BRENO ALTMAN
Provavelmente nenhuma outra medida econômica teve ou terá tanto impacto sobre a ordem capitalista mundial, nas últimas décadas, como a reforma tributária aprovada ontem pelos EUA, reduzindo os impostos corporativos de 35 para 21% e amenizando a taxação sobre lucros das multinacionais do país no estrangeiro.
Trata-se de um programa potente, com grande potencial de dar maior competitividade às empresas estadunidenses, substituindo importações e alavancando a taxa interna de investimentos.
O Estado renuncia a um naco gigantesco de suas receitas tributárias - que apenas parcialmente serão recuperadas se há elevação da taxa de crescimento econômico, devolvendo-o às margens de lucro do capital privado. O próximo e inevitável passo será cortar fortemente programas sociais e outras despesas públicas.
Enfraquecida desde 2008, a União Europeia tende a correr pelo mesmo caminho, reforçando uma opção que vem ganhando espaço na última década, especialmente na Alemanha e na França.
Essa é a trilha para o desmonte acelerado do sistema de bem-estar do pós-guerra, do acirramento das contradições interimperialistas e de um novo ciclo de acumulação, marcado pela fortíssima alavancagem da taxa de exploração direta e indireta dos trabalhadores.
Também é a receita para a acelerada espoliação dos países capitalistas periféricos e sua desindustrialização, pois poderá redefinir a divisão internacional de trabalho, acentuando o papel de fornecedores agrícolas e de matérias-primas das nações mais atrasadas.
Nenhuma força ou militante de esquerda pode deixar de levar em conta essa mudança, central para qualquer estratégia de emancipação.
Simplesmente estão acabando as chances de desenvolvimento aos povos oprimidos sem ruptura com a ordem imperialista.
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