Omar dos Santos
Creio no menino nascido em Belém, por ter mudado o jeito da humanidade lidar com o tempo.
Creio, sobretudo, nesse Jesus nascido homem, para ser incondicionalmente humano.
Creio no Jesus que chorou a morte do amigo Lázaro e teve dúvidas na hora de sua tormenta extrema.
Creio no Jesus que viveu a vida para ensinar os outros homens as urdiduras de uma humanidade melhor.
Creio nesse Jesus, como creio em Zumbi, Tiradentes, Maria Quitéria, Lucas Dantas, Antônio Conselheiro, Irmã Dulci, Chico Mendes, todos deram a suas vidas para que os brasileiros tivéssemos vida em abundância.
Por crer nesse Jesus, creio também que as crianças do Brasil, os companheiros de jornada da Ana Júlia, serão capazes de fazer o que eu e meus camaradas não conseguimos; engendrar uma Pátria que seja de todos os brasileiros e não só de alguns, negando e renegando, radicalmente, a eternidade do reformismo e a coisificação das gentes perpetuada pelas elites deste país.
Creio que a ficção do Boal virará realidade, pois como a filosofia, “a mãe do pensamento”, nos ensina, a utopia é uma verdade que os homens não tiveram, ainda, a coragem de tornar realidade concreta.
Porque creio nestas coisas, creio também que o Ano Novo não é a inauguração de sonhos fantásticos, mas tempo de realizar utopias tantas como:
Aluir a frieza com que a sociedade trata o sofrimento dos humildes.
Extirpar o egoísmo dos ricos diante da miséria dos pobres.
Derrocar a dissimulação dos donos da comida diante dos famintos.
Eliminar a insensibilidade dos governantes e dirigentes deste país diante do genocídio de nossos jovens.
Esmagar o assassinato de jovens marginalizados por aqueles que deveriam protegê-los.
Expungir o feminicídio dos machos contra as mães de seus filhos.
Esmagar a traição dos políticos contra as crianças do Brasil.
Nulificar o descarte que os empresários perpetram contra seus empregados quando chegam à maturidade.
Ceifar a venalidade, a tendenciosidade e o cinismo de ministros, desembargadores, juízes e outros, cometidas contra a justiça e contra o nosso povo.
Que a Justiça retire a venda, pois seus agentes estão é se aproveitando disto.
Que o redentor desça do Corcovado para liderar este povo que se sente tão perdido.
Que o povo brasileiro deixe de esperar milagres e messias e tome o seu próprio destino e o da Pátria, que é nossa, em sua mão para distribuir um pedaço de Brasil a cada brasileiro.
O Ano Novo não começa no primeiro dia de cada janeiro, o Ano Novo é uma condição humana, tirada da realidade concreta, que começa e recomeça a cada segundo de nossas vidas.
É assim que espero que todos vocês coloquem os pés na manhã de amanhã.
Escrevi pensando em você
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