Qual a razão do presidente do TRF-4 optar pelo acirramento político?
por Erick da Silva
O presidente do TRF-4, o desembargador Carlos Thompson Flores demonstra uma disposição firme pelo acirramento político e a espetaculização do julgamento do Lula, no próximo dia 24.
Não me refiro aqui as suas primeiras entrevistas após a sentença do juiz Sergio Moro, quando afirmou ser “irrepreensível” uma peça condenatória que ele sequer havia lido. Por um breve momento vamos aqui abstrair o fato que um julgamento desta natureza recomendaria, ou melhor, exigiria uma postura isenta, isonômica e técnica, mas sim atentar aos últimos movimentos do presidente do TRF-4, todos com um perigoso apelo midiático.
Ele afirma haver “ameaças” contra os três desembargadores envolvidos no julgamento, mas sem expor em momento algum o conteúdo e busca reforçar, de forma subliminar, uma infundada imagem de unilateralidade da radicalização sobre os apoiadores de Lula. Exemplo disso foi a reunião do presidente do TRF-4 com deputados do PT na semana passada, onde ele afirma ter pedido cooperação aos parlamentares petistas para manter pacíficas as manifestações previstas em Porto Alegre.
Por outro lado, não encontrei na imprensa, por exemplo, nenhuma manifestação do desembargador condenando a delegada de polícia que viralizou nas redes um vídeo em que ela ameaça atirar em apoiadores do Lula que estiverem próximos ao TRF-4 no dia do julgamento.
Nesta segunda (15/01), Thompson Flores reuniu-se com a presidenta do STF, ministra Carmen Lúcia, para discutir medidas de segurança frente a supostas ameaças contra desembargadores, em mais uma inócua jogada midiática. A própria imprensa noticia que a Carmen Lúcia não viu sentido algum na reunião.
Espero que tudo não passe de um desejo individual do desembargador Carlos Thompson Flores em ganhar seus minutos de fama. Algo reprovável, mas que se insere neste quadro maior de parcialidade pública de muitos integrantes do judiciário neste último período, estimulados pela onda do “lavajatismo”.
Por outro lado, meu lado pessimista acusa que todas estas movimentações podem significar algo mais: e se estes movimentos forem premeditados para justificar alguma medida unilateral e arbitrária contra o PT e a esquerda?
Em nossa democracia agonizante (ou pós-democracia, como alguns afirmam), conjecturar cenários ainda mais regressivos deixou de ser “paranoia” ou “teoria da conspiração”, mas uma possibilidade real colocada.
No Brasil não faltam exemplos de situações forjadas (e muitas vezes esdruxulas) para justificar o rompimento do Estado de Direto e da própria democracia, onde as "pedaladas fiscais" são apenas o último capítulo.
Em poucos dias teremos o desfecho deste capítulo e saberemos, em parte, a que se prestou estes movimentos do presidente do TRF-4.
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