domingo, 4 de março de 2018

A agressão dos EUA na Síria – um plano imperialista

    por Strategic Culture Foundation [*]

O prolongado conflito da Síria e a miséria que o acompanha ao longo dos seus oito anos de duração não é casual. É intencional. Intenção imperialista americana. 

À primeira vista, notamos o agravamento censurável até o absurdo deste conflito. 

A Turquia, que invadiu a Síria cerca de um mês atrás, em violação da sua soberania, esta semana acusou Damasco de "terrorismo" depois de o governo sírio ter enviado forças para defender a área norte próxima de Afrin sob assalto da Turquia. 

Enquanto isso, forças estado-unidenses, mais uma vez a ocupar ilegalmente a Síria em violação do direito internacional, afirmam estar a combater a milícia. Mas mais frequentemente do que nunca, os americanos estão a dar protecção a vários grupos terroristas. Então, quando forças do Estado sírio avançam para limpar os grupos terroristas, os EUA afirmam que estão a actuar em "auto-defesa" ao massacrar unidades inteiras do exército sírio. 

Um novo absurdo é da responsabilidade da França, a qual tem estado a bombardear a Síria ilegalmente junto com os EUA e a Grã-Bretanha, advertindo a milícia iraniana, a qual está legalmente presente na Síria devido à aprovação de Damasco, de que tem de se retirar do país. 

Como se a situação não pudesse ficar ainda mais bizarra, Israel executou mais de 100 ataques aéreos à Síria, afirmando que a agressão são "actos de auto-defesa". 

O governo sírio do presidente Assad é a autoridade soberana do país, tal como reconhecido por resoluções da ONU. Ele tem o direito de defender a sua nação e reclamar áreas que foram usurpadas por grupo armadas ilegalmente. Virtualmente todos estes insurgentes são proxies apoiados pelo estrangeiros que têm estado a travar uma guerra pela mudança de regime de acordo com os desígnios dos seus patrocinadores estrangeiros. 

As únicas forças armadas legalmente presentes na Síria são aquelas da Rússia, do Irão e da milícia associada as quais foram requeridas legalmente pelo governo sírio para ajudar na defesa do estado em relação a uma guerra apoiada pelo estrangeiro. 

Está dentro do direito soberano do governo sírio recuperar todas as áreas, incluindo o subúrbio leste de Ghouta próximo à capital Damasco. O distrito tem sido mantido sob sítio por extremistas apoiados pelo estrangeiro conhecidos pelo nome de Jaysh al Islam, os quais são filiados a grupos de terror proscritos internacionalmente como Frente Al Nusra e Estado Islâmico. 

O ímpeto para libertar Ghouta Leste verificou-se porque os militantes têm estado a disparar morteiros à vizinha Damasco, com resultados mortais. 

Não só os Estados ocidentais violam o direito internacional ao entravar militarmente o exército sírio e os seus aliados no resgate do país de insurgentes estrangeiros, como governos e media ocidentais estão a intensifiar uma campanha de propaganda numa tentativa de atar atrás das costas as mãos das forças do estado sírio distorcendo o seu dever legal como "barbárie". 

Do meio milhão de pessoas que morreram nos últimos sete anos de guerra na Síria, estima-se que aproximadamente a metade do total eram membros do exército sírio. 

Em acrescento às calúnias do ocidente acerca da Síria estão afirmações de que forças do Estado sírio têm utilizado armas químicas sobre populações civis. A evidência aponta para o facto de que são os chamados jihadistas apoiados pelo ocidente que têm estado a utilizar furtivamente estas armas para actuações de propaganda de falsa bandeira. 

Para entender o caótico conflito na Síria, devemos mencionar os desígnios imperiais, velhos de décadas, dos EUA e seus aliados em relação ao país. O governo americano e o britânico, desde Eisenhower e Churchill na década de 1950, quiseram desestabilizar e subjugar a República Árabe – uma antiga colónia francesa. 

Em 1996, uma nova geração de imperialistas em Washington, liderada por Richard Perle, Douglas Feith, David Wurmser e outros neoconservadores formulou a estratégia "Clean Break". Esta estratégia, em conjunto com Israel, pretendia desestabilizar e "repelir" a Síria devido à sua aliança com a Rússia, Irão e Hezbollah. 

Mais amplamente, os neoconservadores em Washington declararam abertamente o seu objectivo de balcanizar toda a região a fim de, de acordo com o seu cálculo, tornar Israel mais seguro. A Síria e o Iraque eram as principais prioridades para o caos imposto pelos EUA. 

Significativamente, a estratégia Clean Break designava a Turquia como um parceiro para os EUA e Israel implementarem este plano. 

Os mesmos planeadores neoconservadores americanos continuaram a ocupar posições chave no Pentágono e no Departamento de Estado durante administrações do presidente George W. Bush. Há toda a razão para acreditar que o seu estratagema de caos organizado – como um meio de exercer hegemonia sobre o Médio Oriente rico em petróleo – continua a ser a política condutora, embora tácita, do governo dos EUA sob o presidente Trump. 

A Rússia, o Irão e o Hezbollah em grande medida ajudaram a Síria a por fim à guerra no fim do ano passado com o afugentamento generalizado de insurgentes apoiados pelo estrangeiro. Contudo, um processo de paz subsequente intermediado pela Rússia, Irão e Turquia perdeu impulso. A violência na Síria parece estar a inflamar-se outra vez. 

A crescente presença militar aberta de forças dos EUA e turcas, bem como incursões israelenses, é o factor mais claro no ressurgimento do conflito. Mas do que nunca, os EUA e seus aliados estão a operar com um descarado desígnio imperial de desmembrar a Síria e sua integridade territorial. 

Isto é nada menos que agressão criminosa por parte de Washington seguindo um plano deliberado de dominação regional. Esta intriga imperialista deveria ser chamada por aquilo que é pelas Nações Unidas. Mas ao invés de apoiar a Carta das Nações Unidas, figuras de topo estão a juntar-se ao coro ocidental na condenação da Síria pela defesa dos seus direitos nacionais. 

A ONU está a parecer-se como a ineficaz Liga das Nações na década de 1930 quando estimulou a agressão nazi e fascista. O que os EUA e seus aliados estão a fazer agora na Síria é uma repetição – a assoprar as chamas de uma guerra mais vasta no Médio Oriente. 

As leis e a soberania estão a ser esmagadas à vontade e ainda assim os media ocidentais e a ONU estão cegos para a agressão. Na verdade, eles estão a inverter a realidade ao culpar estados-vítima pela agressão.

O ponto principal directo é que os EUA, Turquia, Israel e outras potências da NATO devem retirar-se da Síria. Respeitar a soberania da Síria e desistir de intrigas criminosas para mudança de regime. Isto é um cumprimento mínimo do direito internacional. 

Se estes protagonistas persistirem nos seus esquemas criminosos, a região estará a encaminhar-se para uma conflagração de não poupará ninguém. 

23/Fevereiro/2018

Ver também: 




O original encontra-se em www.strategic-culture.org/...

Este editorial encontra-se em http://resistir.info/ .

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