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"Nossa desigualdade, seja pela indiferença de uma elite vampiresca e míope, seja pelo desprezo de uma classe média boçal e tola, é uma continuidade direta com a escravidão nunca assumida efetivamente e nunca criticada em sua continuidade até os dias de hoje."
(Jessé Souza, A Radiografia do Golpe, LeYa, 2016)
Pedro Augusto Pinho*
No poder rentista da sociedade brasileira atual, os aspectos financeiros prevalecem sobre tudo e todos demais valores e mesmo nas relações entre pessoas, como prova temos a proeminência do Banco Central sobre as instituições nacionais, quer produtivas, quer comerciais, o que se dirá então das científicas, tecnológicas e educacionais.
Por isso, a contabilidade do Governo, que ao contrário do que se divulga nada tem da gestão familiar, é constante manchete da imprensa, quer para denegrir um dirigente quer para exigir maiores juros, quando não para imputar "crimes de responsabilidade".
O que verdadeiramente deve importar, para a vida e o desenvolvimento da sociedade, é o padrão social, sua formação, sua evolução, a transformação das relações que caracterizam o estágio da civilização brasileira. Refiro-me, em especial, ao conjunto formador do Poder Nacional, com seus ranços escravagistas, sua submissão ao sistema financeiro internacional (a banca), sua restrição, quando não despudorado vetado, à manifestação das ideias e à liberdade individual.
O fato é que o Brasil está sendo dirigido pelos representantes da banca, da bíblia e do boi, um nada divertido BBB.
Vamos desvendá-los, pois a comunicação de massa, a mídia brasileira, tudo frauda, distorce e engana, pelo interesse destes poderosos.
O poder sempre procura destruir ou manietar suas possíveis oposições, desde sempre, seja com as invasões armadas, com as excomunhões, os bloqueios e as chantagens de toda natureza. Em meados do século XX, os recursos tecnológicos da informação - produção, codificação, transmissão e recepção de dados - passaram a ser amplamente e com proficiência utilizados, principalmente pelo sistema financeiro internacional. Releva neste campo a espionagem, a desinformação, e tudo que levou ao empoderamento de uma ação judicial e o desmonte da maior e mais tecnologicamente bem sucedida empresa brasileira, nominalmente a Lava Jato e a Petrobrás.
Nem posso dizer que seja novidade a apropriação do poder nacional por um segmento privado, está toda nossa história a demonstrar. Este segmento é, nessas últimas duas a três décadas, a banca. O que poderia ser surpreendente, se não conhecêssemos nossa formação histórica, é a não coetânea união da banca com a bíblia.
Tomemos o exemplo da educação. A bíblia a quer dogmática e exclusiva, pouco importa sua capacitação operacional para as necessidades de uma civilização pós industrial, o que seria do interesse da banca.
Mas para a sociedade não interessa nem uma nem outra. Desejamos uma educação com objetivo libertário, inclusivo, transformador e criador, que dela surjam verdadeiros cidadãos, patriotas, conhecedores de nossa realidade e com capacidade de melhorá-la.
Mas o que faz esta bíblia? Estigmatiza, como ideológica, não fosse a religião uma ideologia, a educação crítica. Para isso conta com partidos formalmente constituídos que apresentam projetos em prol do imobilismo, quando não do próprio retrocesso. Veja, por exemplo, o Projeto do PSC, apoiado pelo PRB, PSDC e outros meramente oportunistas, que é denominado "Escola sem Partido". No próprio título do projeto já está definida sua ideologia não crítica, alienante. Ou não há uma Partido de Deus senhor Bispo Crivella?
Cuidemos de outra fraude: a família. O professor Gérard Delille, da Universidade de Florença, em livro recente (L'Économie de Dieu, Les Belles Lettres, 2015), afirma que a "família em Roma era antes um conceito de poder do que de parentesco biológico". Efetivamente, a palavra latina "familia", donde a expressão "pater familias", o dirigente, tem a mesma raiz de "famulus", empregado, servo, abrigado sob a única e mesma direção. Pode-se dizer que o conceito de família sempre acompanhou mais os bens do que os sentimentos. Mas estes partidos da bíblia procuram demonizar as uniões afetivas, as relações por interesses diversos dos bens. Nada cristão, diria eu.
Por último o boi. Herança escravagista de nossa sociedade, em pleno século XXI, como até bem pouco eram as empregadas domésticas e contra seu novo status, idêntico a qualquer trabalhador, tantas mãos perfurmadas bateram panelas.
Este governo usurpador que se instala no País, com o golpe da banca, da bíblia, do boi e dos interesses geoestrategicos norteamericanos, definitivamente não beneficia o Brasil e nos ameaça, como já ocorre em São Paulo, com repressão, intimidação e o silêncio, que por duas vezes buscaram impor na Empresa Brasileira de Comunicações.
Fora com o que devemos realmente temer e não as fantasias bolivarianas.
*Pedro Augusto Pinho, avô, administrador aposentado
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