Ex-presidente da OAB afirmou que
a cobertura da grande imprensa sobre os casos de corrupção é seletiva e
contribui para incitar a intolerância.
Vermelho.org e Rede Brasil Atual
/ www.cartamaior.com.br
O deputado federal Wadih Damous
(PT-RJ), ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ), é crítico em
relação a maneira como o juiz Sérgio Moro conduz as investigações da Operação
Lava Jato. Em entrevista à Rádio Brasil Atual, o advogado afirmou que a prisão
do ex-ministro José Dirceu "é uma arbitrariedade, das muitas que essa
chamada Operação Lava Jato vem cometendo", e acrescenta que é inadmissível
que, em nome do combate ao crime e à corrupção, se pratique outra ilegalidade.
"Nesse momento, não está se
falando de culpa ou inocência. A culpa, ou inocência, é apurada com a
tramitação regular do processo, quando assegurado o devido processo legal. É
exatamente o que não se está assegurando a diversas dessas pessoas, que estão
presas antes de serem punidas. Esse juiz está usando e abusando das prisões
preventivas sem qualquer justificativa para isso", analisou Wadih Damous.
O deputado afirma que José Dirceu
não oferecia qualquer risco à ordem pública ou à efetividade do processo.
"Não tinha a menor justificativa, ele já estava preso", ressaltou o
deputado, lamentando a ação com uma agressão ao estado de direito e à
democracia.
"O que está acontecendo hoje
é muito triste e preocupante. (...) Não há nenhum valor que justifique a
violação de direitos e garantias fundamentais, a violação de princípios e
valores constitucionais."
O ex-presidente da OAB disse que
os excessos cometidos pelas autoridades da Justiça e da Polícia Federal podem
culminar na anulação de parte do processo. "Não tenho a menor dúvida de
que há nulidades. (...) O juiz Sergio Moro está se dando por competente em
relação a algumas pessoas para a qual ele não tem competência territorial para
ajuizar a ação penal e para investigar."
"O que está acontecendo no
Brasil hoje é que não é só o Direito que está decidindo. Aliás, o Direito hoje
está subordinado a outros fatores, não só à interpretação da lei. Os grandes
tribunais hoje são os jornais, a grande imprensa, e a chamada opinião pública,
ou 'publicada'."
O deputado espera que as instâncias
superiores da Justiça possam ter independência e a objetividade necessária para
"decidir, tão somente, à luz do direito, e não à luz de pressões e
conveniências conjunturais."
Wadih Damous afirmou que a
cobertura da grande imprensa sobre os casos de corrupção é seletiva e contribui
para incitação da intolerância, visando a "criminalizar o PT, o governo e,
em particular, o presidente Lula". Para ele, o atentado a bomba ao
Instituto Lula, bem como as agressões sofridas por políticos do PT, se relacionam
com esse clima de ódio instaurado.
Créditos da foto: Latuff
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