Nonato Menezes - A mídia brasileira, diante do
espelho, é ética. Sem o espelho é defensora intransigente do que lhes interessa
e prepotente em apontar o dedo para os feitos e “defeitos” daqueles que não
fazem parte da sua “etnia”. Para ela, fora do que lhes absorve, tudo é
vulgaridade.
1994. Tempo
de FHC. Por obra do destino, o mais honesto. De todos os presidentes do Brasil, o mais
culto. Talvez o único que, com louvor, mereça uma homenagem com a estátua de
Narciso.
Naquele ano seu governo tinha um Ministro: Rubens
Ricúpero. Como o tal, ilustrado e
polido. Timoneiro da economia de um País governado para poucos, disse: ... “no fundo é isso
mesmo. Eu não tenho escrúpulos. O que é bom a gente fatura, o que é ruim,
esconde". Ainda, o então
Ministro, no mesmo ato: "Eu faço essas coisas um pouco por instinto, sabe?
De vez em quando armo uma confusão. Não tenha dúvida: esse país não é
racional".
Salvem as verdades ditas em ambiente furtivo!
O acaso nos fez conhecer esta pérola. E a mídia, a ética,
vociferou.
Na Folha de São Paulo, uma de suas colunistas, nos
brindou com esta excentricidade: “Acontece que Rubens Ricupero é um sujeito
seríssimo, foi um dos responsáveis pelo Plano Real, que acabou com a inflação,
e é pessoa de reputação sem qualquer mácula.”
Fez o mesmo, com a mesma empáfia, a defesa de Boris
Casoy, quando este, carinhosamente, fez o seguinte comentário: “Que merda! Dois
lixeiros desejando felicidades do alto das suas vassouras. O mais baixo da
escala do trabalho."
Repito: salvem as verdades ditas em ambiente
furtivo!
Outro colunista, da mesma mídia, forjado na mesma escola,
disse: “Cunha não pode mais fazer
nada por si mesmo, mas ainda pode fazer pelo país: acolher a denúncia contra
Dilma”.
Afronta ao Estado de Direito.
É crime fazer apologia ao rompimento institucional. E
ainda defende que seja feito por um “moralista sem moral”. E o que um homem com
ficha corrida poderia fazer por nosso País?
Então, são manifestações de gente que têm leitores e
ouvintes. De gente que forma e deforma opinião. De gente sempre propensa a
defender os amigos, os patrões e assemelhados, sem o mínimo de critério moral e
sem nada de responsabilidade política.
É essa gente que atua como cão de guarda dos
interesses da nossa elite predadora. É essa gente de direita que defende a “pior
direita do mundo, porque além de ser antipovo é, também, entreguista,
antinacional, antidemocrática e golpista”.
Mas é essa gente que nem precisa de descuido, num
lugar furtivo, para revelar que não têm honestidade. Pois, basta uma página de
jornal, de uma revista, das ondas de rádio ou da televisão para mostrar onde
não moram os escrúpulos.
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