De um lado, o PT está mobilizando caravanas de militantes de várias partes do país para ocupar Porto Alegre no dia do julgamento de Lula.
De outro, o prefeito de Porto Alegre já solicitou ao presidente Michel Temer nesta quinta-feira o envio de tropas do Exército e da Força Nacional para impedir manifestações em frente ao tribunal no dia 24 de janeiro.
Daqui a três semanas, a capital gaúcha pode se transformar no primeiro cenário de uma guerra anunciada que promete atravessar este ano eleitoral nas ruas e nos tribunais em todas as instâncias.
Por enquanto, o clima de beligerância está só nas redes sociais como se pode ver nestas mensagens trocadas no twitter pelo prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Júnior, do PSDB ligado ao MBL (Movimento Brasil Livre), e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann:
Marchezan: “Solicitei ao Presidente@Michel Temer o apoio da Força Nacional e do Exército Brasileiro para atuarem no dia 24. Devido as manifestações que líderes políticos que convocam uma invasão em Porto Alegre, tomei essa medida para proteger o cidadão e o patrimônio público”.
Gleisi: “Inacreditável! É muito medo do povo. Primeiro, o MPF do RS e agora esse prefeito?! Força Nacional e Exército?! Quem está destruindo o patrimônio público e agredindo o cidadão é o governo golpista apoiado por vcs”.
Em ofício enviado a Temer, Marchezan lista vários considerandos, entre os quais, “a menção à desobediência civil e luta propugnada nas redes sociais por alguns políticos, inclusive Senadores da República”.
Em vídeo divulgado na internet, o ex-ministro José Dirceu chamou a data de “dia da revolta” ao convocar a militância para estar em Porto Alegre no dia 24.
Numa entrevista à Folha, Marchezan disse que “o Dirceu é um líder de presidiários e fez uma incitação para que as pessoas venham para cá defender uma pessoa. Enquanto líder eleito, estou defendendo a minha cidade”.
O confronto entre Marchesan e o PT está se desenrolando desde julho, quando o seu diretório municipal entrou com uma representação no Ministério Público por improbidade administrativa acusando o prefeito de usar recursos da prefeitura para atacar o partido.
Os comitês de mobilização criados pelo PT nos Estados estão se preparando para duas situações possíveis: Lula ser condenado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região e impedido de disputar as eleições pela Lei da Ficha Limpa, e/ou ser decretada a prisão do ex-presidente, informa a coluna de Monica Bergamo na Folha.
Se Lula for apenas condenado, o PT pretende inscrevê-lo como candidato no TSE, mesmo correndo o risco de uma impugnação. Neste caso, o ex-presidente continuaria em campanha e o partido só indicaria um outro candidato em último caso.
Se Lula for preso e derrotado nos recursos que apresentará aos tribunais superiores, o partido entenderá esta situação como uma “declaração de guerra” e promete fazer protestos permanentes até o dia da eleição.
Nos cálculos do PT, um candidato indicado por Lula, qualquer um, iria ao segundo turno, já que na última pesquisa Datafolha 29% dos eleitores responderam que votariam nele “com certeza” e outros 21% “talvez”.
Lula já avisou o partido que pretende estar em Porto Alegre no dia do julgamento. Seus advogados entraram esta semana com um novo pedido para que o ex-presidente seja ouvido antes de ser dada a sentença pelo TRF-4, alegando que no interrogatório de Sergio Moro, que depois o condenou a 9 anos e 6 meses de prisão no caso do triplex do Guarujá, o juiz teria agido como numa “verdadeira inquisição”.
Enquanto isso, em Brasília, mais um ministro, Ricardo Barros, da Saúde, anunciava que vai deixar o cargo para disputar eleições. É o quinto ministro que Temer perde nos últimos dois meses.
E ainda estamos apenas no quarto dia de janeiro. Como estaremos em outubro, no dia da eleição?
Vida que segue.
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