Wandeley
Guilherme dos Santos / http://insightnet.com.br/
A
estridência oposicionista se aproxima da sublevação institucional. O
inconformismo com a derrota eleitoral foi, durante algum tempo, compreensível.
Frustração quando a vitória parece certa e o champanhe aberto gera amargor na
alma e deslizes na linguagem. Resmungos, suspeitas de ilicitudes, impossíveis
sonhos de reescrever a história fazem parte do luto. De duração curta, contudo,
para merecer tolerância dos vencedores. Pois a derrota foi lisa, os vitoriosos
legalmente proclamados e constitucionalmente empossados.
Negar
ao vitorioso o direito de governar expressa imaturidade política ou
aventureirismo. E não há tese melíflua
que não conquiste adesões à altura. Aí está o grupo “bossa velha” do PSDB, de
pura cepa udenista, engrossado pelo PPS do ressentimento e o DEM de genealogia
ditatorial. É a nostalgia do poder perdido pelo voto que une o bando, não a
pureza da legalidade democrática.
A
viscosidade vingativa dispõe de infiltrados no judiciário, na imprensa, na
burocracia estatal, na blogosfera e nos supermercados, farmácias e
restaurantes, onde, com assegurada impunidade, insultam os vencedores.
Investigações meritórias, como a da Lava-Jato, acobertam o sadismo juvenil de
ideólogos conservadores sans le savoir.
São profissionais da punição, munidos de espantosa ignorância sobre as
maliciosas encarnações do bem e do mal. Por isso, vulneráveis à sedução do
poder arbitrário.
A
última manifestação dos sublevados busca o impedimento presidencial pela
acusação de que o exercício do governo, agora em 2015, repete alegadas
ilicitudes de 2014. Ora, só haverá ilicitude em procedimentos deste ano se e
quando o Tribunal de Contas da União assim arbitrar. A rigor não existem duplos
de coisa alguma no mundo, confirmando sólida tese existencialista de
irredutibilidade da individualidade. Semelhanças podem parecer extremas, mas
somente o TCU, sem violar a lei, está autorizado a tomar a aparência pela
realidade. Aliás, em acidental ajuda à tese dos sublevados, o expedito
procurador Júlio Marcelo de Oliveira, do Ministério Publico, pediu e o
agilíssimo ministro do Tribunal de Contas, Raimundo Carreiro, despachou
favoravelmente à abertura de processo para averiguar suposta repetição de
ilícitos fiscais neste segundo mandato de Dilma Rousseff. Mas, assim como
rejeitou certos procedimentos que consagrou em passado recente, continua o TCU
com autoridade para recepcionar e autenticar atos parecidos, quando julgados em
2015.
A
sublevação oposicionista despreza decisões legais que não facilitem depor a
Presidente para depor o poder em colo tucano. Parece, entretanto, para
desconforto do bando de tucanos e aliados, que, aconteça o que acontecer, nada
será por força dele nem em seu benefício.
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