Nonato Menezes - Grassa pelo Brasil a ideia de
proibir discussão política nas escolas. É uma ideia tão insana que a mais
ingênua das pessoas, mas com um pouquinho de sensatez, e que nem precise
participar diretamente da vida escolar, veria que sua eficácia será zero, caso
venha, em alguma circunstância do poder público, se tornar Lei. Então, vejamos.
Do mais simples ao mais
“complexo” ato de educar, seja na escola ou até fora dela, há manifestação
política, posto que: “Educar é uma atitude política”.
Se a ideia é coibir a ação
política, então esse jogo será de soma zero e tantas leis quantas vierem, não
servirão para nada. Para absolutamente nada.
Agora, se a intenção for de eliminar
das escolas a “doutrinação ideológica de esquerda”, de tão pueril a ideia, chega
a ser idiota.
Primeiro porque desconheço no
Brasil uma escola que tenha um pensamento e pratique ações majoritariamente de
esquerda. Nem mesmo nas Universidades esse comportamento existe.
Pensamento de esquerda ou prática
progressista nas escolas, quando existe, resume-se a grupos minoritários e ou
indivíduos que, normalmente, não contam muito para alterar a dinâmica escolar.
Nossas Escolas, assim como as Universidades, são profundamente conservadoras e nem
sequer duvido que nestes casos haja exceção.
Se a discussão então, se resumir
ao que defendem nossos insanos legisladores, de reduzir o debate ao aspecto
ideológico pontual inócuo, fácil mesmo é identificar escolas e universidades
tipicamente de direita. De direita, por exemplo, são as escolas militares, as
confessionais e o comércio de ensino em geral. Alguém criaria uma escola e
desenvolveria um pensamento progressista ao ponto de estudar e contestar o grau
de exploração que existe em nossa sociedade, se ela mesma foi concebida para
ter lucro?
Ninguém pode negar, por exemplo,
o caráter ideológico de direita da Universidade Mackenzie, que doutrina tão bem
parte das nossas elites, cujos comportamentos, dispensam comentários.
Se a ideia dos nossos insanos legisladores
for transversal ou paralela às escolas e pretender inibir as ações dos
Sindicatos, por exemplo, é outro tiro n’água.
Assim como nossas escolas, os
Sindicatos que representam as categorias profissionais de Educação são muito
conservadores. Não diria que nossos Sindicatos são todos de direita, tampouco
assumiria que são de esquerda, ao ponto de unirem, pelo menos um pouco, à
defesa da melhoria econômica, metodologias progressistas, ações docentes
horizontais e outros indicadores educacionais tão necessários para a melhoria
do nosso ensino.
Que Sindicato lutaria pelo
exercício da Metodologia Freiriana, cujo princípio fundamental é o diálogo? Isso
sim seria uma manifestação progressista, tipicamente de esquerda.
Por fim, o que chama mesmo
atenção na proposta insana dos nossos legisladores é de acharem que nossas
escolas são politizadas. Politizadas no sentido de praticarem o debate sobre as
próprias fragilidades do nosso ensino. De haver discussões permanentes sobre a
desigualdade social, sobre nosso modelo econômico e nosso Regime Político. De
haver, por exemplo – o que seria muito bom se houvesse – estudos e debates
sobre a importância do Poder Legislativo – o Poder que cria as Leis – para que,
no momento de votar, pelo menos, não houvesse dúvidas entre escolher um imbecil
e alguém para exercer, de fato e de direito, a função de Legislador.
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