por : Paulo Nogueira // http://www.diariodocentrodomundo.com.br/
o delator Machado: “Não sobra ninguém no PSDB”
Um esclarecimento, antes de tudo.
Não sou petista. Não tenho vínculo nenhum nenhum com o PT.
É o tipo de aviso que acho detestável, e que abandonei há tempos. Mas neste caso abro uma exceção.
Vamos lá.
As múltiplas delações vão deixando clara uma coisa que não recebeu ainda a devida atenção: ao contrário da narrativa incessante da mídia nestes últimos anos, desde que Lula subiu ao poder, o PT é o partido menos corrupto entre os grandes que estão aí.
Está de fora aí, naturalmente, o pequeno PSOL, um exemplar reduto de integridade e combatividade.
Observe as revelações sobre o PMDB. Numa das últimas delações, surgiu a acusação de que um operador de Eduardo Cunha ameaçou queimar a casa de um delator com os filhos dentro.
De novo: queimar com os filhos dentro.
Não é a primeira vez que delatores narram ameaças físicas associadas a Eduardo Cunha.
Ainda no campo do PMDB, pertencem ao terreno do espanto, também, as delações de Sérgio Machado.
E com Machado vamos ao PSDB, citado por ele. “Fui do PSDB dez anos. Não sobra ninguém”, disse Machado. Mas frase símbolo foi essa: “Todo mundo conhece os esquemas do Aécio”.
Todo mundo não. O público em geral desconhecia as roubalheiras de Aécio, graças à proteção infinita dada a ele pelas empresas jornalísticas.
Um antigo reduto milionário das propinas de Aécio, Furnas, só ganhou os devidos holofotes agora, depois de muitos anos de pilhagem. Delcídio falou em Furnas, Machado falou em Furnas — e a grande imprensa nunca investigou Furnas. Nem ela e muito menos a Polícia Federal.
Aécio virou um campeão de aparições em delações. Consagrou-se como a pior espécie de corrupto: aquele que rouba na sombra e, à luz do sol, faz sermões contra a corrupção.
Virou um morto vivo na política, por isso. Sua ladroagem saiu enfim da escuridão.
Perto do que se sabe agora que ele fez, o aeroporto privado que mandou construir com verba pública perto de sua casa de campo em Minas virou insignificância.
No terreno do PSDB, FHC teve também sua taxa de verdade e de merecidas humilhações nas delações. Ficou claro que o assalto à Petrobras foi enorme em seu governo. O filho de FHC foi citado numa negociata multimilionária na Petrobras.
E Dilma enquanto isso? Nada. De Lula, parece piada neste momento, mas o maior ataque contra ele derivou de pedalinhos.
Um político ligado a FHC, Xico Graziano, alimentou durante muito tempo a fábula de que Lulinha era dono da Friboi. Agora, foram investigar a Friboi no âmbito da Lava Jato e encontraram não Lula, mas Henrique Meirelles, o czar de Temer na economia. Meirelles comandava a Friboi na época em que a empresa é acusada de dar propinas.
E assim, com fatos, se desfaz o mito de que o PT inventou a corrupção no Brasil.
É um efeito colateral, e brutalmente indesejado pela plutocracia, da Lava Jato.
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