Nos tempos em que Salazar governava Portugal, e os portugueses se faziam merecedores de piadas, a mais frequente era a do secreta português que usava distintivo orgulhosamente na lapela.
Nos últimos anos, a piada é o Brasil. E já temos nosso secreta: o ardiloso capitão do Exército Wilson Pina Botelho, codinome Balta.
O anonimato é o instrumento de trabalho do secreta. O capitão colocou sua foto no Tinder, viveu gloriosamente o papel de esquerdista padrão, passando pelo crivo técnico de adolescentes namoradeiras. Como um James Bond dos trópicos, usou o charme para seduzir uma jovem sonhadora e inserir-se em perigosa organização terrorista.
Depois, exerceu seu formidável appeal, sua sagacidade incomparável, para convencer um grupo de adolescentes a mudar o local de encontro para as manifestações da Paulista, da Estação da Luz para o Centro Cultural São Paulo.
Lá, o galante capitão foi apartado da turma sob o argumento de que estaria aguardando sua mulher dar à luz. Imediatamente denunciou-se para a rapaziada. Não foi necessário nenhum trabalho investigativo para que o secreta brasileiro fosse descoberto.
Depois, foi só divulgar a foto e esperar algum conhecido identificar a verdadeira identidade.
O capitão Botelho, vulgo Balta, sacrificou seu cacife de secreta, o anonimato, para deter vinte jovens que não representavam nenhum perigo à ordem pública. O máximo que aspiravam era socorrer algum manifestante vítima de bomba. Expôs a comunidade de informação ao ridículo, entregou sua identidade, desmoralizou a operação – já que, em lugar de “terroristas” deteve jovens pacíficos, frequentadores de sites de namoro.
Para completar, a piada foi endossada pela tropa da PM, certamente impressionada pela colaboração com um alto membro do serviço secreto. Quando viram a esparrela em que tinham caído, era tarde.
E não me venham mais contar piadas de secreta português.
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