sexta-feira, 13 de julho de 2018

Atual conjuntura, por Izaías Almada


Atual conjuntura

por Izaías Almada

Lembro-me bem de ouvir dizer depreciativamente sobre advogados, quando se chamava um deles de mau advogado: era o “advogado de porta de cadeia”. Penso que agora já iniciamos brasileiramente uma nova etapa do nosso poder judiciário, a dos juízes de porta de cadeia. Senão vejamos.

Comenta-se em alguns círculos de juristas portugueses e brasileiros que Moro foi passar férias em Portugal à procura dos Autos que condenaram Tiradentes à forca.

Sinceramente não acredito. Puro fake news, mas vale a ficção.

Até porque bastava consultar, numa tarefa penosa de se cumprir, aliás, os dez volumes dos “Autos da Devassa da Inconfidência Mineira” reeditados pela Câmara dos Deputados do Governo do Estado de Minas Gerais no ano de 1982.

São mais de quatro mil páginas que descrevem com exatidão como se construiu, com pormenores bem significantes, os julgamentos dos inconfidentes em 1789 e, em particular, o do Alferes Joaquim José da Silva Xavier.

Não sou advogado. Não estudei Direito, mas parafraseando uma ilustre juíza do nosso STF, posso afirmar que – mesmo não tendo os conhecimentos jurídicos necessários, a narrativa e a literatura da vida me permitem condenar alguns dos fatos do último dia 8 de julho.

Dessa vez ficou escancarada a parcialidade de um grupo de juristas em manter o ex-presidente Lula sequestrado em Curitiba. Ainda que a lei lhes desse razão, pois até agora nada ficou provado contra ele, o ódio, o rancor, a arrogância, a maldade mesmo, com que muitos desses brilhantes homens das leis insistem em tratar a um ex-presidente do país, torna parte da sociedade brasileira insensível por um lado e revoltada por outro.

Ninguém está acima da lei, não é mesmo? Nem o Aécio, o Temer, o Dória, o Alckmin, o Serra, o Aloysio, o Padilha, o Jucá, o FHC e tantos outros cidadãos de caráter sem jaça e ilibada reputação.

Tudo é apresentado a cada um de nós com o inegável olhar matreiro dos donos de alguns órgãos de comunicação social, emissoras de rádio e televisão, alem dos jornais e revistas, por enquanto ditas de “grande circulação”, mas que vão minguando à medida que a comunicação virtual parece que veio para ficar.

A atual imprensa brasileira, agora que muitos de seus colunistas descobriram o significado da palavra teratologia, é mais do que sensacionalista, é ciclópica. Descende de Ciclope, aquele monstro da mitologia de um só olho no meio da testa. A megalomania de alguns dos seus jornalistas já ultrapassa os limites da convivência civilizada entre cidadãos. É surreal e monstruosa. E o mesmo se pode dizer de alguns juízes.

A internet economiza papel e nos poupa de ler mentiras e canalhices impressas no dia a dia. Mas como a fantástica comercialização de “pets” aumenta em ritmo avassalador ainda teremos por algum tempo o uso de alguns jornais e revistas semanais para limpar a sujeira dos nossos queridos animaizinhos.

Muitas vezes a história da humanidade já demonstrou que golpes de estado e injustiça são palavras e situações sinônimas, o senhor concorda, doutor Moro? Como Sua Alteza Real, o senhor enviou ordens da Metrópole para a Colônia no último dia 08..

Isso me traz à memória um famoso samba de Sérgio Porto, o inesquecível Stanislaw Ponte Preta, a quem peço licença para transcrever um trechinho da letra. É assim uma espécie de Samba do Togado Doido:

Joaquim José, que também é da Silva Xavier...

Queria ser dono do mundo

E se elegeu Pedro II

Nas estradas de Minas

Seguiu pra São Paulo

E falou com Anchieta:

O vigário dos índios

Aliou-se a Dom Pedro

E acabou com a falseta.

Da união deles dois

Ficou resolvida a questão...

E foi proclamada a escravidão!


Acorda Brasil! Lula livre!

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