sábado, 13 de fevereiro de 2016

RESPEITO A QUEM MERECE, NÃO A QUEM PRECISA

Nonato Menezes - Meu pai dizia que a gente não deve doar a quem precisa, mas a quem merece.
Lembrei-me desta lição extraordinária porque tenho visto muitos escritos, principalmente nas redes sociais, sobre críticas exageradas e agressões destoantes da civilidade às pessoas públicas e às instituições.

Nunca imaginei me deparar com tanta gente raivosa, com tantas agressões gratuitas e sem nenhum sentido para vida, para a cultura ou para qualquer coisa que nos interesse no dia a dia da nossa peleja existencial.
Também não contava com tantas ideias maravilhosas, com tantos textos bons, com críticas equilibradas, cujo acesso só tem sido possível graças a esta Internet.
Análoga à mensagem do meu velho timoneiro, refiro-me ao respeito que devemos ter às pessoas e às nossas instituições públicas, seja porque elas precisam ou porque elas mereçam.
Todos nós, em princípio, precisamos ser respeitados, mas será se merecemos? No caso de autoridade, até pela função que exerce, é subjacente a necessidade de respeito; mesmo assim, será se ela merece? E se ela tiver uma História torta ou exercer sua função de maneira indecorosa, haverá de ser respeitada assim mesmo?
Não se trata de julgar alguém por determinada atitude desrespeitosa, qualquer que seja o motivo que ela tenha.
Também, não se trata de querer discutir os conceitos de respeito ou de seu contrário, apenas indagar se pessoas, pelas funções que exercem, e as instituições merecem ou não serem respeitadas por nós. Pelo menos como elas desejam e precisam ser respeitadas.
 Será, por exemplo, que o senhor Eduardo Cunha precisa ser respeitado porque exerce a função de presidente da Câmara Federal, a terceira autoridade na sucessão presidencial, independente de sua conhecida ficha corrida?
É preciso respeitar parte das organizações de mídia, fundamentado na importância social que ela tem, mas que se julga “no direito” de assassinar reputações de pessoas tão levianamente, de arranhar credibilidade – muitas vezes destruir - das instituições, apenas pendurada no poder que tem?
Não soa meio estranha a exigência implícita vinda pelos ecos da Casa-Grande de respeito ao Supremo Tribunal Federal, onde seus membros deveriam ser supremos exemplos de sobriedade e equilíbrio ao praticarem a justiça, de maturidade e simplicidade pela experiência de vida e idade que todos têm, quando parte do colegiado tem demonstrado o contrário disso?
Enfatizo o Supremo por sua importância política e social, também pelas desventuras de parte considerável daquele Colegiado.
Precisa ser respeitada, por exemplo, uma magistrada que invocou a literatura e não as provas para impor uma condenação?
É de ser respeitado um magistrado que distorce um princípio jurídico, não utilizado em parte alguma do mundo, diga-se, para condenar?
É de se respeitar um magistrado que impõe pena com a justificativa que o réu não havia provado sua inocência?
Devemos respeito a um magistrado que divide sua função pública com atividades privadas, contrariando os mais elementares princípios jurídicos?
É cabível respeito a um colegiado dessa magnitude que se submete a tamanha miséria intelectual e moral?
O respeito às pessoas públicas ou não é exigência da civilidade. Deferência às instituições, regra geral, é uma necessidade social.
Este princípio rege uma conduta sob a qual nos faz reconhecer que o Supremo Tribunal Federal, por exemplo, precisa ser respeitado.

Mas será se ele merece? 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

12