Sugestão: Natasha Pimentel
A vereadora do PSOL Marielle Franco foi a última vítima da violência que atinge líderes e militantes políticos no Brasil. Desde 2014, pelo menos outros 24 líderes comunitários, ativistas e militantes políticos foram evidentemente executados. Artigo do Opera Mundi.
O assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) na noite desta quarta-feira (14/03) acendeu o alerta para um facto alarmante: desde 2014, pelo menos outros 24 líderes comunitários, ativistas e militantes políticos foram evidentemente executados em diferentes regiões do Brasil. O levantamento não inclui mortes suspeitas de lideranças nem trabalhadores que não tinham, pelo menos de forma evidente, papel político de liderança. Usando esses dois critérios adicionais, a lista chegaria a centenas de nomes.
O historiador Fernando Horta, doutorando na Universidade de Brasília, reuniu uma lista dessas vítimas. O Opera Mundi conta um pouco da história destes militantes, executados devidos aos trabalhos que desenvolviam pelas suas comunidades.
Marielle Franco, vereadora no Rio de Janeiro pelo PSOL – 15.mar.2018
A socióloga, ativista dos movimentos feminista e negro, foi executada no centro da capital fluminense. Marielle, a quarta vereadora mais votada na cidade, atuava na comunidade da Maré, onde morava, e, na semana anterior à sua morte, denunciou a violência e os abusos policiais no bairro de Acari. Leia mais aqui
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Paulo Sérgio Almeida Nascimento, líder comunitário no Pará – 12.mar.2018
Nascimento era um dos líderes da Associação dos Caboclos, Indígenas e Quilombolas da Amazónia (Cainquiama). Segundo a Polícia Civil, foi alvejado por disparos do lado de fora de casa, na cidade de Barcarena. Nascimento era um ativista que denunciava a refinaria Hydro Alunorte, responsável pelo despejo de dejetos tóxicos nas águas da região no início do mês. Leia mais aqui
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George de Andrade Lima Rodrigues, líder comunitário em Recife – 23.fev.2018
Rodrigues foi encontrado com marcas de tiros e um arame enrolado no pescoço, após três dias de buscas. O seu corpo foi encontrado num mato nas margens de uma estrada de terra. Tinha sido sequestrado por quatro homens que se diziam polícias. Leia mais aqui
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Carlos Antônio dos Santos, o “Carlão”, líder comunitário no Mato Grosso – 07.fev.2018
Carlão era um dos líderes do Assentamento PDS Rio Jatobá, em Paranatinga, no Mato Grosso, e foi morto a tiros, por homens numa motocicleta, em frente à autarquia da cidade. Estava dentro de um automóvel com a filha e a esposa, que chegou a ser atingida de raspão. Carlão já tinha feito várias denúncias à polícia de que estava a ser ameaçado. Leia mais aqui
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Leandro Altenir Ribeiro Ribas, líder comunitário em Porto Alegre – 28.jan.2018
Ribas era líder comunitário na Vila São Luís, ocupação da zona norte da capital gaúcha. Tinha deixado de dormir em casa desde alguns dias face à guerra entre traficantes da região. No dia em que foi assassinado, voltou à vila para ir buscar roupas, mas acabou por ser morto. A polícia suspeita de que Ribas tenha sido executado pelos criminosos ao apresentar-se como líder da comunidade e questionar as ações do grupo. Leia mais aqui
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Márcio Oliveira Matos, liderança do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na Bahia – 24.jan.2018
Matos era um dos membros mais novos da direção do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e morava no Assentamento Boa Sorte. Aos 33 anos, foi morto em casa, com três tiros, na frente do seu filho. Leia mais aqui.
Valdemir Resplandes, líder do MST no Pará – 9.jan.2018
Conhecido como 'Muleta', Resplandes foi executado na cidade de Anapu, no Pará. Conduzia uma moto e foi parado por dois homens. Um deles atirou pelas costas; já no chão, o ativista foi alvejado na cabeça. A missionária norte-americana Dorothy Stang foi assassinada na mesma cidade, em 2005. Leia mais aqui
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Jefferson Marcelo do Nascimento, líder comunitário no Rio – 04.jan.2018
Nascimento era líder comunitário em Madureira e foi encontrado com sinais de enforcamento um dia após desaparecer. Tinha feito uma série de denúncias contra uma quadrilha de milicianos dias antes de ser executado. Leia mais qui
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Clodoaldo do Santos, líder sindical em Sergipe – 14.dez.2017
Santos era líder do Movimento SOS-Emprego de Sergipe e foi baleado na cabeça por dois homens que foram a sua casa com a desculpa de entregar um currículo. Após orientar os criminosos a entregarem o documento diretamente à empresa que construía uma termoelétrica na região, o dirigente foi alvejado. Leia mais aqui
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Jair Cleber dos Santos, líder de acampamento no Pará – 22.set.2017
Santos foi alvo de um ataque a tiros na companhia de outros quatro trabalhadores rurais. O acusado do assassinato é o gerente de uma fazenda ocupada por trabalhadores ligados à Fetagri (Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Pará). A polícia esteve no local momentos antes e os trabalhadores que estavam lá acusam-na de ter facilitado a fuga do gerente e de outros homens armados. Leia mais aqui
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Fabio Gabriel Pacifico dos Santos, o “Binho dos Palmares”, líder quilombola na Bahia – 18.set.2017
Binho, como era conhecido, era líder do quilombo Pitanga dos Palmares, na cidade de Simões Filho, Bahia. Tinha acabado de deixar o filho na escola e seguia para o enterro de uma amiga quando foi abordado por homens num carro. Um deles desceu do veículo e atirou várias vezes na direção do líder. Leia mais aqui
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José Raimundo da Mota de Souza Júnior, líder do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) na Bahia – 13.jul.2017
O quilombola [descendente de escravos negros] Souza Júnior era defensor da agroecologia e educador popular. Momentos antes do crime, o líder camponês foi procurado por dois homens em casa. Foi baleado enquanto trabalhava no campo com o irmão e um sobrinho. Leia mais aqui
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Rosenildo Pereira de Almeida, o “Negão”, líder comunitário da ocupação na Fazenda Santa Lúcia, no Pará – 8.jul.2017
O líder camponês, ligado ao MST, foi morto na cidade de Rio Marias, próxima à fazenda. Tinha ido ao local para se esconder após reiteradas ameaças de morte. Foi executado por dois indivíduos de mota com três tiros na cabeça. Leia mais aqui
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Eraldo Lima Costa e Silva, líder do MST no Recife – 20.jun.2017
Costa e Silva, de 57 anos, estava em casa, numa ocupação na zona norte do Recife, quando homens armados arrastaram-no para fora e executaram-no nas margens da BR-101, com quatro tiros. Leia mais aqui
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Valdenir Juventino Izidoro, o “Lobó”, líder camponês de Rondônia – 4.jun.2017
Lobó foi morto com um tiro a queima-roupa num acampamento em Rondominas, Rondônia. Liderava um grupo de sem-terra em ocupações na região. Leia mais aqui.
Luís César Santiago da Silva, o “Cabeça do Povo”, líder sindical do Ceará – 15.abr.2017
Silva tinha 39 anos quando foi executado numa estrada no município de Brejo Santo (CE). Era membro do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção de Estradas, Pavimentação e Obras de Terraplanagem (Sintepav-CE) e com militância ativa nas obras do porto de Pecém. Leia mais aqui
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Waldomiro Costa Pereira, líder do MST no Pará – 20.mar.2017
Pereira, que era funcionário público e ativista no MST, foi morto dentro do Hospital Geral de Parauapebas, no Pará. Cinco homens armados renderam seguranças e foram até a UTI, onde atiraram no ativista. Estava internado após ser atacado no seu terreno, em Eldorado dos Carajás. Leia mais aqui
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João Natalício Xukuru-Kariri, líder indígena em Alagoas – 11.out.2016
Liderança história dos povos indígenas do nordeste, Xukuru-Kariri foi esfaqueado à porta de casa, numa aldeia indígena em Alagoas. O assassinato ocorreu de madrugada, quando o camponês se preparava para ir trabalhar no campo. Leia mais aqui
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Almir Silva dos Santos, líder comunitário no Maranhão – 8.jul.2016
Santos era líder comunitário da Vila Funil, em São Luiz, e foi executado dentro de casa com tiros na cabeça e nas costas, em frente da mulher, da filha e de vizinhos. O acusado de ter cometido o assassinato afirmou, segundo a polícia, que matou Santos por não concordar com a construção de uma ponte na comunidade - que atrapalharia o tráfico de drogas ao dar aos polícias acesso fácil ao local. Leia mais aqui
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José Bernardo da Silva, líder do MST em Pernambuco – 26.abr.2016
Silva, de 48 anos, era líder do MST em Pernambuco e estava a caminhar com a esposa e uma filha nas margens da BR-336 quando uma camionete se aproximou. Um dos ocupantes do veículo desceu do carro e atirou contra a vítima. Mulher e filha esconderam-se e não ficaram feridas. Leia mais aqui
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José Conceição Pereira, líder comunitário no Maranhão – 14.abr.2016
Pereira tinha 58 anos quando foi morto com um tiro na nuca dentro de casa na capital maranhense. Nada foi levado da casa do líder comunitário, o que reforçou a hipótese de execução. Leia mais aqui
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Edmilson Alves da Silva, líder comunitário em Alagoas – 22.fev.2016
Presidente do assentamento Irmã Daniela, Silva foi morto a tiros no local. Era líder do Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST), comandando ocupações e denunciando crimes ambientais e infrações supostamente praticados por fazendeiros do litoral norte do Estado. Leia mais aqui
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Nilce de Souza Magalhães, a “Nicinha”, líder comunitária e membro do Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB) em Rondônia – 7.jan.2016
Nicinha era pescadora e participou em diversas audiências para denunciar a situação dos seus vizinhos e danos ambientais. Desapareceu em 7 de janeiro e foi assassinada a tiros. Leia mais aqui
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Simeão Vilhalva Cristiano Navarro, líder indígena do Mato Grosso – 1.ago. 2015
O assassinato de Navarro aconteceu durante uma reocupação de terras indígenas por parte dos Guarani-Kaiowá. Uma comitiva de fazendeiros dirigiu-se à região e atacou os indígenas. O ativista foi atingido com um tiro na cabeça quando estava nas margens de um ribeiro a procurar o seu filho. Leia mais aqui
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Paulo Sérgio Santos, líder quilombola na Bahia - 6.jul. 2014
Santos era líder quilombola [descendente de escravos negros] e foi assassinado dentro do acampamento Nelson Mandela, em Helvécia (BA). Foi surpreendido por homens armados que chegaram num carro e começaram a atirar quando saíram da viatura. Leia mais aqui
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Artigo de Haroldo Ceravolo Sereza e Rafael Targino | São Paulo, publicado no Opera Mundi.
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