segunda-feira, 12 de março de 2018

EUA e China se preparam para uma guerra?

A nova estratégia nuclear dos Estados Unidos pretende persuadir os líderes chineses para evitar cálculos militares equivocados, que poderiam levar rapidamente a uma escalada armamentista e até a um "intercâmbio nuclear" entre os países.

Por Com informações do portal RT 


A China continua fortalecendo silenciosamente suas forças nucleares estratégicas. Quem afirma isso é o jornalista estadunidense Bill Gertz, em artigo para a revista Asia Times, no qual comenta sobre o crescimento militar impulsado pelos chineses, que continuaria sendo, em grande parte, uma incógnita para o resto do mundo.

O carácter secreto das forças nucleares chinesas e seu possível uso foram o principal tema da chamada Revisão da Postura Nuclear, recentemente completada pelo Pentágono, que desenhou uma nova política de “dissuasão adaptada” para a China. O novo plano tem como objetivo persuadir os líderes chineses para evitar cálculos militares equivocados, que poderiam levar rapidamente a uma escalada armamentista e até a um “intercâmbio nuclear” entre os países, segundo o jornalista.

O documento considera que o principal risco que uma guerra entre Estados Unidos e China poderia desencadear é justamente esse possível “intercâmbio nuclear”, como resultado de uma sucessão de eventos que poderia começar com um conflito regional e acabar tomando outras dimensões.

“Nossa estratégia adaptada com respeito à China está desenhada para evitar que Pequim chegue à errônea conclusão de que poderia obter alguma vantagem mediante um uso limitado de suas capacidades nucleares, o que qualquer uso de armas nucleares, ainda que seja limitado, é aceitável”, indica a nova estratégia nuclear dos Estados Unidos, citada pela revista.

Bill Gertz recorda que um dos problemas para os Estados Unidos tem sido a reiterada negativa por parte da China a participar em conversas oficiais para esclarecer os objetivos desta “dissuasão adaptada” por parte de Washington. Pequim, por sua parte, argumenta que qualquer discussão sobre suas capacidades estratégicas nucleares e não nucleares debilita o conceito de dissuasão nuclear.

De acordo com o periodista, em 2008, durante encontros bilaterais em Pequim, funcionários estadunidenses afirmaram que a China deveria ser mais transparente a respeito de suas capacidades nucleares. Em resposta, He Yafei, então vice-ministro de Assuntos Exteriores do país asiático, manifestou que as forças nucleares chinesas são um “tema delicado” e que sequer os funcionários que participaram dos encontros conheciam o tamanho real do seu arsenal nuclear.

Ao manter em segredo o seu poderio militar nuclear e não nuclear, a China calcula que os Estados Unidos não correrão o risco de escalar um conflito armado, não sem saber que tipo de armas usaria Pequim. Entretanto, a Revisão da Postura Nuclear do Pentágono parece considerar o fator do segredo estratégico chinês, comenta Gertz.

Condiciones para usar armas nucleares

Devido ao fato de a China continuar desenvolvendo novas capacidades para ameaçar os interesses estadunidenses e dos seus aliados, o Pentágono está ampliando os limites de suas próprias condições para usar forças nucleares, em resposta a possíveis ataques não nucleares, como ciberataques ou a destruição de satélites.

Dentro dessa perspectiva, e de acordo com a nova estratégia do Pentágono, a busca por um diálogo com a China sobre esses temas se desenvolverá em sintonia com as reações aos exercícios militares que, em primeiro lugar, demonstrem capacidades de ataque nuclear e, segundo, aumentem o leque de “opções graduais de resposta nuclear à disposição do presidente estadunidense”.

Armas hipersônicas

Contudo, o Pentágono também reconhece que o predomínio militar estadunidense mediante a presença de porta-aviões poderia chegar ao fim, devido à falta de uma defesa eficaz contra novas armas.

Numa conferência anual sobre temas de defesa, realizada na última semana em Washington, o subsecretário de Defensa norte-americano, Michael Griffin, alertou sobre as armas hipersônicas desenvolvidas pela China e o perigo que elas representam para a frota estadunidense. “Em números redondos, a China tem efetuado 20 vezes mais provas de armas hipersónicas que os Estados Unidos ao longo da última década”, citou o funcionário.

O ativo desenvolvimento deste novo tipo de armas coloca em xeque o poder dos porta-aviões estadunidenses distribuídos na região da Ásia-Pacífico, já que os Estados Unidos não dispõem de um sistema de defesa capaz de responder a esses eventuais ataques.

“O possível uso desses sistemas hipersônicos táticos por parte da China mantém os nossos grupos de combate nos porta-aviões em constante ameaça”, declarou Griffin, que também teme que o mesmo risco afeta “toda a frota de superfície” dos Estados Unidos, assim como as forças terrestres espalhadas em posições avançadas.

O desenvolvimento de sistemas de defesa contra armas hipersônicas se transformou em prioridade para o Pentágono, segundo confirmou o alto funcionário, que considera inaceitável a atual situação.

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