Nonato Menezes - Meu
pai dizia que a gente não deve doar a quem precisa, mas a quem merece.
Lembrei-me desta lição
extraordinária porque tenho visto muitos escritos, principalmente nas redes
sociais, sobre críticas exageradas e agressões destoantes da civilidade às
pessoas públicas e às instituições.
Nunca imaginei me deparar com
tanta gente raivosa, com tantas agressões gratuitas e sem nenhum sentido para
vida, para a cultura ou para qualquer coisa que nos interesse no dia a dia da
nossa peleja existencial.
Também não contava com tantas
ideias maravilhosas, com tantos textos bons, com críticas equilibradas, cujo
acesso só tem sido possível graças a esta Internet.
Análoga à mensagem do meu velho
timoneiro, refiro-me ao respeito que devemos ter às pessoas e às nossas
instituições públicas, seja porque elas precisam ou porque elas mereçam.
Todos nós, em princípio,
precisamos ser respeitados, mas será se merecemos? No caso de autoridade, até
pela função que exerce, é subjacente a necessidade de respeito; mesmo assim,
será se ela merece? E se ela tiver uma História torta ou exercer sua função de
maneira indecorosa, haverá de ser respeitada assim mesmo?
Não se trata de julgar alguém por
determinada atitude desrespeitosa, qualquer que seja o motivo que ela tenha.
Também, não se trata de querer
discutir os conceitos de respeito ou de seu contrário, apenas indagar se
pessoas, pelas funções que exercem, e as instituições merecem ou não serem
respeitadas por nós. Pelo menos como elas desejam e precisam ser respeitadas.
Será, por exemplo, que o senhor Eduardo Cunha precisa
ser respeitado porque exerce a função de presidente da Câmara Federal, a
terceira autoridade na sucessão presidencial, independente de sua conhecida
ficha corrida?
É preciso respeitar parte das
organizações de mídia, fundamentado na importância social que ela tem, mas que se
julga “no direito” de assassinar reputações de pessoas tão levianamente, de arranhar
credibilidade – muitas vezes destruir - das instituições, apenas pendurada no
poder que tem?
Não soa meio estranha a exigência
implícita vinda pelos ecos da Casa-Grande de respeito ao Supremo Tribunal
Federal, onde seus membros deveriam ser supremos exemplos de sobriedade e equilíbrio
ao praticarem a justiça, de maturidade e simplicidade pela experiência de vida
e idade que todos têm, quando parte do colegiado tem demonstrado o contrário
disso?
Enfatizo o Supremo por sua
importância política e social, também pelas desventuras de parte considerável daquele
Colegiado.
Precisa ser respeitada, por
exemplo, uma magistrada que invocou a literatura e não as provas para impor uma
condenação?
É de ser respeitado um magistrado
que distorce um princípio jurídico, não utilizado em parte alguma do mundo,
diga-se, para condenar?
É de se respeitar um magistrado
que impõe pena com a justificativa que o réu não havia provado sua inocência?
Devemos respeito a um magistrado que
divide sua função pública com atividades privadas, contrariando os mais
elementares princípios jurídicos?
É cabível respeito a um colegiado
dessa magnitude que se submete a tamanha miséria intelectual e moral?
O respeito às pessoas públicas ou
não é exigência da civilidade. Deferência às instituições, regra geral, é uma
necessidade social.
Este princípio rege uma conduta
sob a qual nos faz reconhecer que o Supremo Tribunal Federal, por exemplo,
precisa ser respeitado.
Mas será se ele merece?
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