segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Stédile: golpistas não têm apoio popular, apenas o poder institucional

Lula segue sendo a referência para os trabalhadores e norteia o projeto que deve ser vencedor em outubro / Joka Madruga

No feriado de independência, o dirigente do MST analisa a necessidade de um projeto de governo com Lula

Camila Vida e Pedro Carrano

Na sexta-feira, Dia da Independência do Brasil, a Vigília Lula Livre recebeu o dirigente nacional do MST, João Pedro Stédile, para roda de conversa sobre os desafios da conjuntura atual, com os militantes que estão em vigília há mais de 150 dias pela liberdade do ex-presidente. Em análise de conjuntura, Stédile comparou o Brasil a um navio afundando e sem comando, usando a imagem do filme Titanic, em que a primeira classe é a primeira a se salvar e as demais se distraem com a orquestra tocando. “A orquestra é a Rede Globo”, comparou. 

Comparando à realidade, numa curva de crise econômica que, desde 2008, impacta o mundo e chegou ao Brasil, o dirigente explicou que, quando a sociedade se afoga na crise, “tomar o bote” é ter o poder político para se salvar. A tomada do bote, segundo ele, foi o golpe em que a presidenta Dilma foi deposta, para que as elites tivessem o controle do Estado ao seu favor. “Tinham o Congresso, tinham o Cunha, o Judiciário que é a burguesia que manda. Mas não tinham o controle do executivo que era a Dilma”, analisa Stédile.

Por sua vez, o dirigente social comparou Lula ao bote da classe trabalhadora, que está preso para seguir o golpe e manter os privilégios de poucos. Segundo ele, os seis capitalistas mais ricos do Brasil recebem mais que 104 milhões de brasileiros e não há possibilidade real de uma sociedade ter futuro com diferença tão grande. 

Contradições do golpe 

Porém, de acordo com o dirigente, o golpe tem também contradições e um dos sinais apontados por ele é a baixíssima aprovação do governo Temer, que conta com apoio de cerca de 3% da população brasileira, dado confirmado por pesquisa CNI, em junho deste ano. “Eles não têm o povo, essa é a contradição, senão estaríamos perdidos”, pontuou. 

Governar no modo Lula 

O dirigente defende que, mesmo se o poder Judiciário, forçar a substituição do nome de Lula pelo de Fernando Haddad na cabeça de chapa, Lula segue sendo a referência para os trabalhadores e norteia o projeto que deve ser vencedor em outubro e o governo de esquerda deve firmar-se em medidas populares e na convocatória às ruas. 

“Na primeira semana de janeiro, o governo deve fazer um plebiscito para que o povo decida a revogação das medidas dos golpistas, e convocar uma assembleia constituinte. Não vai passar pelo Congresso, vai ter que passar pelas ruas”, declarou.

Edição: Tayguara Ribeiro

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