Por RFI
"O Brasil novamente pego pela violência" é o título do artigo publicado pelo diário francês Les Echos desta quinta-feira, 11 de janeiro de 2018. - Fotomontagem RFI
O jornal Les Echos desta quinta-feira (11) traz uma coluna assinada por seu correspondente em São Paulo, Thierry Ogier, sobre o início de ano conturbado no Brasil. Para o jornalista, o país começa 2018 mergulhado no medo.
"O Brasil novamente pego pela violência" é o título do artigo publicado pelo diário. "Greve de policiais, rebelião sangrenta em uma prisão superlotada, guerra de gangues... o ano começou mal no Brasil", escreve o jornalista. Para Les Echos, está claro que o maior país da América Latina virou as costas para a recessão, mas ainda continua sofrendo as consequências desta crise. Uma situação "agravada pelos efeitos da má gestão das finanças públicas".
Thierry Ogier descreve a greve dos policiais no Estado do Rio Grande do Norte, "depois de terem passado meses sem receber seus salários", diz. O jornalista lembra que, no Brasil, a categoria não tem direito de fazer greve e que, logicamente, os policiais são ameaçados de represálias devido à paralisação. "Como sinal de desafio, os grevistas organizam manifestações diante das delegacias, enquanto o exército é convocado", reitera Les Echos.
Durante esse tempo, o caos reina. "Vinte mortos durante o último fim de semana, sem falar dos bancos vandalizados", continua o jornalista do Les Echos. Diante da crise financeira no Rio Grande do Norte, o governo pagou apenas a metade do salário de novembro e espera um gesto de Brasília para poder liberar a remuneração relativa a dezembro e o décimo-terceiro.
Caos não é novidade
Apesar de escandalosa, a situação não é novidade no Brasil, avalia Les Echos. "Crises similares foram registradas nos últimos meses em vários Estados: Minas Gerais, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, e, sobretudo, no Rio de Janeiro, onde a festa dos Jogos Olímpicos de 2016 foi marcada por vários escândalos de corrupção", lembra o diário. Les Echosdestaca que a crise no Rio de Janeiro resultou no fechamento da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) e de vários serviços de emergência dos hospitais públicos.
Nas prisões brasileiras, a situação não é diferente, continua o jornalista. No início de 2017, rebeliões provocaram a morte de uma centena de detentos. Neste ano, um motim no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia deixou nove mortos. A ministra Cármen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), deveria visitar a prisão nesta semana, mas nem ela pôde chegar ao local por razões de segurança, ressalta o jornal.
Em resumo, "a crise política e a repetição de escândalos mergulham o Brasil no medo", conclui o correspondente do Les Echos no país.
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