Por RFI
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Milhares de pessoas protestaram em São Paulo contra o assassinato da vereadora no Rio (REUTERS/Leonardo Benassatto)
O violento assassinato da vereadora do PSOL Marielle Franco, e de seu motorista, Anderson Gomes, na última quarta-feira (15), no Rio de Janeiro, continua repercutindo na imprensa francesa nesta segunda-feira (19). Os jornais do país lembram que o ativismo da vereadora incomodava a polícia, o governo e os militares.
O jornal Le Figaro traz uma matéria de seu correspondente na capital fluminense, Michel Leclercq. "Brasil: o assassinato de uma vereadora negra revolta o Rio", é a sua manchete, explicando que a possibilidade que Marielle e Anderson tenham sido mortos por militares é citada nas investigações.
Marielle, mulher, negra, nascida na favela, vereadora de esquerda, ativista e lésbica, era a voz de todas a minorias e uma crítica feroz das injustiças cometidas pela polícia, salienta o Le Figaro. Um dos últimos tweets dela abordava a questão e perguntava quantos ainda teriam que morrer para que "essa guerra" terminasse, reitera o jornal.
Para o chefe da polícia do Rio, não há nenhuma dúvida de que a morte de Marielle foi uma execução, escreve Le Figaro. "Os investigadores descobriram que as balas (recuperadas no local do crime) faziam parte de um lote da Polícia Federal, algumas foram utilizadas no assassinato de 23 pessoas em 2015 em São Paulo. Três policiais foram condenados por esse massacre", salienta.
"Voz de Marielle não será calada"
O ativismo da vereadora incomodava polícia, governo e militares - responsáveis pela segurança do Rio há cerca de um mês. O que é mais irônico, salienta Le Figaro, é que Marielle - além de desafiar a austera e masculina Câmara dos Vereadores e defender ativamente as minorias -, também apoiava as mulheres dos policiais mortos, "uma das causas que mais sensibilizava a militante", ressalta.
Entrevistada por Le Figaro, a professora da UERJ Alba Zaluar, diz que os autores do crime, ao atacarem Marielle, tinham como objetivo atingir a Câmara dos Deputados, uma representante do povo, uma mulher negra, uma líder comunitária, e o movimento LGBT. "Reflete a desordem que reina no Brasil", avalia Joaquim Barbosa, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal.
Já o site do jornal Le Monde destaca o protesto realizado ontem na Favela da Maré, onde nasceu e cresceu a vereadora. "A voz de Marielle não será calada", gritavam cerca de duas mil pessoas no local onde cerca de 140 mil moradores vivem há anos no ritmo de massacres, guerras de gangues de narcotraficantes e violentas intervenções das forças de ordem.
A manifestação deste domingo, "mistura de consternação e revolta", se une à mobilização nacional após o assassinato que balançou o país, escreve Le Monde. Na última quinta-feira, dia seguinte ao assassinato de Marielle e Anderson, 50 mil pessoas saíram às ruas do Rio, 30 mil em São Paulo e outras dezenas de milhares protestaram nas maiores cidades do Brasil, conclui Le Monde nesta segunda-feira, 19 de março de 2018.
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