terça-feira, 20 de outubro de 2015

ONDE NÃO MORAM OS ESCRÚPULOS

Nonato Menezes - A mídia brasileira, diante do espelho, é ética. Sem o espelho é defensora intransigente do que lhes interessa e prepotente em apontar o dedo para os feitos e “defeitos” daqueles que não fazem parte da sua “etnia”. Para ela, fora do que lhes absorve, tudo é vulgaridade.

1994. Tempo de FHC. Por obra do destino, o mais honesto.  De todos os presidentes do Brasil, o mais culto. Talvez o único que, com louvor, mereça uma homenagem com a estátua de Narciso.

Naquele ano seu governo tinha um Ministro: Rubens Ricúpero. Como o tal, ilustrado e polido. Timoneiro da economia de um País governado para poucos, disse: ... no fundo é isso mesmo. Eu não tenho escrúpulos. O que é bom a gente fatura, o que é ruim, esconde". Ainda, o então Ministro, no mesmo ato: "Eu faço essas coisas um pouco por instinto, sabe? De vez em quando armo uma confusão. Não tenha dúvida: esse país não é racional".
Salvem as verdades ditas em ambiente furtivo!

O acaso nos fez conhecer esta pérola. E a mídia, a ética, vociferou.

Na Folha de São Paulo, uma de suas colunistas, nos brindou com esta excentricidade: “Acontece que Rubens Ricupero é um sujeito seríssimo, foi um dos responsáveis pelo Plano Real, que acabou com a inflação, e é pessoa de reputação sem qualquer mácula.”

Fez o mesmo, com a mesma empáfia, a defesa de Boris Casoy, quando este, carinhosamente, fez o seguinte comentário: “Que merda! Dois lixeiros desejando felicidades do alto das suas vassouras. O mais baixo da escala do trabalho."

Repito: salvem as verdades ditas em ambiente furtivo!

Outro colunista, da mesma mídia, forjado na mesma escola, disse: “Cunha não pode mais fazer nada por si mesmo, mas ainda pode fazer pelo país: acolher a denúncia contra Dilma”.

Afronta ao Estado de Direito.

É crime fazer apologia ao rompimento institucional. E ainda defende que seja feito por um “moralista sem moral”. E o que um homem com ficha corrida poderia fazer por nosso País?

Então, são manifestações de gente que têm leitores e ouvintes. De gente que forma e deforma opinião. De gente sempre propensa a defender os amigos, os patrões e assemelhados, sem o mínimo de critério moral e sem nada de responsabilidade política.

É essa gente que atua como cão de guarda dos interesses da nossa elite predadora. É essa gente de direita que defende a “pior direita do mundo, porque além de ser antipovo é, também, entreguista, antinacional, antidemocrática e golpista”.


Mas é essa gente que nem precisa de descuido, num lugar furtivo, para revelar que não têm honestidade. Pois, basta uma página de jornal, de uma revista, das ondas de rádio ou da televisão para mostrar onde não moram os escrúpulos.

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