quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Neoliberalismo: Fascismo social e fascismo político

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Por Ari Zenha
“As colunas da injustiça sei que só vão desabar quando o meu povo, sabendo que existe, souber achar dentro da vida o caminho que leva à libertação” – Thiago de Mello
Compartilhamos com inúmeros pontos da análise de Boaventura de Sousa Santos em seu livro: “A Difícil Democracia, Reinventar as Esquerdas”. Com lucidez e profundidade, Boaventura nos remete a importantes questões que permeiam a realidade, notadamente social e política, tanto do século XX como neste início do século XXI.

Tendo como “pano de fundo” as considerações e análises de Sousa Santos, vamos partir para um enfoque que imbuído de uma perspectiva revolucionária, transformadora da realidade mundial, possamos contribuir para o grande debate em que as várias nuanças do movimento, da “flexibilização” e da dinâmica do capitalismo têm demonstrado há mais de 200 anos de hegemonia e força, tanto econômica como política.
"Uma sociedade marcada pelo consumismo e pelo individualismo que se impõe aos seres humanos uma, que chamamos não identidade, ou melhor, uma espécie de desterro" 
  
Vivemos hoje com uma impetuosidade nunca imaginadas um capitalismo arrogante, dominador, opressor, destruidor e demoníaco!
Viver hoje em bem dizer qualquer parte do mundo é não escaparmos ao que alguns chamam de sociedade do espetáculo, da vida espetacularizada, às mutações constantes, visíveis e “invisíveis” que transpassa um existir, simbólico e real, onde o sentimento de impotência, de desprazer, de medo, de violência de uma sociedade marcada pelo consumismo e pelo individualismo que se impõe aos seres humanos uma, que chamamos não identidade, ou melhor, uma espécie de desterro. Mas esse banimento provoca e determina uma infinidade de modelos, de “confortos”, de encontros e desencontros no que chamo hoje de espaço virtual, espaço cibernético, tempo de internet, das comunicações e vidas virtuais, simulando e trazendo ao indivíduo um prazer, uma satisfação, uma vida de servilismo, de subserviência que é considerada e vivida com prazer, com satisfação, onde o desgosto, o desprazer, é complementado pelo consumo, plasmado numa cultura do hiperconsumo, do prazer efêmero que deve ser constantemente preenchido velozmente e em escala cada vez maior, insaciavelmente.
Ao realizarmos essa pequena digressão, vamos tomar os rumos a que achamos fundamentais, indispensável que é construção da democracia, mas a que chamo coletivo-democrático-popular. Essa forma de democracia vem e tem que ser construída, alicerçada na reflexão, na prática e constatação de que o neoliberalismo “é antes de tudo, uma cultura do medo, do sofrimento e de morte para as grandes maiorias...”.
A grande “armadilha” que a esquerda em sua quase totalidade está acorrentada, imobilizada e sem saída, evidencia que essa “armadilha” das direitas em que se encontra boa parte das esquerdas, grosso modo, representa uma espécie de cultura de redução a uma realidade que Boaventura chama; “reduzir a realidade ao que existe, por mais injusta e cruel que seja, para que a esperança das maiorias pareça irreal. O medo na esperança mata a esperança na felicidade”.
A hegemonia do capitalismo neoliberal comandada pela lógica do capital financeiro e do mercado sem peia, na busca, insana, de acumulação, lucro e reprodução de suas forças produtivas, de suas tecnologias avassaladoras, na destruição do ecossistema, da biodiversidade e do próprio ser humano, está na lógica do imperativo do capitalismo global. Hoje como a algumas décadas representadas no que concordamos com Boaventura, um fascismo social, um fascismo político e acrescentamos, um fascismo econômico.
O fascismo social, político e econômico se entrelaçam de forma dialética não convivem separadamente de forma estanque, nem representam a sua forma clássica como veio ao mundo, como fascismo italiano e o nazi fascismo alemão. Os vários matizes de fascismo têm se
"O capitalismo ao longo de mais de um século têm se portado com um dinamismo que nós, da esquerda, não podíamos, ou melhor, não tivemos a lucidez e perspicácia de entender" 
  
apresentado em diversas partes do mundo sua afirmação, suas características e formas de agir, de atuar e se representar diante da realidade, do concreto, assumindo peculiaridades que se adaptam às inúmeras aparências históricas agrupando as necessidades do capitalismo aos seus imperativos necessários a sua manutenção e expansão como modo de produção.
O capitalismo ao longo de mais de um século têm se portado com um dinamismo que nós, da esquerda, não podíamos, ou melhor, não tivemos a lucidez e perspicácia de entender e nos adequar para enfrentar o capital e suas variantes de hegemonia e dominação!
O capitalismo ao longo do tempo tem mantido uma voracidade, uma violência tão impetuosa e devastadora, que aliada a um despotismo ideológico e opressor que se alastra pelo mundo irradiando seu modus de vida com uma eficácia, competência, maleabilidade e versatilidade que muito de nós da esquerda não tivemos a lucidez e acuidade de entender e nos adequar a luta contra o capital em suas variantes de hegemonia e dominação!
Constatar esses pontos não significa para as esquerdas e para o movimento revolucionário sinal de fraqueza, de temor ou de incapacidade de levar adiante a luta contra o capital e seus ideólogos, mas sim, uma demonstração de humildade e sabedoria para que possamos enfrentar a luta revolucionária com mais lucidez, discernimento e determinação!


 Ari de Oliveira Zenha é economista

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