quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Para especialistas, condenação de Lula prejudica país

O day after da condenação de Lula começa a pôr as coisas no devido Lugar, após a interminável farsa judicial promovida pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região na última quarta-feira, 24 de janeiro de 2018. A esbórnia pseudo jurídica em Porto Alegre vai render uma bela ressaca a seus condutores e apoiadores.
Antes que algum dos julgadores de Lula ou qualquer outro membro do Partido do Judiciário, da mídia antipetista ou seja lá quem for flertem com má fé sobre a declaração acima, como fez um certo juiz de primeira instância no começo do ano passado, explico que a “ressaca” citada não irá prejudicar só os seus autores e apoiadores, irá prejudicar o país inteiro.

Inúmeros cientistas políticos e juristas dizem que a imagem do Brasil está sendo destruída internacionalmente e o caos que disso decorrerá irá manter a crise política não só acesa, mas explosiva, e o investimento no país permanecerá congelado.
Antonio Carlos Mazzeo, cientista político e professor do departamento de história da USP analisa que a condenação do ex-presidente na quarta-feira (24) reforça fratura na sociedade brasileira criada pela radicalização política.
Para o acadêmico, é tolice querer ignorar que o apoio a Lula nas pesquisas vem justamente de uma organização política do PT, que tem capilaridade. E diz que “Lula pode não ser uma unanimidade, mas representa uma liderança que aglutina parte da sociedade. Ele criou uma identidade forte com o povo brasileiro”.
Na mesma linha vai o jornal espanhol El País, segundo o qual a situação de Lula mergulha eleições de 2018 e o país como um todo em “insegurança política e jurídica”.
Segundo Brian Winter, editor da revista “Americas Quarterly” e especialista do centro de pesquisas Council of the Americas, empresários e membros de segmentos mais abastados da sociedade brasileira que têm uma opinião política anti Lula não representam o país e, por isso, acha que a avaliação da grande mídia e do empresariado pode ter “imprecisões”.
Mais um fator que tratará de prejudicar a imagem do Brasil no exterior e os investimentos estrangeiros no país será produzido pelo advogado britânico e conselheiro da rainha da Inglaterra Geoffrey Ronald Robertson, que denunciará o julgamento de Lula no TRF4 à Organização das Nações Unidas (ONU) na próxima segunda-feira.
Robertson diz que apresentará “mais provas à ONU descrevendo as violações cometidas contra os direitos humanos de Lula” e que “Não haverá justiça para Lula na Justiça brasileira”.
Além disso, a desmoralização jurídica da condenação de Lula começou forte. A colunista da Folha de São Paulo Monica Bergamo relata protesto de jurista contra o desembargador Gebran Neto que utilizou sua obra para condenar Lula. Diz que a tese que lhe foi surrupiada pelo desembargador foi “tirada de contexto”, pois ele discorda da condenação de Lula.
O fato é que os desembargadores da 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região deixaram suspeitas de que a decisão contra Lula tenha sido discutida entre eles e seja produto de corporativismo do Judiciário. As críticas a Sergio Moro e à Justiça brasileira em geral está gerando um movimento que referenda todas as decisões tomadas por ele contra Lula.
Não é de hoje que a Associação dos Juízes Federais vem dando seguidas declarações públicas de apoio a Sergio Moro na persecução a Lula, o que torna praticamente impossível que algum juiz federal vá contra alguma coisa que o chefão da 13ª Vara Federal de Curitiba decida.
Como dizem os analistas e especialistas supracitados, portanto, o Brasil perde muito mais do que ganha com a decisão passional e nebulosa contra Lula na última quarta-feira. Acusações contra Lula que nunca tinham sido feitas surgiram do nada naquele julgamento sem que a defesa do ex-presidente pudesse sequer ter se defendido das acusações lançadas ali naquele tribunal, sem aviso prévio.
Como condenar alguém por alguma coisa da qual esse alguém não sabia que era acusado?
O prejuízo para o país se dará na fratura social que está jogando compatriota contra compatriota, pai contra filho, esposa contra marido, amigos contra amigos… Mas não é só. Com o país dividido e a incerteza quanto ao futuro eleitoral, investimentos no país ficam paralisados em um momento em que o desemprego explode no país e a qualidade de vida da população despenca.
O mais irônico é que 99% dos que torcem contra Lula serão afetados pelos problemas econômicos e de  imagem causados pela decisão atabalhoada e passional do TRF4. Só quem não irá perder são magistrados que ganham proventos indecentes, que ultrapassam centenas de milhares de reais ao mês, ou pessoas muito ricas, para quem tudo está sempre bom, faça chuva ou sol.
E o pior é que o Partido do Judiciário e a mídia antipetista parecem longe de estar saciados com a perseguição a petistas. Parecem dispostos e eliminar qualquer grupo político de esquerda forte. Talvez esse consórcio golpista deixe vivos pequenos partidos de esquerda que xingam Lula desde o limiar do século XXI, como enfeites “exóticos” no cenário político.
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Assista, abaixo, reportagem do Blog da Cidadania sobre o assunto e, em seguida, leia mensagem do Blog para você.


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