A mídia oposicionista é outro
ator importante do golpe, ela recorta a realidade sem mostrar que a gênese da
corrupção na Petrobras está no governo FHC.
Jeferson Miola // www.cartamaior.com.br
Nesta conjuntura vertiginosa, os
acontecimentos se sucedem freneticamente. A dinâmica política confirma o lema
de uma emissora nacional de rádio e televisão – “em 20 minutos, tudo pode
mudar”.
As certezas e vitórias cantadas
por cada lado do espectro político ao fim de cada dia – pela oposição golpista
ou pelo campo democrático-constitucional de resistência ao golpe –, se evaporam
durante as madrugadas. E assim os dias amanhecem com novas incertezas e com os
cenários de disputa em aberto.
Não há evidências de que essa
conjuntura instável, imprevisível e cheia de lances dramáticos, se altere nos
próximos meses.
Neste cenário de “instabilidade
constante”, o aspecto de maior previsibilidade é o comportamento dos atores
golpistas mais proeminentes: movidos por um ódio irascível e obsessivo contra o
PT, eles são dotados de uma capacidade impressionante de armar traquinagens e
vigarices.
A lista desses atores começa,
naturalmente, por Eduardo Cunha. O Presidente da Câmara dos Deputados tem uma
conduta que dificulta a precisão diagnóstica, embora apresente uma
sintomatologia compatível com a de um gângster psicopata. Ele nega com um
descaramento assombroso a existência de contas bancárias na Suíça, abastecidas
com dinheiro sujo da corrupção na Petrobrás. A Polícia Federal descobriu que
este malandro, pródigo em truques regimentais, curiosamente usa um táxi como
disfarce para transportar a si mesmo – e sabe-se lá para carregar quais
ilicitudes mais.
O Mimi-Michel Temer é outro
personagem especial. Vice-presidente “Decorativo” da República, na hora
decisiva demonstrou que aquela fama de constitucionalista, ostentada numa
postura nobiliárquica, não passa de pura empáfia: calou ante a manobra
inconstitucional de Cunha, que admitiu a denúncia de impeachment sem causa
determinada – ou melhor, sem nenhuma causa. Invocando uma falsa neutralidade,
Temer adota atitude olímpica frente às seguidas estripulias golpistas e ilegais
de Eduardo Cunha. Como presidente do PMDB, arquitetou as tramóias partidárias
na Câmara dos Deputados para conspirar e derrubar a presidente Dilma,
articulando a substituição do líder da bancada partidária e indicando
peemedebistas de oposição para a Comissão Especial do Impeachment. Mimi-Michel
quer ocupar a cadeira presidencial de Dilma a qualquer preço, nem que para isso
tenha de sacar a máscara de democrata e constitucionalista.
Gilmar Mendes, outro ator
importante do golpismo, só é ministro da Suprema Corte por uma questão
acidental. Fosse outro o país, menos tolerante com canalhices escondidas numa
toga, ele já teria sofrido um processo de impeachment, porque não reúne as
condições de serenidade, razoabilidade e isenção indispensáveis para o cargo.
Em lugar do embasamento jurídico, apela ao proselitismo tucano-reacionário. Na
sessão do STF que anulou o rito do impeachment manipulado por Cunha, Gilmar
abandonou a hermenêutica e partiu para ataques ao governo, citando inclusive um
artigo do seu líder no Senado, o Senador José Serra! Certa feita, seu então
colega de STF, Joaquim Barbosa, acusou Gilmar de ter capangas. Verdade ou não,
o fato é que, pelas posições assumidas, o ministro Dias Toffoli se candidata a
este título tão vergonhoso.
O PSDB, que há muitos anos se
juntou à velhacaria política do Brasil, ataca em todos os flancos. FHC, o
conspirador-chefe, rege a orquestra de interesses heterogêneos onde se movem
Alckmin, Aécio e Serra – todos unidos na estratégia golpista, porém separados
quanto à tática e ao timing do golpe. É uma trajetória lastimável do PSDB; um
partido que abandonou tristemente sua tradição de defensor da democracia,
lapidada na luta contra a ditadura.
A mídia oposicionista é outro
ator importante da dinâmica do golpe, senão o mais importante. É ela que
cimenta a narrativa dos acontecimentos a partir da estratégia inteligentemente
formulada pelo condomínio jurídico-policial-midiático de oposição. Esta mídia
hegemônica recorta e seleciona a realidade, tornando palavra proibida qualquer
menção à gênese da corrupção na Petrobrás, que data do período do governo FHC.
No vale-tudo do golpe, assassina a verdade e a imparcialidade, em nome da sanha
odiosa contra o PT, Lula, Dilma e o povo pobre.
Créditos da foto: George Gianni
Nenhum comentário:
Postar um comentário
12