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Depois do que fez em seus dois governos, podia-se achar difícil que Fernando Henrique Cardoso decaísse ainda mais em seu comportamento ético e moral.
Mas ele consegue.
Na entrevista que dá ao Valor, na edição de hoje, além de não ter uma palavra de solidariedade pessoal a Lula, com quem tem 40 anos de convívio e de quem jamais recebeu agressões pessoais, consegue trair, ao mesmo tempo, seu candidato oficial, Geraldo Alckmin, e seu – assim ele define – “amigo” Luciano Huck.
Duvida que o primeiro vai firmar-se e ao não se firmar abre “espaço para o apresentador de TV concorrer”. Este, entretanto, é muito “cru” e não vai saber lidar com as “artimanhas dos políticos”, o que o torna despreparado para o cargo de presidente.
E assim vai a triste figura em seu inverno moral, faltando só afirmar que, além dele, não há ninguém em condições de presidir o país. Como não tem votos, porém, o príncipe não o afirma diretamente.
Como vantagem indevida é não receber um apartamento no Guarujá e usufruir de um na Avenue Foch, em Paris não vem ao caso, está aí, como um fantasma, a olhar para a cena dramática do país com um cínico “o jogo começa agora”.
Trai-se também na linguagem, ao revelar o que, para ele, resumem-se a política e a livre escolha da população: um jogo.
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