domingo, 13 de dezembro de 2015

PCB: dizemos que somos contra o impeachment, mas não vamos fazer nada

http://www.pco.org.br/

Qualquer consideração sobre o governo do PT para não lutar contra o golpe pode servir de consolo, mas não é capaz de combater a direita golpista
Em meio ao golpe, ao processo de impeachment no Congresso nacional, a um avanço da extrema-direita, o PCB publicou uma nota que aconselha os trabalhadores a... não fazer nada.
Depois de muita enrolação pseudo acadêmica sobre a situação política no País, o PCB afirma que “repudia as ações das forças reacionárias pelo impeachment, mas não participará de nenhum movimento com o objetivo de legitimar o governo perante o povo e os movimentos sociais apenas para melhor negociar a continuidade, agora mais rebaixada, de seu governo de pacto social com a burguesia”.

O PCB constata que existem “ações reacionárias pelo impeachment” , mas contra os reacionários o partido diz que não se deve participar de nenhum movimento. Para desculpar sua paralisia, basta caluniar o movimento de luta contra a direita golpista dizendo que ele é um movimento que apenas serve para “legitimar o governo.”
Diante do golpe, que o PCB reconhece ser uma ação da direita reacionária, a esquerda deveria ficar em casa. Deixar tudo acontecer.
Diante da direita, o PCB decide deixar os fascistas crescerem, nas ruas e no congresso. Diante do governo de conciliação de classes do PT, o PCB propõe deixar que essa política domina o movimento anti-golpe e contra a direita que está crescendo.
Para disfarçar a política totalmente deslocada da realidade, o PCB acha que basta dizer que “é preciso lutar contra o capitalismo”. Mas como, se não devemos intervir na crise política que se aprofunda no País?
Uma política “alternativa” como propõe o PCB não pode ser criada do nada, fora da luta real que está em curso no País. O PCB conclui dizendo que quer “forjar a unidade de ação com as forças com as quais se identifica na luta contra o reformismo e pelo socialismo, na perspectiva de uma frente de luta de massas”. Mas que frente seria essa se não devemos apoiar a luta aberta contra a direita golpista?
Se aceitarmos o conselho do PCB, vamos todos para casa esperar pelo impeachment, pelo Eduardo Cunha, Michel Temer, Aécio Neves ou algo ainda pior. As nossas considerações sobre o governo Dilma podem servir de consolo moral, mas não serão capazes de frear o golpe e o crescimento da direita fascistóide.
Também não vai servir para combater a direita dizer que foi o PT que “cavou sua própria sepultura”, como diz na nota. A única coisa que todos os grupos da esquerda – e quando dizemos todos são todos mesmo – podem esperar do enterro do PT pela direita é que serão os próximos a serem enterrados.
E vale ainda mais uma explicação. Caso o PT não seja enterrado e o impeachment e o golpe não sejam bem sucedidos, se seguirmos a política do PCB de não fazermos nada, a única política que vai sair fortalecida será a política de conciliação de classes do PT, que o PCB diz criticar.

Tudo a mesma coisa
O PCB diz ainda que para “os trabalhadores e os setores populares foi negativa a instauração do processo de impeachment” , apesar disso, contraditoriamente, afirma que “qualquer resultado do impeachment será desfavorável”. O impeachment é ruim , mas é tudo a mesma coisa, é nisso que acredita o PCB, por mais incoerente que pareça, e realmente é.
Essa é uma posição antimarxista que não intervém na luta de classes e joga os trabalhadores para os braços da burguesia. Essa política fica bem explícita quando o PCB diz que “não podemos cair na cilada de nos pautarmos pela batalha política institucional entre forças que disputam a administração da ordem burguesa pois, enquanto isso, os trabalhadores pagarão mais ainda pela crise.”
Segundo essa concepção, os trabalhadores deveriam ficar neutros diante de qualquer golpe de Estado, já que na história praticamente todos – poderíamos até mesmo nos arriscar que foram todos – os golpes foram dados por um setor da burguesia contra outro. Foi assim no Brasil em 1964, foi assim no Chile de Allende. E assim, o PCB comete o erro histórico dos partidos pequeno-burgueses que não se recusam a combater o golpe, jogando a classe trabalhadora em um retrocesso. Por nossa sorte, o PCB não tem a mesma dimensão dos antigos partidos comunistas que cometeram erros similares.
Dizer ser contra o reformismo, a favor do socialismo, dos trabalhadores, da revolução interplanetária não torna ninguém mais combativo. Antes de mais nada, é necessário combater os inimigos da classe operária e fazer avançar a luta dos trabalhadores contra a burguesia, superando na prática a política de conciliação de classes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

12