terça-feira, 11 de abril de 2017

Levante feminino


Mulheres se unem em campanhas e novas ferramentas de ativismo e vivem uma “primavera feminista”

Por Fernanda Vicente
http://www.carosamigos.com.br/

Nunca a palavra feminismo foi tão falada e divulgada como nos últimos anos. Basta lembrar novembro do ano de 2015, quando a Primavera das Mulheres explodiu em luta e empoderamento, levando milhares de mulheres às ruas de todo o País. Empunhando cartazes e faixas, feministas mais velhas e jovens que estavam na rua pela primeira vez, lutavam contra o Projeto de Lei 5.069, do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que modifica a Lei de Atendimento às Vítimas de Violência Sexual (Lei 12.845/13). Em tempos sombrios, feministas se unem contra a bancada fundamentalista do Congresso Nacional e reivindicam direitos e espaços dentro de um sistema patriarcal.
E não apenas contra a bancada evangélica as mulheres vêm se unindo. Em maio de 2016, o caso da menina de 16 anos estuprada por 33 homens em uma comunidade no Rio de Janeiro chocou a opinião pública. Após a veiculação de um vídeo onde a adolescente aparecia machucada e desacordada, mulheres foram novamente para as ruas protestar contra esse tipo de violência. Em 24 horas após a exposição do vídeo, várias manifestações ocorreram nas principais capitais e cidades. E na esfera digital, a hashtag #EstuproNuncaMais ficou por dois dias como o assunto mais falado nas redes.

Em março de 2016, estudantes da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFFRJ) criaram o movimento Me Avise Quando Chegar, por conta dos inúmeros casos de estupros e assédios que estavam ocorrendo no campus há quase três décadas. Só no início do ano de 2016, três jovens foram estupradas em Seropédica, um campus de aproximadamente 3.024 hectares, rodeado de natureza e considerado um dos maiores centros universitários da América Latina. Com as palavras de ordem “Mobiliza, o corpo é nosso, é nossa escolha. É pela vida das mulheres”, as universitárias tomaram o campus exigindo providências imediatas da reitoria.

As redes sociais cumprem um papel crucial nesse momento de levante das mulheres. É por meio dela que se organizam, debatem, articulam e planejam ações como a campanha #chegadefiufiu, criada em 2013 pelo Think Olga, um portal feminista desenvolvido pela jornalista Juliana de Faria. O objetivo da campanha é coibir o assédio sexual nos espaços públicos. Após o compartilhamento de histórias de diversas mulheres, a pesquisa realizada pelo coletivo pontuou que 98% das 8 mil mulheres entrevistadas já sofreu algum tipo de assédio. “Todos os dias, mulheres são obrigadas a lidar com comentários de teor obsceno, olhares, intimidações, toques indesejados e importunações de teor sexual”, diz a campanha.

Ainda dentro das esferas virtuais, em 2014, em protesto à pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que mostrava que 65% dos brasileiros concordavam com a afirmação de que “mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas”, a jornalista Nana Queiroz idealizou o movimento #eunaomerecoserestuprada, hashtag que reuniu postagens de fotos de mulheres de várias regiões do País com as palavras de ordem pintadas no corpo ou em cartazes afirmando categoricamente que mulher nenhuma merece esse tipo de violência. O alcance da campanha foi tão grande que o próprio Ipea revisou a pesquisa e, uma semana depois da polêmica, publicou uma errata na qual, na verdade, 70% da população se dizia contra o estupro, independentemente de como a mulher estivesse vestida.

Em 2015, mais uma vez a polêmica ressurgiu com a campanha #Meuprimeiroassedio – mulheres de coragem narraram casos revoltantes de assédios, muitos ainda na primeira infância por parte do pai, padrasto, tio, amigo da família, vizinho.

Anterior à campanha meu primeiro assédio, houve a #Meuamigosecreto. Em alusão à brincadeira por manter o anonimato de amigos homens, mulheres narraram comportamentos contraditório entre público e privado, como no post “#Meuamigosecreto diz que aborto é assassinato, mas pediu pra namorada abortar quando ela engravidou”, publicado no Twitter pelo coletivo feminista Não Me Kahlo, em novembro. O manifesto viralizou nas redes sociais e acabou virando o livro #MeuAmigoSecreto: Feminismo Além das Redes. “Acreditamos que sair do campo virtual e migrar para os livros é uma ampliação dos campos de discussão sobre esses temas abordados nas hashtags. É uma oportunidade de dar continuidade e promover a permanência desses assuntos”, afirma as integrantes do coletivo, Bruna de Lara, Bruna Leão, Gabriela Moura, Paola Barioni e Thaysa Malaquias, que moram em diferentes regiões do País.

Criada por Alessandra Orofino, Ana Carolina Evangelista, Antonia Pellegrino e Manoela Miklos, a campanha #agoraequesaoelas surgiu no final de 2015, quando por uma semana mulheres ocuparam os espaços masculinos de fala na mídia. A ideia inicial do projeto era de homens convidando mulheres para escrever no seu lugar e se colocarem no lugar do ouvinte, dando voz e vez a uma mulher, reconhecendo a urgência da luta feminista. Vários jornalistas, escritores, blogueiros e intelectuais cederam suas colunas em diversos veículos de comunicação para que mulheres pudessem escrever/falar sobre as opressões femininas cotidianas. A campanha segue com uma coluna fixa no jornal Folha de S.Paulo.

Nesse boom do feminismo midiático, a advogada Anna Haddad, a assessora de projetos Giovana Camargo e a jornalista Carol Patrocínio criaram a plataforma Comum.vc, uma comunidade exclusivamente de mulheres, onde se produz conteúdos, fóruns e encontros presenciais. A ideia surgiu da necessidade de criar um ambiente seguro e exclusivo para mulheres. Para Carol, é importante as mulheres ocuparem todos os espaços cujo acesso um dia foi negado. “Sou dessas que qualquer brechinha já enfia a cara e sai falando de feminismo e temas que a gente precisa falar e ninguém quer. É importante atingir o má- ximo de pessoas possível”, afirma.

De acordo com Carol, muitas marcas já se apropriaram do movimento e outras ainda o vão, o que a jornalista não julga como negativo, e acrescenta “Elas podiam vender de milhares de maneiras, se preferem vender dando espaço pra gente falar do que realmente importa, vamos lá”.

Segundo Djamila Ribeiro, feminista negra, pesquisadora na área de Filosofia Política e secretária- -adjunta da Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo, as mídias sociais são muito importantes, pois ampliam o discurso e alcançam as pessoas com a facilidade que de outro modo não seria possível. “A mídia hegemônica, de certo modo, ainda nos ignora. Mas muitas denúncias que surgem pelas redes sociais ganham espaço e, às vezes, até pautam a mídia hegemônica. É um espaço de militância muito importante quando bem utilizado e com estratégia. Em relação ao feminismo negro, foi um espaço onde fomos capazes de existir, de falar a partir das nossas narrativas e visões. Passamos a disputar narrativas de um modo mais amplo”, completa Djamila.

O Brasil ocupa a incômoda quinta posição em um ranking global de assassinatos de mulheres. Segundo pesquisa realizada em 2014 pelo instituto Avon em parceira com DataFolha, três em cada cinco mulheres jovens já sofreram violência em relacionamentos. A estimativa feita pelo “Mapa da Violência 2015: Homicídios de Mulheres no Brasil”, com base em dados de 2013 do Ministério da Saúde, alerta para o fato de ser a violência doméstica e familiar a principal forma de violência letal praticada contra as mulheres no Brasil.

Dessa forma, mulheres encontram nas ruas um espaço democrático para reverberar sua luta contra a violência de gênero. Como na Marcha das Vadias, que ocorre todo ano, principalmente nas capitais, movimento feminista mundial que surgiu no Canadá, em 2011, quando um policial, ao falar na Universidade de York sobre segurança e prevenção ao crime, afirmou que “as mulheres deveriam evitar se vestir como vadias, para não serem vítimas de ataque”. Como reação à declaração machista do policial, milhares de mulheres saíram às ruas de Toronto protestando que nenhuma violência contra a mulher é justificável.

Em Brasília, as mulheres trabalhadoras rurais, indígenas e quilombolas também se reúnem anualmente para a Marcha das Margaridas, que tem como objetivo lutar por aperfeiçoamento e consolidação das políticas públicas voltadas às mulheres do campo, da floresta e das águas. A escolha do nome Marcha das Margaridas e da data é uma homenagem a Margarida Maria Alves, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, na Paraíba. Ela foi assassinada em 12 de agosto de 1983 a mando de latifundiários da região. Margarida dizia: “É melhor morrer na luta do que morrer de fome”.

Em 18 de novembro de 2015, em um ato de resistência, as feministas negras se organizaram e levaram para a rua a 1ª Marcha Nacional das Mulheres Negras, a favor de enegrecer o debate dentro dos movimentos sociais e dar visibilidade à mulher negra, que sofre com o apagamento por ser oprimida duas vezes: como mulher e como negra. Segundo a organização do evento, cerca de 10 mil pessoas se reuniram para reivindicar políticas de combate à discriminação e à violência, pois segundo o “Mapa da Violência 2015”, entre 2003 e 2013, o número de assassinatos de mulheres negras aumentou 54% enquanto o mesmo crime contra mulheres brancas caiu quase 10%.

Construída coletivamente entre mulheres lésbicas e bissexuais, há treze anos ocorre anualmente em São Paulo a Caminhada de Mulheres Lésbicas e Bissexuais, que reivindica visibilidade e representatividade política de todas as mulheres, inclusive as trans, levantando também o debate sobre questões raciais e de classe. A caminhada teve início em 2001 com o grupo Umas & Outras, uma lista de e-mails para lésbicas. Ele se expandiu e começou a organizar atividades culturais para mulheres lésbicas. Junto com o Movimento Lésbico de Campinas, o Umas & Outras organizou uma caminhada em São Paulo inspirada na Caminhada Lésbica do México de 2003 que, por sua vez, foi inspirada nas Dyke Marches dos Estados Unidos. A caminhada é um ato político e tornou-se um marco no movimento pelos direitos de mulheres lésbicas e bissexuais. Direitos esses escondidos por um sistema machista, misógino, sexista, lesbo e bifóbico.

Sororidade

No feminismo uma palavra sempre é repetida entre as mulheres: sororidade. Sororidade significa irmandade entre mulheres, solidariedade feminista no combate à rivalidade e à competição pregadas pelo machismo. É também a ideia de que juntas as mulheres são mais fortes. Um dia, voltando tarde da noite para casa, a jornalista e feminista Babi Souza sentiu o medo e a insegurança comum a toda mulher que está vulnerável em uma praça escura e deserta. E pensou que se as mulheres se unissem nas ruas para voltar do trabalho, escola ou balada, se sentiriam mais seguras. Nasceu assim o “Vamos Juntas?”, um movimento de sororidade e luta contra a violência de gênero.

Segundo Babi, “só as mulheres entendem o alívio de olhar para trás na rua e ver que a pessoa que está caminhando atrás de você é outra mulher”. A ação cresceu de forma acelerada e em duas semanas e meia tinha 100 mil curtidas – atualmente, cerca de um ano depois, tem mais de 300 mil seguidoras e recebe cerca de cem relatos de assédio por dia. Em março de 2016, o movimento se transformou no livro Vamos Juntas? – O Guia da Sororidade.

Criada no dia 12 de março de 2016, a campanha “Mais Amor Entre Nós” é uma corrente feminista que tem se alastrado pelo Brasil. A ideia surgiu da jornalista Sueide Kintê, que criou um post em sua página do Facebook oferecendo serviços de graça para outras mulheres. Ganhou adesão rapidamente e hoje já soma centenas de seguidoras, que oferecem ajuda e serviços entre si. Desde faxina, de babá e até aula de inglês. Por conta da demanda, a idealizadora da campanha e uma equipe de mulheres voluntárias se dedicam atualmente à cria- ção de um aplicativo e criaram recentemente um site para aproximar as mulheres que desejam aderir ao movimento. “Sororidade é coisa antiga que mulher sempre fez. Uma xícara de açúcar, um chá de boldo colhido direto do pé ou até uma escuta amiga na porta de casa”, diz Sueide. A finalidade é unicamente praticar a generosidade entre mulheres no estilo corrente do bem.

A iniciativa também fomentou a criação de grupos em outros estados como o Mais Amor Entre Nós Jundiaí e o Mais Amor Entre Nós Brasília. As mobilizadoras da campanha reforçam que qualquer mulher pode ser colaboradora, na medida de seu tempo e condição.

Lute como uma garota

Em novembro de 2015, vários estudantes secundaristas da rede estadual de São Paulo ocuparam centenas de escolas em protesto contra a reorganização escolar proposta pelo governador Geraldo Alckmin, que anunciava o fechamento de 93 escolas, além da imposição de apenas um dos ciclos para 754 estabelecimentos, o que afetaria 311 mil alunos e 74 mil professores. Os estudantes permaneceram “morando” nas escolas por mais de um mês e a pressão decorrente das ocupações levou o governo a suspender a medida em 4 de dezembro. Aos poucos, as escolas foram desocupadas. Nesse contexto, surgem às estudantes secundaristas, mulheres liderando grupos, reagindo às opressões e abuso de poder da Polícia Militar e organizando as ocupações.

Levantando bandeiras feministas como “Lute como uma garota”, as adolescentes se transformaram em símbolos de resistência da luta secundarista, como a estudante Marcela Nogueira dos Reis, negra e perifé- rica, que teve visibilidade quando enfrentou um policial militar em uma avenida movimentada de São Paulo ao ter sido proibida de ministrar uma aula em via pública. Marcela não só falou sobre o machismo nas escolas, como reclamou do debate sobre racismo, alegando que sente falta de temas importantes no cotidiano da sala de aula.

Transfeminismo

Há algum tempo, uma nova corrente feminista tem ganhado força no debate da sociedade em geral. Nem tão nova assim, pois nos Estados Unidos essa corrente já existe há pelo menos duas décadas, impulsionada tanto por teorias acadêmicas, quanto por movimentos ativistas autônomos. No Brasil, assim como ocorreu com o feminismo tradicional há muitas décadas atrás, veio importada desses mesmos movimentos e teorias que buscam, sobretudo, a emancipação das pessoas trans.

Pessoas trans – transgênero – são pessoas que sentem incongruência com o gênero com o qual nasceram. Cansadas da falta de visibilidade e até mesmo da exclusão dentro do próprio movimento feminista, mulheres trans se organizam para lutar em prol de sua emancipação e autonomia, frente uma estrutura que as mantém à margem.

O transfeminismo é uma corrente do feminismo voltada especialmente às questões da transgeneridade e nasce da aplicação de conceitos transgêneros ao discurso feminista. Ele tem suas raízes no feminismo negro, trazendo como um de seus conceitos centrais a interseccionalidade.

O movimento surgiu a partir da concepção de que mulheres trans têm seus direitos negados ao reivindicar serem respeitadas e reconhecidas como mulheres. Apagadas nos debates LGBTs e nos debates feministas, impedidas de exercer direitos básicos como ir à escola, já que muitas vezes a transfobia não permite que continuem dentro dos espaços de trabalho e educacionais. Sendo dessa forma, as mulheres transexuais buscam um feminismo voltado às questões de transgeneridade.

Após os avanços para as mulheres negras, latinas, bissexuais, lésbicas e operárias, em um contexto no qual o feminismo era majoritariamente branco, burguês e elitista, surgem os estudos de gênero ligado às demandas LGBTs, após a Revolta de Stonewall, em 28 de junho de 1969, quando as travestis e mulheres transgênero tiveram importantíssimo papel na luta contra a truculência da polícia e as políticas contra LGBTs nos Estados Unidos.

Em seu livro Gender Trouble, a filósofa estadunidense Judith Butler defende que o sujeito do feminismo não é apenas a mulher, no singular; são sim as mulheres, plural, tornando as discussões voltadas para as mulheridades. Sendo assim, nota-se que o feminismo não pode ser pautado com a ausência das mulheres trans, travestis e pessoas não-binárias, as que não se identifi cam como homem, nem mulher.

Em tempos em que mulheres trans têm sua identidade rejeitada, seja em redes sociais, na mídia ou em suas relações cotidianas, trazer à tona uma discussão sobre como essas mulheres lidam com sua feminilidade é significativo, pois é por meio da quebra da normatividade que questões de gênero poderão vir à tona de maneira saudável.

Em meio a um cenário cruel e excludente, mulheres trans e travestis encontram no transfeminismo um ponto de apoio, inclusão e empoderamento, uma vez que o Brasil é o País que mais mata travestis e transexuais no mundo. Entre janeiro de 2008 e março de 2014, foram registradas 604 mortes, segundo pesquisa da organização não governamental Transgender Europe (TGEU), rede europeia de organizações que apoiam os direitos da população trans.

É fato que o feminismo cresceu muito nas duas últimas décadas aqui no Brasil. Hoje, jovens articuladas não têm medo de falar sobre assédio, aborto, relacionamentos abusivos e outros assuntos polêmicos, assim como mulheres empoderadas tomam as ruas para pleitear por um estado laico que não legisle sobre seus corpos. Se de um lado existe uma grande luta pela emancipação, de outro, ultraconservadores que ocupam o Congresso Nacional fazem de tudo para barrar qualquer avanço significativo com relação aos direitos das mulheres.

O projeto de lei 5.069 proíbe o uso da pílula do dia seguinte, um contraceptivo de emergência usado por vítimas de violência sexual como procedimento para evitar uma gravidez indesejada, consequência de um estupro. 

É nítido que todos esses projetos fazem parte da reação dos conservadores, pelo fato de haver cada vez mais mulheres, especialmente jovens – o futuro do País –, que não toleram mais nenhum tipo de opressão. Esses projetos fazem parte de um cenário triste, porém, essa guinada conservadora apenas explicita o enorme avanço e impacto social dessas lutas. Recentemente, deputadas tomaram a “bancada” da Câmara dos Deputados exigindo a cassação de Eduardo Cunha e que nenhum direito das mulheres fosse retirado – Cunha acabou cassado em meados deste setembro. Isso aconteceu por conta da criação da Comissão da Mulher, que o ex-deputado do PMDB barrou, mesmo em votação legítima.

Para Djamila Ribeiro, o movimento ganhou muita força nos últimos tempos, algo que vem sendo construído historicamente por quem antecedeu a luta feminista, mas completa: “Embora o movimento tenha crescido, vivemos um momento de retrocessos muito grande que atinge diretamente reivindicações históricas. É um momento no qual é preciso fortalecer e endurecer mais contra o ataque aos nossos direitos”.

Segundo Carol Patrocínio, o feminismo é uma necessidade básica para a sobrevivência digna da mulher em um momento em que o governo pretende tirar todas as nossas conquistas. “Porque conquistamos os direitos que temos hoje a duras penas, com muito sangue, com muitas mulheres que perderam a vida por abortos ilegais, por estupros, por crimes de ódio. E tudo isso está sendo retirado por questões religiosas de um governo laico. Chega a ser surreal o momento que estamos vivendo. E só o feminismo pode unir tantas forças para pressionar esse governo ilegítimo”, pontua.

Unidas por conta do gênero, raça, classe e orientação sexual, as feministas do Brasil crescem cada vez mais e tornam-se cada vez mais diversas. Em um País que mata quinze mulheres por dia por conta de seu gênero, é na luta feminista que elas encontram apoio entre si, força e coragem para sair de situações de opressão. Elas se misturam, constroem e reconstroem suas histórias. E estão certas de uma coisa: ser mulher é difícil, mas junto das companheiras, a luta fica menos pesada. Isso fica explícito em um mantra comumente entoado em marchas feministas, quando as mulheres dão as mãos e, juntas, cantam: “Companheira, me ajuda, que eu não posso andar só. Eu sozinha ando bem, mas com você, ando melhor”.

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