sexta-feira, 21 de outubro de 2016

SÓ FALTOU A LIMOUSINE

                Nonato Menezes
Em tempos de Lava-jato, o patético é o show. Helicópteros, inclusive o da Rede Globo, sobrevoando a detenção dos criminosos.

Dezenas de agentes federais, armados até os sapatos. Delegados, procuradores do Ministério Público, num alvoroço que nem Al Capone foi capaz de provocar.

Jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas num corre-corre, num frenesi de paparazzi; todos querendo a melhor posição para uma foto, uma imagem ou uma expressão daquele inimigo público, tipo: puta que pariu!

Daquele meliante, qualquer gesto ou expressão serve para ocupar espaço e tempo na mídia esgoto de coliformes fecais.

Mas...

Depois de morto, entra Eduardo Cunha no script.


Tudo armado. E aquele antigo entendimento das nossas elites que, nós o povo, somos “apenas um detalhe”.

Sem helicóptero, sem jornalistas, sem fotógrafos, sem cinegrafistas, animados feitos macacos no cio. Nada. Tudo na perfeita ordem e paz. Apenas para registro e com direito a diálogo.

O policial chefe.
- Boa tarde! O senhor Eduardo Cunha, está?

O porteiro, de luvas.
- Sim, ele já está esperando!

O policial federal, sem armas.
- Podemos falar com ele?

O porteiro.
- Sim, vou chama-lo!

Ele.
- Sim, já estou pronto!

O policial, ás 13h30min.
- Boa tarde! O senhor já almoçou?

Ele.
- Sim, já! Podemos ir.
- Ah! Que carro vou ocupar?

O policial.
- Doutor, não é muito confortável, mas pode entrar naquele ali.

Ele.
- Muito obrigado, vou conseguir chegar até o aeroporto.

O policial.
- Pois não; deixe que eu  abro a porta.

Ele.
- Obrigado.

“Num despacho, Sérgio Moro determinou que “não deve ser utilizada algema, salvo se, na ocasião, evidenciado risco concreto e imediato à autoridade policial”.”

“Continua: “Consigne-se que, tanto quanto possível, não se deve permitir a filmagem ou a fotografia do preso durante a efetivação da prisão e deslocamento”.”
No Cabaré Brasil é assim que funciona.

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