Nonato Menezes
Em tempos de Lava-jato, o
patético é o show. Helicópteros, inclusive o da Rede Globo, sobrevoando a
detenção dos criminosos.
Dezenas de agentes federais,
armados até os sapatos. Delegados, procuradores do Ministério Público, num
alvoroço que nem Al Capone foi capaz de provocar.
Jornalistas, fotógrafos e
cinegrafistas num corre-corre, num frenesi de paparazzi; todos querendo a
melhor posição para uma foto, uma imagem ou uma expressão daquele inimigo
público, tipo: puta que pariu!
Daquele meliante, qualquer gesto
ou expressão serve para ocupar espaço e tempo na mídia esgoto de coliformes
fecais.
Mas...
Depois de morto, entra Eduardo
Cunha no script.
Tudo armado. E aquele antigo entendimento
das nossas elites que, nós o povo, somos “apenas um detalhe”.
Sem helicóptero, sem jornalistas,
sem fotógrafos, sem cinegrafistas, animados feitos macacos no cio. Nada. Tudo na
perfeita ordem e paz. Apenas para registro e com direito a diálogo.
O policial chefe.
- Boa tarde! O senhor Eduardo
Cunha, está?
O porteiro, de luvas.
- Sim, ele já está esperando!
O policial federal, sem armas.
- Podemos falar com ele?
O porteiro.
- Sim, vou chama-lo!
Ele.
- Sim, já estou pronto!
O policial, ás 13h30min.
- Boa tarde! O senhor já almoçou?
Ele.
- Sim, já! Podemos ir.
- Ah! Que carro vou ocupar?
O policial.
- Doutor, não é muito
confortável, mas pode entrar naquele ali.
Ele.
- Muito obrigado, vou conseguir
chegar até o aeroporto.
O policial.
- Pois não; deixe que eu abro a porta.
Ele.
- Obrigado.
“Num despacho, Sérgio Moro determinou que “não deve ser utilizada
algema, salvo se, na ocasião, evidenciado risco concreto e imediato à
autoridade policial”.”
“Continua:
“Consigne-se que, tanto quanto possível, não se deve permitir a filmagem ou a
fotografia do preso durante a efetivação da prisão e deslocamento”.”
No Cabaré Brasil é assim que funciona.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
12