"O Brasil S/A é uma terra em que se plantando tudo dá, //
para os ricos... - "Dalai Brahma" Silas Corrêa Leite
"Os pobres que se explodam"
Personagem de Chico Anísio (In Memoriam)
-Para doenças de ricos, logo são achados remédios, curas totais. Diabetes, câncer, AIDS, leucemia, etc. Logo os ricos serão salvos cem por cento. Viverão muito. Aliás, diz-se que para algumas doenças graves, já existem curas, mas se todos fossem curados, os laboratórios iriam a falência, as ações despencariam no mercado, e teríamos uma guerra mundial. Então, os que podem se salvam, claro, os pobres que se lasquem. Inventaram até transplante de medula. Para ricos. Pobres não tem poder aquisitivo para pagar o altíssimo custo, e o estado neoliberal, claro, nem banca, pouco se importa. Vejam SP, o Paraguai do sudeste do Brasil, com seu estado mínimo. Por fazer um plano de assistência básico a pobre nos Estados Unidos, Obama foi tachado de comunista, já pensou? Lá como cá, não manjam o que é realmente Marxismo. Lá, como cá, ou em qualquer outro país, potência ou não, os pobres que se ferrem; quem mandou nascer pobre, negro, nordestino, favelado, deficiente social, ou físico, foi Deus quem quis, o destino, dizem eles. Curto e grosso: os pobres pagam o custo, levam a fama, e o leviano capitalismo que é a exploração do homem pelo homem, fica com os louros da vitória. Já pensou nisso, já pensou assim? Sim, o medo do comunismo cria monstros...
-Pobre morre de fome, de diarreia, de falta de agua potável. Rico não. Já viu algum investimento gigantesco, de agronegócio, de alta tecnologia, com satélites e tudo, para acabar com a fome, a falta de água, a diarreia? Diarreia é coisa de pobre. Então que morram. Já inventaram água artificial. A fome dá lucro. Em vez de plantar todo seu espaço de lavoura cem por cento, e vender seu feijão a um real o quilo, e todos poderem comprar, e comerem, especulando como mercado de grãos, o deus-lucro, o rico que também especula com terras devolutas, planta só um por cento, o preço do feijão vai lá pra cima na cotação, ele fatura alto, mesmo que o pobre não tenha mais como comprar feijão. A lei do mercado não vale uma vida, mas é assim que funciona... Pobre, se não ler muito, se não estudar muito, e trabalhar muito, ser militante de esquerda, tá ferrado, é rejeito social... acaba tendo corrupto de estimação. Ou pode virar uma espécie de coxinha Hipoglós, e pensar que é rico, defender rico, entrar como parte da massa de manobra do rico, da elite, da pequena burguesia decadente, e sendo parvo, ser bucha de canhão da fascista e pária (e parasita) direita corrupta, e se bandeando assim, ser corrupto também, pois as vezes dentro da manada, há que aplauda o berrante... Pobre de direita, já pensou que asnoia belzeburro? Nem Freud e nem Marx explicam...
-Parece que o problema do mundo todo, desde priscas eras de antigas civilizações, e mesmo de capitanias hereditárias, não é o rico, que é santo, poderoso, impune (presunção de impunidade com uma justiça vendida) é o tal do coitado do pobre. A nobreza podre e ignóbil, aliada à vileza da igreja funesta, depois os vendedores, a classe média, os artesões, e escravos, operários, servos, aias, cunhatãs, empregadas domésticas, favelados, os pobres, os miseráveis. E os miseráveis que se explodam. Na verdade, a bem dizer, o miserável era o peão, ou servia como soldado, capitão do mato, escravo, tipo limpar as sujeiras dos brancos, dos ricos, desde aias de leite até escravos tratados como levas de gado, tratados com menos consideração do que os animais, cavalos e cachorros, que valiam muito mais. Talvez, mas só talvez, os pobres então sejam os grandes problemas da humanidade, desde os primórdios da civilização. Civilização? Espécie humana. Humana?
-Desde os templos bíblicos, passando pelo império otomano, depois passando pelo nefasto império romano que na sua decadência foi subornado por membros pouco éticos-humanista de um clero dito do cristianismo nada ortodoxo e puro, até dogmas amorais e a própria marialização da igreja que precisaria no futuro ser salva em parte pela reforma de Lutero, e agora com o império norte-americano da cloaca América Rica das estrelas vermelhas de sangue, que pobre é pobre, se tem aqui e ali o estado como provedor, é bolsa-esmola, se se provê com quesitos básicos de saúde e educação é comunista, em se o sujeito for pobre, afrodescendente, índio, favelado, e no caso do Brasil, nordestino, está ferrado e mal pago... Fora povo? Fora pobres! Então os problemas graves do mundo contemporâneo deve ser os miseráveis... Mas, estranho, máfias e quadrilhas, carteis, propinas, ladrões de terno, patente, gravata, farda, toga e túnica, em antros como FIESP, OAB, STJ, etc. são de impunes e improbos... ricos... Se os maiores corruptos e ladroes do mundo rico são católicos, por que então Fora Pobre; se toda constituição de um modo geral, preconiza que todo poder emana do povoe em seu nome deve ser exercido? Pois é, na teoria o governo deve ser assistencialista, sim, mas se for de inclusão social é populista, se deixar o rico ficar mais rico, explorando a miséria, deixar o banco roubar mais, os supermercados sempre terem lucro, o crime do livre mercado, a mentira da meritocracia ou da mafiosa lei de oferta e procura, jamais terem prejuízo, é o que chamamos de capitalhordismo americanalhado. Entendeu ou quer que eu desenhe?
-Pobre? Muito prazer, pegue o último lugar da fila, e seja o que Deus quiser. Rico, pois não, vossa majestade, sempre as ordens. A comanda é o cartão de crédito, o digito na planilha do lucro-roubo, da herança suspeita, da glosa do imposto de renda, das riquezas impunes, dos lucros injustos... das propriedades roubos. A grande vingança do pobre é vencer na vida, dar um show nos estudos brilhantes, e os ricos cedo ou tarde, aqui e ali, de uma forma ou de outra, reconhecerão: pois é, ele e filho de pretos, de faxineira, de mameluca, de favelado, mas é inteligente, estudou muito, tem as mãos limpas, pensa por ele mesmo, é politizado, culto, é um petralha, é um perigo... Temos que ter cuidados com ele, a princípio, respeitá-lo, é bocudo, briguento, teimoso, turrão, sabe seus direitos, tem conhecimentos do real, dos bastidores... Periga ver. Conheceu, papudo?
-Os miseráveis, ah se soubessem o poder que tem... Mas o meio, malemal classe baixa quer ser rico, o moreno claro quer ser loiro, o empregado padrão, roubado pelo patrão, ainda pensa igualzinho ao patrão ladrão. Pior, quando se arvora de criticozinho de ocasião, como, por exemplo, um antigo amigo de família meu, que diz que o Lula é ladrão profissional, repetindo o discurso da mídia abutre em seu cérebro de penico, mas o coió trabalhou décadas com um péssimo e inidôneo patrão que o explorou, o esgotou, o roubou, o sugou, e o coitado ainda achando que é rico e sabido porque é branquelo, ainda decorou e repete o disquinho riscado do mesmo discurso do patrão ladrão. Já pensou que mané? Pelo jeito ele é que é um burro profissional, sem estudos, sem carteira assinada agora, sem profissão não definida, sem direitos garantidos, sem diploma. Típico coxinha Hipoglós... Rogai por nós.
-E se acabássemos com os pobres? Essa é a ideia dos ricos, e dos falsos ricos, dos latifundiários, banqueiros, oligopólios. Mas pobres reproduzem que nem ratos, dizem eles, que têm planejamento familiar e de roubismo no clã, no meio e na política de embuste... Tudo o que se faz aos pobres, é até cristão. Mas o maior pais católico do mundo, de maiores injustiças sociais e impunidades, é o mais corrupto do mundo, uma elite amoral, uma classe média pústula, e ainda os pobres no cabresto... São Paulo, um nosso interno Paraguai do norte, o estado-máfia, o mais corrupto do Brasil, é o mais rico do Brasil, pois é a corrupção e roubismo desde os bandeirantes bandidos que financiam nosso espúrio modelito neoliberal de capitalismo terceiro mundista. Os maiores ladrões e corruptos do Brasil estão em SP, que rouba por ano em torno de cem bilhões do imposto de renda. Venha ser assaltado em SP. Paulistas adoram corruptos... Vejam o crime organizado impune 25 anos no poder, no local do crime...E os pobres? Ah os pobres que vão morar no mato, nas favelas, becos, cortiços e palafitas... quem mandou ser pobre? Foi Deus quem quis. Oremos.
-Se 99% dos pobres e miseráveis morressem, que tal, hein? Que beleza. Não podemos permitir que o povão tenha nenhuma esperança. O mundo seria melhor sem pobres, negros, favelados, miseráveis. Iria sobrar comida, água, oxigênio, ar, espaço precioso, serviços públicos. Mas quem iria limpar a sujeira dos ricos e branquelos filhotes de esperma? Pois é, talvez criassem máquinas para amamentar seus filhotes mal-amados e com neuras que vão buscar consolo de drogas nas biqueiras marginais das periferias S/A. E as artes marginais, e a contracultura, e as insurreições, os insurgentes, os rolezinhos, as revoluções, as quedas das várias bastilhas contemporâneas, porque ricos e brancos consomem rocks, blues, jazz, raps, funks, sambas, pagodes, e mesmo rurais canções sertanejas de raiz que originariamente vieram de recantos pobres, caboclos, desses ermos e cafundós desses brasis gerais, humildes, assim como os melhores humoristas do Brasil vieram do oprimido nordeste da seca e currais eleitorais, ou como as maiores cabeças pensantes do país são de origem de ancestrais do norte-nordeste? Já pensou cara pálida do decrépito sul-maravilha com seu separatismo de birra, de hienas e chacais? Aliás, por cotação de pesquisas e origens, os maiores e melhores seres humanos do mundo todo, de todos os tempos, em todos os sentidos, são de origem pobre, e venceram as explorações, discriminações, sofrendo muito, ou tiveram mecenas visionários que sacaram seus lampejos ou bancaram suas artes que mudaram a história e os vernizes sociais de camuflagens hipócritas ...
-Se as máquinas substituíssem os pobres... E se as máquinas e robôs se insurgissem? E cadê os sentimentos se fosse uma máquina que educasse os filhotes de esperma da burguesia brucutu? Filhos-máquinas. Pais falsos. Mães de aluguel. Quem cozinharia para os ricos? Ah aquele virado de feijãozinho-com couve-manteiga e torresmo da Sinhá Benedita? Ah aquele leite gordo da Naná Maria que nana e sustém o doentinho filhote branco do rico pomposo? Quem seria a empregada doméstica dos ricos. Quem limparia o lixão/aterro do planeta terra? Máquinas? Quem não sofre não faz arte que preste. A imaginação não cai do céu certinho para facinhos. Quem não padeceu, nunca fica genial. A dor cria, fermenta, instiga, desloca as placas tectônicas do cérebro enrustido, leva aos céus da arte como libertação. E como seria a música-celly campelo dos ricos, sem os pobres e negros e sofridos, e injustiçados, e refugiados, e exilados, para cantarem o amor e a flor, o amor e dor, o vazio e a traição, o chifre e a estrada de tijolos amarelos, o rio que passou em nossas vidas? E os empregados-escravos? Um mundo rico, sem amor, tudo na orquestra mecânica do vazio. Um desmundo? Um planeta movido a pose, falso status quo, por botões, grifes, símbolos, alavancas, chips e ainda assim uma justiça sórdida, uma igreja-antro, uma sociedade de vazios e escuridões...
-Não iria dar certo. Pobres unidos, jamais serão vencidos. Ou não? Ah se soubessem a força que têm. Mas não sabem. Cagões não fazem revoluções. República de Caixa-Pregos, bananas a parte. Que belo travesseiro é o caos, diria Emil Cioran para elite sem consciência e sem remorso de um país arrebentado por um golpista traíra, usurpador, a defender a casta alta dele e suas máfias e quadrilhas, os poderosos, os ricos, a elite, a corja da fascista classe média burra... Críticos só agora? E antes? As panelas viraram penicos. São criticozinhos de condomínios fechados, radicais das redes sociais, revoltadozinhos aspones. Fakes... Com novela, pinga, sexo, futebol, quem é que iria virar anarquista, revolucionário, ou querer pensar (história, direito, economia), né não? Fazem um carnaval do diabo contra o Lula, mas como patetas se apropriam de benefícios da Era PT, criticam o socialismo, mas adoram décimo terceiro, férias, fundo de garantia, direito de greve, indenização, sindicatos...
-Por essas e outras, os miseráveis devem continuar miseráveis, ou serem extintos, porque ricos jamais chegarão a ser. Só se forem cooptados pelo crime organizado da corrupção em família, no meio de trabalho, os seus partidinhos de marionetes de aluguel do governo sádico... Governo?
-Fora povo? Fora pobre? Fora cérebro? Fora diplomas? Os miseráveis, de alguma maneira, de uma forma ou de outra que seja, que respondam nas ruas, nas urnas, nas redes sociais, nas passeatas ou em paralisações. E segurem o rojão. Ou derrubem a bastilha da Rede Globo de Televisão. Ou precisaríamos de uma outra nova Batalha de Itararé, contra a oligarquia de um torpe e inumano fundamentalismo midiático, contra o amoral totalitarismo de um novo estado novo neoliberal?
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Silas Corrêa Leite - Ciberpoeta e blogueiro premiado, livre pensador humanista, escritor premiado membro da UBE-União Brasileira de Escritores, jornalista comunitário e cultural, pós-graduado em Literatura na Comunicação (ECA-USP), conselheiro diplomado em Direitos Humanos, autor entre outros de GOTO, A Lenda do Reino do Barqueiro Noturno do Rio Itararé, Romance, Editora Clube de Autores; autor de GUTE-GUTE, Barriga Experimental de Repertorio, Romance, Editora Autografia; autor de O Menino Que Queria Ser Super-Herói, Site Amazon. Prêmio Lygia Fagundes Telles, Prêmio Ignácio Loyola Brandão, Prêmio Paulo Leminski, Prêmio Biblioteca Mario de Andrade (Gestão Marilena Chauí), Prêmio Literal, Fundação Petrobrás, Curadoria Heloisa Buarque de Hollanda, Prêmio Instituto Piaget e Prêmio Ficções Simetria, ambos em Portugal, entre outros. Colabora em mais de 800 sites, até no exterior, na América Espanhola, Europa, Ásia e África. Consta em mais de 100 antologias literárias de renome em verso e prosa, até internacionais. Seu Estatuto de Poeta foi traduzido para o espanhol, inglês, francês e russo.
E-mail: poesilas@terra.com.br
Blog: WWW.portas-lapsos.zip.net - Texto da Série "O Brasil Pondo os Pingos nos Is do Brasil"
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