união de forças e a proposta de uma agenda objetiva também foram destacas pela
deputada Jandira Feghalli. “Não se faz política sozinho e a criação de Frentes
faz parte da nossa construção política. Uma frente pela defesa da economia
nacional e da Petrobras é fundamental agora. Não podemos permitir a destruição
da imagem da empresa e do seu papel no desenvolvimento nacional. É preciso
enfrentar os pilares macroeconômicos, reduzir juros, taxar grandes fortunas e
lutar por reformas estruturais, como o fim do financiamento de campanha por
empresas e a regulação da comunicação”, declarou. Jandira também apontou a
necessidade da luta contra o conservadorismo que tomou conta do Legislativo.
O
deputado Glauber Rocha destacou que ainda há resistência na Câmara Federal, que
os representantes progressistas no Congresso Nacional têm enfrentado grandes
dificuldades, evidenciando a necessidade de uma frente popular. “Eu poderia
citar a reversão que está sendo colocada para votação do Estatuto do
Desarmamento ou a agenda já pronta para votação da modificação da demarcação
das terras indígenas. Poderia falar que há poucas semanas não votamos a
flexibilização da tortura por agentes de Estado porque, por poucos votos,
conseguimos impedir aquela votação. Semanalmente temos enfrentado uma agenda
que é preocupante para todo o Brasil, e precisamos reagir”, finalizou.
Dando
prosseguimento ao ato, o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães ressalta a
importância da formação da Frente, sobretudo porque “o governo federal
encontra-se na defensiva, sendo levado à adoção de políticas que se rendem aos
setores adversários; logo, podendo representar um retrocesso em relação aos
avanços obtidos nos últimos governos”. Chama particular atenção para que
“devamos evitar que se cometa erros na condução da economia nacional e no papel
do Brasil na esfera regional e internacional”.
Com
ênfase nas lutas recentes do povo brasileiro pela Democracia e na ‘Carta
Constituinte de 1988’, Marcelo Lavenére dirige-se aos presentes. Afirma que a
“democracia está em risco no Brasil”; que os meios de comunicação se encontram
em poucas mãos, expressando os interesses de grupos poderosos que querem um
retrocesso; que as conquistas materiais dos amplos segmentos da sociedade estão
sob ameaça, e que só poderá existir garantias reais para a população nas
condições de “aprofundamento de uma verdadeira democracia popular”.
Por
fim, Roberto Amaral ao encerrar o Ato, e consolidando o caráter do evento – ao
registrar que tal processo está ocorrendo em distintos estados brasileiros –,
evoca o porquê de uma Frente Nacional Popular e Democrática; as circunstâncias
históricas que, a exemplo do passado no Brasil, tornam necessárias uma
organização como esta, hoje. Pois, como ontem, no presente, se coloca, mais uma
vez, o necessário processo de formação da Frente popular como aquele
instrumento que exigiu o fim do “Estado Novo”, que esteve à frente da campanha
do “O petróleo é nosso”, na luta contra a ditadura militar, pela anistia e
pelas “Diretas-já”. De uma Frente que seja a expressão do movimento social, dos
sindicatos, que acolha os partidos políticos, e os setores liberais que acreditam
no caminho da democracia. Diz que “este é o desafio frente ao povo brasileiro e
que todos, num sentido de unidade, e acima de partidos políticos, temos de
construir com a sociedade um projeto de país para avançar e lutar contra os
retrocessos”. Diz Amaral que, “não obstante as críticas ao chamado ‘ajuste
econômico’, há que apoiar o governo Dilma Rousseff”. Prossegue: “ e, por essa
razão, é fundamental que a Frente formule suas críticas apontando qual seria o
caminho a seguir, quais seriam suas proposições no campo político-econômico,”
afirmando a necessidade de o movimento social formular sua alternativa ao
‘ajuste’. Lembra que cabe identificar o espírito da Frente como o que surgiu,
de forma instintiva, espontânea e necessária naqueles poucos dias que antecederam
ao segundo turno das eleições presidenciais; que sim formaram uma unidade
popular silenciosa, e entre toda a esquerda e mesmo setores liberais; entre os
que quiseram (e conseguiram ) evitar uma derrota para a reação, o
conservadorismo e a direita, enfim.
Naquele
auditório do Clube de Engenharia, entre parlamentares, entidades sindicais e
associações de classe, intelectuais e acadêmicos, empresários, cientistas,
juristas, jornalistas, advogados, estudantes e representantes da sociedade
civil organizada foi então, no Rio de Janeiro, lançado o movimento pró Frente
Nacional Popular e Democrática.
Créditos
da foto: reprodução
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