DOYLE: ROLLEMBERG SE ARRISCA AO APOIAR TEMER E NEGAR GOLPE
"A estratégia de Rollemberg é arriscada e com grande probabilidade de ser um tiro n’água. Ao apoiar o impeachment e dar um voto de confiança a Temer, o governador, como o senador Cristovam Buarque, afasta-se ainda mais da 'esquerda' e não se aproxima da 'direita'”, diz o colunista Hélio Doyle, ao comentar a entrevista do governador Rodrigo Rollemberg, do PSB, em que ele nega o golpe de 2016 e sinaliza apoio a Michel Temer
Por Hélio Doyle, em seu blog // http://www.brasil247.com/
O governador Rodrigo Rollemberg (foto) deve estar acreditando mesmo que receberá ajuda do governo federal e do presidente Michel Temer para enfrentar a grave crise financeira e econômica do Distrito Federal. Só essa esperança pode explicar a entrevista que deu ao Correio Braziliense – e que ele mesmo sugeriu ao jornal que fizesse.
A entrevista só traz de novo a defesa que o governador faz do impeachment e sua recusa à tese do golpe. Até agora, Rollemberg vinha evitando se posicionar quanto ao afastamento de Dilma Rousseff, o que ele explica na entrevista: “Se eu tivesse, em algum momento, tomado qualquer posição, isso contribuiria para a radicalização em Brasília e comprometeria a segurança”.
Ficou calado até agora, poderia ter continuado calado. Se resolveu tomar posição após o resultado no Senado, é porque achou que valeria a pena falar.
No caminho tem um Filippelli
A estratégia de Rollemberg é arriscada e com grande probabilidade de ser um tiro n’água. Ao apoiar o impeachment e dar um voto de confiança a Temer, o governador, como o senador Cristovam Buarque, afasta-se ainda mais da “esquerda” e não se aproxima da “direita”, que tem um de seus maiores representantes, Tadeu Filippelli, ocupando gabinete a poucos metros do presidente da República.
A mais de um interlocutor Filippelli já disse que não há, no governo federal, nenhuma disposição de dar tratamento preferencial ao Distrito Federal. O governo federal não tem recursos sobrando e conceder benefícios diferenciados ao governo de Brasília desagradaria aos governadores de estados e poderia gerar efeito cascata.
Além do que Filippelli tem planos políticos para 2018, e esses planos não passam pelo fortalecimento de Rollemberg.
A lógica da política é outra
O governador tem pesquisas que mostram que a maior parcela do eleitorado brasiliense se situa no centro e que os que se colocam à direita superam em 6 a 8 pontos percentuais os que se dizem de esquerda. E é notório que a maioria dos brasilienses era favorável ao impeachment de Dilma.
O raciocínio linear que o governador pode estar fazendo é simples: ao defender o impeachment e recusar que houve golpe, está ao lado da maioria da população. E se perde a esquerda, ganha o centro e a direita.
Só que a política não se move por raciocínios lineares.
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