Por Charles Nisz // http://operamundi.uol.com.br/
Em
2001, o economista britânico Jim O’Neill, do banco Goldman Sachs, publicou um
estudo com o título Building better global economics. Nele, o economista falava sobre a ascensão de quatro potências
globais para além do G-7, grupo das sete maiores economias do globo. O grupo
foi batizado de BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China). O acrônimo ganhou fama
instantânea: para além da fácil sonoridade, em inglês brick significa tijolo.
Tempos depois, mais um país se juntaria ao grupo, a África do Sul. O termo BRICS
ganhou popularidade fácil.
A
imprensa brasileira cobre de modo satisfatório as atualidades políticas,
econômicas e sociais de três dos quatro países do bloco. Não é difícil imaginar
qual deles é negligenciado na cobertura jornalística. A Rússia herdou o poder e
a influência do império soviético e mesmo após a queda do muro de Berlim
continuou a rivalizar em termos políticos, militares e tecnológicos com os EUA.
Assim como o Brasil, a Rússia está no inserida politicamente no mundo ocidental
e há boa cobertura da mídia europeia e brasileira sobre os conterrâneos de
Putin.
Por
conta da sua força econômica, alavancada por 1,6 bilhões de habitantes, a China
é obrigatória no noticiário tupiniquim. Há algumas cooperações no setor
aeroespacial, a China compra carne, soja e minério de ferro do Brasil e, na mão
inversa, há importação de tecidos, brinquedos, pequenos eletrônicos e outros
produtos manufaturados. A China já é o maior parceiro comercial do Brasil e
elementos da cultura chinesa encontram receptividade aqui. A África do Sul
ganhou notoriedade com a luta de Nelson Mandela contra o apartheid e, na última
década, sediou a Copa. País mais rico da África, tem imensa influência em seu
continente.
O
que sabemos sobre a Índia? Bem menos do que sabemos sobre os outros dois
tijolos dos BRIC. É uma constatação um tanto irônica, uma vez que o Brasil foi
descoberto por naus portuguesas que rumavam para a Índia. Além dos conflitos
entre hindus e muçulmanos na Caxemira, da adoração às vacas e Mahatma Gandhi,
há pouca coisa no imaginário brasileiro sobre a Índia. Uma lacuna de informação
e conteúdo prejudicial ao Brasil. Um país com a população e as dimensões da
Índia não pode ser ignorado.
Em
Bangalore estão algumas das maiores estruturas de serviços de TI do planeta.
Uma das empresa a ter seus serviços lá é a Microsoft. O país também tem um
bem-sucedido programa espacial: em 2014, a Índia mandou uma sonda a Marte.
Realizado em parcerias com universidades públicas, o programa custou 100 vezes
menos que a Curiosity, a sonda norte-americana que pousou em Marte. Temos muito
a aprender e ensinar aos indianos. Saber mais sobre eles é a melhor maneira de
fazer isso.
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