domingo, 11 de março de 2018

Aos "professores da resistência"

Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula


Acho bem interessante quando vejo pessoas querendo dar lições a Lula e ao PT sobre como "mobilizar as pessoas" para resistir ao golpe.

Em primeiro lugar, é bom lembrar o básico: o PT está fora do poder desde 12 de maio de 2016 (quase um ano e dez meses).

E como uns e outros gostam de citar exemplos pretéritos, como lhes convém, cabe relembrar os fatos como eles realmente aconteceram:

Getúlio Vargas não aguentou nem 20 dias a pressão golpista em 1954. Entre o "Atentado da Rua Tonelero" e o suicídio, passaram exatos 19 dias naquele trágico mês de agosto. Estamos a falar de alguém que era o presidente da república, com todo o poder que isso implica, e do homem que mais concentrou poder no Brasil em todo o século XX.

João Goulart, também presidente da república, não aguentou nem mesmo duas semanas após a deflagração das "Marchas da Família com Deus pela Liberdade", feitas em março de 1964. No dia 02 de abril, sem mobilizar absolutamente nada, fez as malas e se foi para o Uruguai sem esboçar um grão sequer de resistência.

A única resistência efetiva que houve no período trabalhista foi a montada por Brizola na época da "Campanha da Legalidade". O jovem governador sul-riograndense retardou o golpe em três anos. Mas era governador. Bastou perder o comando do Rio Grande, na eleição de 1962, e o bastião da resistência se desfez.

Não existe precedente de maior resistência do que essa que se tenta fazer hoje. Comparando com as quedas de Getúlio e Jango, que ocorreram em lapsos de tempo incrivelmente rápidos, Dilma, Lula e o PT tem até se portado muito bem.

Dilma Rousseff não caiu em 19 dias, como Getúlio em 54; e nem em 12 dias como Jango em 64.

De modos que àqueles que pretendem lutar contra o golpe deveriam fazê-lo sem trazer à baila exemplos do passado recente.

Esses exemplos não são bons quando se pensa em como resistir a uma investida golpista.

Aliás, são exemplos de como cair sem esboçar reação nenhuma. Tudo o que não precisamos agora.

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