segunda-feira, 22 de outubro de 2018

A última chance

       POR FERNANDO BRITO
       http://www.tijolaco.net/


“Já adverti o garoto, , o meu filho, a responsabilidade é dele. Ele já se desculpou”, disse Jair Bolsonaro sobre o vídeo em que seu filho, Eduardo, sugere que bastam um cabo e um soldado para fechar-se o STF. O “garoto” tem 34 anos, é deputado com 1,8 milhão de votos, policial federal, usa uma arma na cintura e é um dos mais altos chefes da campanha do pai.

O general Mourão também é crescido e levou seu “cala-boca” por sugerir um “autogolpe”, além da extinção do 13° salário. O militar sabe que auto ou exo, golpe é atentado à democracia e à Constituição.

Outro “sossega aí” levou Paulo Guedes, o “posto ipiranga”, ao propor uma CPMF rediviva. Tomou a canelada e calou o bico.

É claro que foram silenciados não por terem as ideias que têm, mas por expô-las antes da hora.

Mas faz-se de conta que Bolsonaro não concorda com eles.

Se não concordasse não teria dado a eles os lugares que deu e, menos ainda, continuariam onde estão.

Seus atos são apenas antecipações do frenesi autoritário que os assanha.

São pontas de um iceberg que aparecem e que nos deveriam advertir do que há sob as águas escuras do ódio e do aventureirismo bolsonaristas.

É em direção a isso que vamos, a toda velocidade.

Há gente achando que as instituições republicanas são inafundáveis, como achavam do Titanic.

Outros, como o presidente do STF acham que um “ai, ai, ai” numa nota dada por suas assessoria de imprensa acham que é o bastante para que o candidato recue em seus planos de poder absoluto.

Sabem quem ele é, mas fingem não saber, para assim não terem de explicar-se porque deixaram, durante quase 30 anos, impunes todos os seus elogios à ditadura, à tortura, à morte, à discriminação de seres humanos.

Crêem que haverá rangidos, danos, algumas vidas perdidas no convés da terceira classe, mas que não perderão seu lugar na ponte de comando e, daqui a quatro anos, poderão dar algumas voltas no timão que é seu e, acreditam, sempre será.

Se não conseguirmos, apenas com nossas mãos manietadas, mudar o rumo do desastre, nem mesmo para eles haverá botes salva-vidas.

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