por Fernando Soares Campos // http://port.pravda.ru/
Pois bem (bem mal), naquela ocasião, a PF fez uma série de apreensões, porém, em pouco tempo, depois de verificarem que o PT não estava envolvido, aquilo foi esquecido pela mídia. Entretanto, se nos dermos ao trabalho de pesquisar matérias da época, creio que podemos relacionar os fatos com esta Operação Turbulência, deflagrada na última terça-feira (21).
por Fernando Soares Campos
As investigações da Operação Vidas Secas revelaram que empresários do consórcio OAS/Galvão/Barbosa Melo/Coesa usaram empresas de fachada para desviar cerca de R$ 200 milhões das verbas públicas destinadas às obras, no trecho que vai do agreste de Pernambuco à Paraíba. O consórcio cuidava de dois dos 14 lotes da transposição do rio. Os contratos investigados são de R$ 680 milhões.
Com o propósito de "aperfeiçoar o gerenciamento" das obras da Transposição do São Francisco, o Ministério da Integração Nacional, em 2011, modificou o modelo de monitoramento, licitação e contratação para os seis trechos de obras. À época, o ministro da Integração Nacional era o atual senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), hoje envolvido pela Operação Turbulência, cujo inquérito aponta que ele teria recebido propina de João Carlos Lyra Pessoa de Melo Filho, preso nesta operação da PF, suposto dono do jatinho que caiu em Santos, em agosto de 2014, matando o candidato a presidente da República Eduardo Campos (PSB-PE).
Operação Turbulência
Os empresários João Carlos Lyra Pessoa de Melo Filho e Eduardo Freire Bezerra Leite foram presos quando desembarcavam em São Paulo, mas foram levados para o Recife e chegaram ao Aeroporto dos Guararapes pela manhã.
Carlos Lyra Pessoa seria um dos donos do jato que vitimou Eduardo Campos, segundo a empresa AF Andrade, que tem o registro da aeronave na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Em 2014, o PSB afirmou que o uso do jato na campanha eleitoral havia sido autorizado por Carlos Lyra Pessoa e Apolo Santana Vieira.
Vieira, que também é empresário, foi preso em uma academia, no bairro de Boa Viagem, Zona Sul da capital pernambucana. Arthur Roberto Lapa Rosal foi preso em casa, em Vitória de Santo Antão-PE. O quinto mandado seria para Paulo César de Barros Morato, dono da empresa Câmara & Vasconcelos Locação e Terraplanagem LTDA.
No calor das ações da PF, a advogada do empresário Paulo César de Barros Morato, Marcela Moreira Lopes, chegou ao Recife, vindo de São Paulo, e foi à sede da Polícia Federal no final da tarde. Disse ela que o último contato com o seu cliente ocorreu no domingo (19). Não se sabe o que trataram. "Ele não fugiu, apenas não deve estar sabendo. Assim que eu conseguir localizá-lo, ele irá se apresentar", afirmou
A advogada informou ainda que o seu cliente reside em Pernambuco, onde possui dois imóveis: um no Recife e outro em Tamandaré, no Litoral Sul do estado. "Paulo possui uma empresa de obras de terraplanagem, a Câmara e Vasconcelos, e viaja muito para o interior, talvez por isso não esteja conseguindo contato com ele", afirmou.
No dia seguinte, noite de quarta-feira (22), o empresário Paulo Cesar de Barros Morato foi encontrado morto em um motel no bairro de Sapucaia, em Olinda, Região Metropolitana do Recife. Morato já estava sendo considerado foragido pela PF desde terça (21), quando foi deflagrada a Operação Turbulência.
Apesar de a perícia ainda não haver determinado a causa da morte, Marcela Moreira Lopes apressou-se em dizer que Paulo César de Barros Morato, em certa ocasião, já havia tentado suicídio.
"Quem vai cuidar da investigação por enquanto é a Polícia Civil [de Pernambuco, Estado governado por Paulo Câmara, do PSB, mesmo partido do senador Fernando Bezerra Coelho]. Mas já foi designado um policial federal para acompanhar os trabalhos da perícia. Se for constatado que as circunstâncias da morte têm ligação com a Operação Turbulência, aí Polícia Federal pode entrar nas investigações", afirmou o assessor de comunicação da PF, Giovani Santoro.
Sim, eles devem ter muita "dúvida" se essa morte tem alguma relação com a Operação Turbulência, quem deve estar com uma dúvida atroz deve ser o próprio ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, que comada a PF do governo Temer e foi advogado da facção criminosa PCC, que de tanto poder chega a sentar à mesa com representantes do governo do Estado de São Paulo a fim de fechar acordos. Alexandre de Moraes também foi secretário de Segurança de São Paulo. Em sua gestão, a Polícia Militar se tornou tão violenta que, "segundo dados levantados pela TV Globo, foi responsável pela morte de uma em cada quatro pessoas assassinadas no estado paulista em 2015" (Wikipédia).
Mas vamos nos ater ao caso da morte misteriosa de Paulo César de Barros Morato, o empresário dono da empresa de fachada Câmara & Vasconcelos, que executaria obras de terraplanagem.
Segundo o inquérito da PF (as investigações começaram em 2010, portanto, a Operação Vidas Secas deve ter sido uma etapa dessas investigações), por meio desta e outras pessoas jurídicas, Morato teria "aportado recursos para a compra da aeronave PR-AFA (que caiu com Campos, em 2014) e recebido recursos milionários provenientes de empresas de fachada utilizadas nos esquemas de lavagem de dinheiro, engendrados por Alberto Yousseff (olha ele aqui, vai reaparecer mais adiante, no artigo do Fernando Brito, do TIJOLAÇO), Rodrigo Morales e Roberto Trombeta, além de provenientes da construtora OAS".
Apesar das medidas tomadas em 2011 pelo Ministério da Integração Nacional, sob o comando deFernando Bezerra Coelho, a fim de "aperfeiçoar o gerenciamento" das obras da Transposição do São Francisco, modificando o modelo de "monitoramento, licitação e contratação" para os seis trechos de obras, mesmo assim a Câmara & Vasconcelos é apontada pelo inquérito como a empresa que recebeu da OAS o montante de R$ 18.858.978,16. O documento afirma que "chama a atenção" o repasse de recursos milionários de quase R$ 19 milhões para "uma empresa fantasma, a qual possui 'laranjas' confessos em sua composição societária, o que representa um claro indicativo de lavagem de dinheiro".
Mas que coisa! O Ministério da Integração Nacional, tendo, à época, como titular da pasta o atual senador Fernando Bezerra Coelho, que baixou medidas de "monitoramento, licitação e contratação" para as obras executadas pela OAS e outras empresas, não foi capaz de identificar uma "subempreiteira fantasma"? Claro que não! Pois, se é fantasma, ninguém vê, a não ser que o ministro mandasse contratar um médium vidente.
Flashback
"Governo Dilma já tinha aberto investigação sobre negócios Paulo Roberto Costa - Eduardo Campos"
TIJOLAÇO - por Fernando Brito, em 08/09/2014
Os nossos jornais, bons em escândalo e muito ruins em juntar pecinhas, deixam de informar aos seus distintos leitores as razões de Paulo Roberto Costa, o autor da tal delação premiada [Operação Lava Jato], ter arrolado Eduardo Campos como sua testemunha de defesa e, depois, desistido de seu depoimento.
Que negócios, afinal, os uniam?
Quem quiser uma boa pista, procure saber da investigação, aberta há três meses - dia 9 de junho - pela Controladoria Geral da União sobre o uso da antecipação de recursos feita pela Petrobras ao Governo do Estado de Pernambuco, para que este fizesse as obras de modernização do Porto de Suape e do entorno da Refinaria Abreu e Lima, próxima a ele.
E por razões que vêm lá de longe e não se pode separar do "rompimento" entre Eduardo Campos e o Governo Federal [em outubro de 2013, o PSB de Eduardo Campos rompeu com o governo Dilma e exigiu que os membros do partido que exerciam cargos no Governo Federal os entregasse. Fernando Bezerra Coelho entregou o Ministério da Integração Nacional; Eduardo Campos passou a ser pré-candidato a presidente da República, e Fernando Bezerra Coelho, ao Senado].
Vou fazer uma rememoração de fatos, quem sabe haja algum "jornalista investigativo" ainda capaz de seguir as pistas.
Que, afinal, estão todas publicadas nos jornais, esperando apenas que alguém as reúna.
Em 2008, Eduardo Campos e Paulo Roberto Costa assinaram, com direito a ampla cobertura da mídia, um acordo pelo qual a Petrobras anteciparia ao Governo de Pernambuco, R$ 475 milhões para obras de ampliação e aprofundamento de Suape, como antecipação das tarifas portuárias que teria de pagar pelo uso futuro de suas instalações.
Nada de errado nisso, faz parte do processo federativo delegar obras e prover recursos.
Só que isso colocava diretamente sob o controle do Governo estadual as licitações, contratações e pagamentos, cabendo à Petrobras, simplesmente, repassar recursos à medida em que o projeto avançasse, no que, em administração pública, chamamos de "cronograma físico-financeiro".
Mas a coia, em Pernambuco, não andou. E só em 2011, com a interveniência da Secretaria Especial de Portos do Governo Federal - comandada, aliás, pelo PSB - foi dada a ordem de serviço para o início das obras de dragagem, festejada pelos socialistas.
Elas foram licitadas e contratadas com base apenas no projeto básico e tiveram um reajuste de R$ 62 milhões no preço, de R$ 275 milhões para R$ 337 milhões.
Em maio de 2013, a obra de dragagem - ganha pela holandesa Van Oord - foi interrompida por falta de pagamento.
A Secretaria de Portos da Presidência (SEP) parou na metade o repasse de verbas, porque rejeitou as prestações de contas apresentadas pela administração do porto, ligada ao governo estadual. [Dilma mandou apertar o cerco e fazê-los prestar contas sobre os destinos das verbas]
Além disso, como narrou, na época, o Estadão, "a SEP diz que os custos de mobilização e desmobilização da obra em Suape são muito superiores aos praticados em 14 portos brasileiros. O valor orçado é quase o dobro do maior preço pago em outras unidades. Gestores do porto alegam que os equipamentos usados ali são diferenciados, o que eleva os preços."
O Governo Dilma não recuou diante das pressões de Campos pela liberação e é o próprio jornal paulista quem diz que o episódio Suape " foi causa de embate entre Dilma e Campos".
E o processo avançou para o inquérito aberto pela CGU, órgão diretamente subordinado à Presidência, com base naquele antigo documento, de 2008, " assinado pelo então diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, hoje preso no Paraná por conta de supostos desvios de recursos públicos empregados na refinaria de Abreu e Lima; o então governador de Pernambuco, Eduardo Campos, candidato do PSB à Presidência da República; e o presidente do Porto de Suape na época, Fernando Bezerra Coelho, ex-ministro de Integração Nacional no governo da presidente Dilma Rousseff, aliado de Campos e candidato ao Senado por Pernambuco".
Fernando Bezerra Coelho, aliás, tem irmão, cunhada e filho na lista do doleiro Alberto Youseff.
Todas as informações elencadas aqui são públicas e publicadas antes do acidente fatal de Eduardo Campos, que podia se defender delas.
Restringem-se a fatos e processos administrativos e não contêm, como reclama Marina, qualquer "ilação".
Mas provam, de maneira inequívoca e factual como o Governo Dilma, há mais de um ano, investigava a regularidade dos negócios de Paulo Roberto Costa e, especificamente, aqueles em que teve entendimentos com o então governador de Pernambuco, Eduardo Campos.
Como a imprensa brasileira faz política eleitoral e não jornalismo, ainda está avaliando se "deixa" que este quebra-cabeças seja montado aos olhos de seus leitores, aguardando para ver se "interessa" ou não aos seus planos políticos.
Mas, pessoalmente, acho que não dá para "segurar".
Notas e grifos meus. Confira e leia outras matérias do TIJOLAÇO: http://www.tijolaco.com.br/blog/governo-dilma-ja-tinha-aberto-investigacao-sobre-negocios-paulo-roberto-costa-eduardo-campos/
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Sexta-feira (17), assistindo aos trabalhos da Comissão de Impeachment pela TV Senado, ouvi o senador Fernando Bezerra Coelho dizer que não iria formular qualquer pergunta à testemunha de defesa da presidenta Dilma, pois já estava convicto de que esta havia cometido grave crime de responsabilidade, portanto seu voto deverá ser favorável à destituição da presidenta e consequente pena de suspensão dos direitos políticos por oito anos, sem que lhe seja permitido se candidatar a cargo eletivo. O senador apenas deitou falação moralista condenando a presidenta Dilma desde já, bem antes do final das apurações do caso.
Naquele momento me lembrei de uma matéria de 2010 publicada no site do PSB e reproduzida no JusBrasil, de onde copiei e publiquei no meu blog, o Assaz Atroz, em 24 de março de 2014.
Vou reproduzi-la aqui, porém extraída do Blog da Noelia, em vista da apresentação que ela faz da matéria, além das fotos feitas pelo Blog de Política do Diário de Pernambuco, em 2010, quando da cobertura do evento.
Blog da Noelia
domingo, 23 de março de 2014
Site do PSB revela que Eduardo Campos negociava pessoalmente com empresários contratados por Paulo Roberto Costa para atuar em SUAPE
Ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, preso por lavagem de dinheiro na Operação Lava-Jato da Polícia Federal, Paulo Roberto Costa, era presença constante em Pernambuco. Nesse registro, feito pelo Blog de Política do Diário de Pernambuco, de 2010, o governador Eduardo Campos e o então secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado, Fernando Bezerra Coelho, assinaram, juntamente com Paulo Roberto Costa [grifos meus], contrato a empresa americana Oxbow Carbon Minerals, para a construção de uma calcinadora de coque, a ser produzido na RENEST. A assinatura do contrato foi celebrada pelo Partido do governador de Pernambuco, em seu site, que revelou ter sido Eduardo Campos, em pessoa que, durante viagens a Holanda e aos Estados Unidos costurou os contratos entre a empresa americana e a estatal brasileira, para se tornar fornecedora da Petrobras. Eis a notícia:
Suape atrai mais uma empresa para Pernambuco
Publicado por Partido Socialista Brasileiro (extraído pelo JusBrasil) - 3 anos atrás
O Porto de Suape continua a atrair investidores de várias partes do mundo. Nesta segunda-feira (5) foi a vez da empresa americana Oxbow Carbon Minerals LLC assinar dois acordos com a Petrobras para instalação de uma unidade de beneficiamento de coque um subproduto do petróleo que será produzido na Refinaria Abreu e Lima (RAL).
O acordo para trazer a Oxbow para Pernambuco começou a ser costurado ainda em 2007, durante visitas do governador e presidente Nacional do PSB, Eduardo Campos, a escritórios da empresa em Miami (EUA) e Roterdã (Hol). Os investimentos para a implantação de uma calcinadora giram em torno de R$ 350 milhões. A unidade irá transformar o coque verde em coque em pó. Apenas São Paulo detém este tipo de serviço em todo o país.
O governador Eduardo Campos explicou que a parceria entre a Oxbow e a Petrobras trará mais valor agregado ao coque saído da Refinaria Abreu e Lima. A Oxbow está desenvolvendo as modelagens e as possibilidades do que poderia ser uma planta como a que eles estão pensando em montar. A expectativa é da geração de 300 empregos diretos, disse Eduardo, após o evento realizado em Suape e que reuniu o diretor de abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, o presidente da RAL, Marcelino Guedes e o presidente da Tecop, subsidiária da Oxbow no Brasil, Jan Ruijsenaars.
Do total de petróleo que entra numa refinaria, o coque combustível utilizado também na produção do aço representa entre 5% e 10%. A Oxbow é uma empresa americana com mais de 100 anos de atuação e representada em todos os continentes com 20 escritórios. É a maior distribuidora de coque de petróleo do mundo, com remessas anuais de quase 11 milhões de toneladas. Em Suape, a produção pode chegar a 500 mil toneladas/ano.
Confira e leia mais:
http://noeliabritoblog.blogspot.com.br/2014/03/site-do-psb-revela-que-eduardo-campos.html
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Tudo isso confirma o que a presidenta Dilma disse em 2015, na abertura da 3ª Conferência Nacional de Juventude, em Brasília:
"[Os golpistas]Sabem que têm de usar de artifícios porque não conseguirão nada atacando minha biografia, que é conhecida. Sou uma mulher que lutou. Amo meu país e sou honesta. Além disso, não compartilho com algumas práticas da velha política que alguns deles professam. O mais irônico é que muitos que querem interromper meu mandato têm uma biografia que não resiste a uma rápida pesquisa no Google",
Ilustração: AIPC - Atrocious International Piracy of Cartoon
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