Um abuso manifesto'. Foi assim que o renomado jurista Fábio
Konder Comparato classificou a ação da Polícia Federal, nesta 24ª fase da
Operação Lava Jato.
Joana Rozowykwiat, do Portal Vermelho // www.cartamaior.com.br
“Um abuso manifesto”.
Foi assim que o renomado jurista Fábio Konder Comparato classificou a ação da
Polícia Federal, nesta 24ª fase da Operação Lava Jato, que tem como principal
alvo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Comparato criticou o mandato de
condução coercitiva do ex-presidente e lamentou: “O Estado de Direito está em
frangalhos”.
Professor emérito da Faculdade de Direito do Largo São
Francisco (USP), doutor honoris causa da Universidade de Coimbra e doutor em
Direito pela Universidade de Paris, o jurista defendeu que não havia razões
para que o ex-presidente fosse conduzido coercitivamente para depor. “A
detenção de uma pessoa, sobretudo para depor, só pode ocorrer em casos
extremos, quando a pessoa foge ou se recusa a depor. Não é o caso do
ex-presidente”, declarou, em conversa por telefone com o Portal Vermelho, na
tarde desta sexta (04).
Comparato avaliou ainda que os “abusos” da PF na Operação
Lava Jato não têm sido combatidos pela Ministério da Justiça . “É preciso saber
se a ordem [de condução coercitiva] veio da Polícia Federal ou do juiz Sérgio
Moro, porque são organizações que têm superiores diferentes. No caso de Moro, o
Tribunal Federal. A PF é o ministro da Justiça e, até agora, pelo que se saiba,
o ministro da Justiça anterior e esse atual não diminuíram ou cercearam os
abusos da Polícia Federal”, criticou.
Segundo ele, o episódio convida a refletir sobre “o poder de
dominação política” atual. “Nós sempre vivemos uma farsa jurídica. A
Constituição diz que todo poder emana do povo, mas o povo nunca teve poder”,
apontou.
“E por que isso? O Brasil sempre foi dominado por uma dupla
oligárquica: são os potentados econômicos privados de um lado e os grandes
agentes estatais do outro. Agora está havendo um conflito no lado político,
porque o presidente Lula – certo ou errado – se aproximou de grandes
empresários e isso tirou a força do lado conservador, que sempre esteve ligado
ao lado empresarial. É isso que estamos vendo aí. A coisa é muito complexa”,
avaliou, afirmando que, neste momento, “O Estado de Direito está em
frangalhos”.
Por Joana Rozowykwiat, do Portal Vermelho
Créditos da foto: reprodução
Nenhum comentário:
Postar um comentário
12