por Francisco Luís, especial para o Viomundo // http://www.viomundo.com.br/
Escrevo este texto emocionado e quase chorando pelos acontecimentos — antes e depois — da manifestação pacífica que reuniu 100 mil pessoas no Fora Temer pelas ruas da cidade de São Paulo.
Antes, sem motivo, foram presos 26 jovens.
Depois, ao final de um ato totalmente pacífico, a PM, sem nenhum motivo também, partiu para a violência, atirando bombas de efeito moral, gás pimenta e balas de borracha, a torto e a direito.
Sobrou geral para quem estivesse no caminho.
Do repórter da BBC aos parlamentares Lindbergh Farias (PT-RJ), Paulo Teixeira (PT-SP) e Roberto Amaral, ao ex-presidente do PSB, entre tantos que estivessem pela frente.
Segundo o comandante da PM, o Estado deve garantir a ordem.
Mas quem é o Estado?
No caso aqui, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB-SP), e o presidente ilegítimo da República, Michel Temer (PMDB-SP).
Temer também participa dessa barbárie, sim, campanha falando de atos violentos. Ocorre que a polícia, todos sabemos, também planta provocadores para justificar a repressão.
O gesto de Temer, já batizado de o “ladrão de direitos”, objetiva principalmente garantir forte repressão para que não haja resistência, quando vier o chumbo grosso.
Leia-se: reforma da previdência, trabalhista, com o fim do décimo-terceiro salário e terceirização em massa, aprovação de um arrocho brutal no setor público (PLP 257 e da PEC 241), redução dos recursos para as áreas da saúde, educação, cultura e outras que compõem o gasto social. Isso só se consegue com violência brutal.
Cinicamente, Temer justifica rasgar a Constituição com ação repressiva, que viola a liberdade de expressão e o direito à resistência pacífica.
Ou seja, estamos em plena ditadura civil.
Em geral, a mídia faz o trabalho sujo, publicando o que interessa ao grande capital e ao governo, seus financiadores. Ou seja, de que houve confusão nos atos.
A intenção é diminuir as manifestações, quando o saco de maldades se tornar público, já que haverá muita revolta pelas perda de direitos.
Outro papel que a mídia faz e quer caracterizar os movimentos de ontem como contra o impeachment. Ora, isso já é fato consumado.
Agora, inicia-se um outro tempo: o de luta pela manutenção dos direitos arduamente conseguidos por gerações. O capital quer sangue e não vai se contentar com pouco. Quer aumentar, ao máximo, a exploração e seu lucro.
A guerreira presidente Dilma, que não cometeu crime algum, cumpriu o seu papel de ser nosso escudo o quanto pode.
Agora, sem ela no poder, ou lutamos pelos nossos direitos ou iremos chorar por muito tempo.
O choro de ver a perda lenta da liberdade se transforma em indignação, e esta é única força capaz de mudar a realidade trágica que vivemos.
O silêncio dos liberais ante a perda da liberdade ainda vai custar muito mais caro.
Por isso, o meu pedido aos movimentos sociais. Precisamos recriar o mapa da democracia para mandarmos, via e-mail, mensagem aos deputados e senadores.
Temos de lembrá-los diariamente de que o voto deles contra o fim dos nossos direitos serão cobrados nas urnas.
Temos que construir mecanismos de pressão social mais forte após outubro quando o saco de maldades será revelado.
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