FHC não tem grandeza nem moral
para se colocar como arauto da ética e mensageiro do impeachment. Sua ficha
corrida, ocultada pela mídia, fala por si só.
Altamiro Borges, em seu blog. / www.cartamaior.com.br
- Folha: Renúncia de Dilma seria um
‘gesto de grandeza’, diz FHC
- O Globo: FH surpreende, sugere renúncia e
revolta o PT
- Estadão: FHC diz que renúncia
seria um ‘gesto de grandeza’ de Dilma
FHC foi novamente manchete nos
jornalões desta quarta-feira (18). Apesar de ser o presidente mais rejeitado da
história recente do país e da sua total incoerência e oportunismo - cada dia
fala uma coisa -, o grão-tucano segue com forte prestígio entre os barões da
mídia. Desta vez, FHC bravateou que "a renúncia de Dilma seria um gesto de
grandeza" e que seu governo é "ilegítimo". De conciliador, que
elogiou a presidenta em recente entrevista para um jornal alemão - bem longe do
Brasil -, ele voltou a vestir o figurino de político hidrófobo e golpista.
Talvez tenha ficado com medo dos fascistas mirins, que ultimamente o batizaram
de vários adjetivos: "traidor", "gagá", "senil" e
outros impublicáveis.
A nova bravata do rancoroso FHC
foi postada na sua página no Facebook e ganhou os holofotes da mídia. "Se
a própria presidente não for capaz do gesto de grandeza (renúncia ou a voz
franca de que errou e sabe apontar os caminhos da recuperação nacional),
assistiremos à desarticulação crescente do governo e do Congresso, a golpes de
Lava Jato", afirmou. Segundo relato da Folha tucana, "pouco depois de
divulgar sua mensagem nas redes sociais, FHC reuniu em seu apartamento, em São
Paulo, os dois líderes que despontam como opções do PSDB para a próxima eleição
presidencial: o senador mineiro Aécio Neves e o governador paulista, Geraldo
Alckmin".
O objetivo da conversa seria o de
unificar o discurso dos tucanos. "De acordo com os relatos feitos à Folha,
Fernando Henrique fez uma análise do cenário político e disse que o partido
deveria falar a mesma língua ao discutir as alternativas para o país sair da
crise... Há duas semanas, aliados de Aécio defenderam a renúncia de Dilma e do
vice Michel Temer e a realização de nova eleição. Alckmin tem sido cauteloso
sobre a possibilidade de impeachment agora, quando ele não teria condições de
deixar o governo para disputar com Aécio a indicação do PSDB e se candidatar à
Presidência".
Ainda segundo o jornalão,
"logo após o encontro de FHC com Aécio e Alckmin, o senador Aloysio Nunes
(SP), que foi vice na chapa do PSDB na eleição de 2014, subiu à tribuna do
Senado e disse que, se um pedido de impeachment fosse submetido hoje ao
plenário da Câmara, os tucanos votariam pelo afastamento de Dilma". Ou
seja, aparentemente os tucanos - embalados pelas marchas fascistas do domingo
(16) - voltam a pisar no acelerador do golpe sob o comando do velhaco FHC. O
mote é a denúncia da corrupção. Tanto que o ex-presidente, um santo, postou no
seu Facebook que o governo Dilma é "ilegítimo" e perdeu a "base
moral", que foi "corroída pelas falcatruas do lulopetismo".
Haja cinismo e oportunismo. Para
quem saiu quase escorraçado do Palácio de Planalto, odiado pelo povo, e
colecionou várias denúncias de "falcatruas" - sempre engavetadas
pelos poderes públicos e blindadas pela mídia chapa-branca -, FHC confirma que
não tem qualquer grandeza, caráter e moral. Neste aspecto, os fascistas mirins
que o rotularam de "senil", "gagá" e "traidor"
estão certos. Para os que ainda acreditam nas bravatas de FHC, reproduzo abaixo
uma pequena lista dos seus crimes:
*****
A lista dos crimes tucanos
1) Denúncias abafadas: Já no
início do seu primeiro mandato, em 19 de janeiro de 1995, FHC fincou o marco
que mostraria a sua conivência com a corrupção. Ele extinguiu, por decreto, a
Comissão Especial de Investigação, criada por Itamar Franco e formada por
representantes da sociedade civil, que visava combater o desvio de recursos
públicos. Em 2001, fustigado pela ameaça de uma CPI da Corrupção, ele criou a
Controladoria-Geral da União, mas este órgão se notabilizou exatamente por
abafar denúncias.
2) Caso Sivam: Também no início
do seu primeiro mandato, surgiram denúncias de tráfico de influência e
corrupção no contrato de execução do Sistema de Vigilância e Proteção da Amazônia
(Sivam/Sipam). O escândalo derrubou o brigadeiro Mauro Gandra e serviu para FHC
“punir” o embaixador Júlio César dos Santos com uma promoção. Ele foi nomeado
embaixador junto à FAO, em Roma, “um exílio dourado”. A empresa ESCA,
encarregada de incorporar a tecnologia da estadunidense Raytheon, foi extinta
por fraude comprovada contra a Previdência. Não houve CPI sobre o assunto. FHC
bloqueou.
3) Pasta Rosa: Em fevereiro de
1996, a Procuradoria-Geral da República resolveu arquivar definitivamente os
processos da pasta rosa. Era uma alusão à pasta com documentos citando doações
ilegais de banqueiros para campanhas eleitorais de políticos da base de
sustentação do governo. Naquele tempo, o procurador-geral, Geraldo Brindeiro,
ficou conhecido pela alcunha de “engavetador-geral da República”.
4) Compra de votos: A reeleição
de FHC custou caro ao país. Para mudar a Constituição, houve um pesado esquema
para a compra de voto, conforme inúmeras denúncias feitas à época. Gravações
revelaram que os deputados Ronivon Santiago e João Maia, do PFL do Acre,
ganharam R$ 200 mil para votar a favor do projeto. Eles foram expulsos do
partido e renunciaram aos mandatos. Outros três deputados acusados de vender o
voto, Chicão Brígido, Osmir Lima e Zila Bezerra, foram absolvidos pelo plenário
da Câmara. Como sempre, FHC resolveu o problema abafando-o e impedido a
constituição de uma CPI.
5) Vale do Rio Doce: Apesar da
mobilização da sociedade em defesa da CVRD, a empresa foi vendida num leilão
por apenas R$ 3,3 bilhões, enquanto especialistas estimavam seu preço em ao
menos R$ 30 bilhões. Foi um crime de lesa-pátria, pois a empresa era lucrativa
e estratégica para os interesses nacionais. Ela detinha, além de enormes
jazidas, uma gigantesca infra-estrutura acumulada ao longo de mais de 50 anos,
com navios, portos e ferrovias. Um ano depois da privatização, seus novos donos
anunciaram um lucro de R$ 1 bilhão. O preço pago pela empresa equivale hoje ao
lucro trimestral da CVRD.
6) Privatização da Telebrás: O
jogo de cartas marcadas da privatização do sistema de telecomunicações envolveu
diretamente o nome de FHC, citado em inúmeras gravações divulgadas pela
imprensa. Vários “grampos” comprovaram o envolvimento de lobistas com
autoridades tucanas. As fitas mostraram que informações privilegiadas foram
repassadas aos “queridinhos” de FHC. O mais grave foi o preço que as empresas
privadas pagaram pelo sistema Telebrás, cerca de R$ 22 bilhões. O detalhe é que
nos dois anos e meio anteriores à “venda”, o governo investiu na infra-estrutura
do setor mais de R$ 21 bilhões. Pior ainda, o BNDES ainda financiou metade dos
R$ 8 bilhões dados como entrada neste meganegócio. Uma verdadeira rapinagem
contra o Brasil e que o governo FHC impediu que fosse investigada.
7) Ex-caixa de FHC: A
privatização do sistema Telebrás foi marcada pela suspeição. Ricardo Sérgio de
Oliveira, ex-caixa das campanhas de FHC e do senador José Serra e ex-diretor do
Banco do Brasil, foi acusado de cobrar R$ 90 milhões para ajudar na montagem do
consórcio Telemar. Grampos do BNDES também flagraram conversas de Luiz Carlos
Mendonça de Barros, então ministro das Comunicações, e André Lara Resende,
então presidente do banco, articulando o apoio da Previ para beneficiar o
consórcio do Opportunity, que tinha como um dos donos o economista Pérsio
Arida, amigo de Mendonça de Barros e de Lara Resende. Até FHC entrou na
história, autorizando o uso de seu nome para pressionar o fundo de pensão. Além
de “vender” o patrimônio público, o BNDES destinou cerca de 10 bilhões de reais
para socorrer empresas que assumiram o controle das estatais privatizadas. Em
uma das diversas operações, ele injetou 686,8 milhões de reais na Telemar,
assumindo 25% do controle acionário da empresa.
8) Juiz Lalau: A escandalosa
construção do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo levou para o ralo R$
169 milhões. O caso surgiu em 1998, mas os nomes dos envolvidos só apareceram
em 2000. A CPI do Judiciário contribuiu para levar à cadeia o juiz Nicolau dos
Santos Neto, ex-presidente do TRT, e para cassar o mandato do senador Luiz
Estevão, dois dos principais envolvidos no caso. Num dos maiores escândalos da
era FHC, vários nomes ligados ao governo surgiram no emaranhado das denúncias.
O pior é que FHC, ao ser questionado por que liberara as verbas para uma obra
que o Tribunal de Contas já alertara que tinha irregularidades, respondeu de
forma irresponsável: “assinei sem ver”.
9) Farra do Proer: O Programa de
Estímulo à Reestruturação e ao Sistema Financeiro Nacional (Proer) demonstrou,
já em sua gênese, no final de 1995, como seriam as relações do governo FHC com
o sistema financeiro. Para ele, o custo do programa ao Tesouro Nacional foi de
1% do PIB. Para os ex-presidentes do BC, Gustavo Loyola e Gustavo Franco,
atingiu 3% do PIB. Mas para economistas da Cepal, os gastos chegaram a 12,3% do
PIB, ou R$ 111,3 bilhões, incluindo a recapitalização do Banco do Brasil, da
CEF e o socorro aos bancos estaduais. Vale lembrar que um dos socorridos foi o
Banco Nacional, da família Magalhães Pinto, a qual tinha como agregado um dos
filhos de FHC.
10) Desvalorização do real: De
forma eleitoreira, FHC segurou a paridade entre o real e o dólar apenas para
assegurar a sua reeleição em 1998, mesmo às custas da queima de bilhões de
dólares das reservas do país. Comprovou-se o vazamento de informações do Banco
Central. O PT divulgou uma lista com o nome de 24 bancos que lucraram com a
mudança e de outros quatro que registraram movimentação especulativa suspeita
às vésperas do anúncio das medidas. Há indícios da existência de um esquema
dentro do BC para a venda de informações privilegiadas sobre câmbio e juros a
determinados bancos ligados à turma de FHC. No bojo da desvalorização cambial,
surgiu o escandaloso caso dos bancos Marka e FonteCindam, “graciosamente”
socorridos pelo Banco Central com 1,6 bilhão de reais. Houve favorecimento
descarado, com empréstimos em dólar a preços mais baixos do que os praticados
pelo mercado.
11) Sudam e Sudene: De 1994 a
1999, houve uma orgia de fraudes na Superintendência de Desenvolvimento da
Amazônia (Sudam), ultrapassando R$ 2 bilhões. Ao invés de desbaratar a
corrupção e pôr os culpados na cadeia, FHC extinguiu o órgão. Já na
Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), a farra também foi
grande, com a apuração de desvios de R$ 1,4 bilhão. A prática consistia na
emissão de notas fiscais frias para a comprovação de que os recursos do Fundo
de Investimentos do Nordeste foram aplicados. Como fez com a Sudam, FHC
extinguiu a Sudene, em vez de colocar os culpados na cadeia.
Créditos da foto: Tânia Rêgo/
Agência Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário
12