segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Dallagnol, os recibos de Lula e a tática do meninão que leva a bola embora ao ver que perderá o jogo. Por Kiko Nogueira

     Ma-oeeee


A Lava Jato inaugurou um novo tipo de Direito no Brasil (mais um): o do Menino Mimado Dono da Bola, MMDB.

É inspirado naquele tipo de moleque que vai jogar com os outros e, ao perceber que tomará um vareio, apanha a redonda, encerra a partida e sai gritando que ganhou em direção ao tapete da mãe.

Os super heróis de Curitiba desistiram de periciar os 31 recibos de aluguéis do apartamento em São Bernardo do Campo, que seria propina da Odebrecht, apresentados pela defesa de Lula. 
A justificativa é a de que eles são “ideologicamente falsos” — ou seja, visariam acobertar o verdadeiro dono do imóvel. Não haveria nada a fazer.

“O Ministério Público Federal deixa de insistir na realização da prova técnica”, afirma a força-tarefa na petição.

A defesa de Lula periciou os documentos e o resultado foi sua autenticidade. Por que a Lava Jato não contestou e produziu seu laudo?

Porque, provavelmente, alguém calculou que poderia dar bode. Para evitar o vexame, foi mais fácil essa saída no grito — que, na verdade, é mais cara, dada a vergonha de quem não conseguiu provar nada.

Ao longo dos últimos meses, os procuradores, especialmente Deltan Dallagnol, o das bochechas rosadas, insuflaram a imprensa amiga com essa novela.

Em outubro, um pedido do Ministério Público Federal a Sergio Moro era peremptório: “imperativa se apresenta a realização de períciapara aclarar aspectos pontuais com relação à confecção dos recibos”.

Era preciso “verificar se houve adulterações e/ou montagens”. Dallagnol chegou a declarar em entrevistas que aquele era “o menor dos problemas”.

Quais eram os principais? Jamais saberemos. Mas temos convicções.

A Lava Jato continua sua caminhada rumo à desmoralização completa. Mais por culpa dela mesma do que de seus adversários.

Quando você tem mais de 9 anos, sair com a pelota debaixo do braço e se declarar vencedor deixa de ser uma gracinha para ficar ridículo. A solução continua sendo algumas palmadas no intelecto dos rapazes. 

Diretor do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.

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