segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Montados nos tribunais superiores, os Bolsonaros já se apresentam como ditadores do Brasil. Por Carlos Fernandes

        Publicado por Kiko Nogueira

        Rosa Weber

As afirmações dadas ainda em campanha por membros da família Bolsonaro, mostram que estamos no limiar da escolha entre o ressurgimento de nossa breve democracia e o levante de uma tirania cujos precedentes internacionais são desastrosos.

A fala de Eduardo Bolsonaro, para quem o Supremo Tribunal Federal pode ser fechado com a simples intervenção de um soldado e um cabo, revelam a mente conturbada de um projeto de fascista que está prestes a receber um poder parental que ainda não experimentara.

A ameaça aberta à Suprema Corte brasileira é um insulto à democracia de proporções tais que mereceu o repúdio até de velhos caquéticos como Fernando Henrique Cardoso que, por sua arrogância e insensatez, encontrou na “neutralidade” o esconderijo mal-acabado para quem sucumbiu ao rancor motivado pelo ostracismo.

Mas é o que se segue a esse trecho de sua fala o que realmente assombra. Aqui, não pela gravidade do ato em si, mas pelo fato do que resta evidenciado o que, na sua concepção, está sendo violentado.

Ao externar com uma naturalidade assustadora a forma como se daria a prisão de ministros do STF ao primeiro sinal de decisões contrárias ao seu interesse, Eduardo Bolsonaro logo se apressa a se justificar com quem considera ter rebaixado o ser devido valor.

Diz ele: “Não é querendo desmerecer o soldado e o cabo, não”.

É simplesmente inacreditável.

Ao ameaçar violentamente a mais alta Corte do país, Bolsonaro filho acha que está “desmerecendo” não a democracia, o Estado Democrático de Direito, o Brasil e o povo brasileiro, mas tão somente a patente rasa dos vassalos que cumprirão o serviço sujo.

Tudo já descambaria para o absurdo insondável se nas manifestações pró-Bolsonaro o candidato a ditador não tornasse ainda mais evidente o seu amor à violência e à intolerância contra o pluralismo ideológico.

Em mensagem gravada para todo o país, Bolsonaro pai fala em “faxina”, “marginais vermelhos” e “banimento”. Num discurso estarrecedor de tão autoritário, ele fala com a propriedade de quem jamais entendeu qualquer valor democrático:

“… a faxina agora será muito mais ampla. Essa turma, se quiser ficar aqui, vai ter que se colocar sob a lei de todos nós. Ou vão pra fora ou vão para a cadeia. Esses marginais vermelhos serão banidos de nossa pátria”.

Com a Constituição a ver navios, será sob a lei dos que os seguem a forma como todos os brasileiros e brasileiras que não concordam com suas posições deverão se portar.

Dadas como opções a expulsão do país ou a prisão, a julgar pelo que se tem visto Brasil afora por seus asseclas, tortura, linchamento e morte também se apresentam como alternativas viáveis.

Desmoralizada até a última consequência, Rosa Weber vagueia na presidência do Tribunal Superior Eleitoral com a inépcia e inanição de quem se apresenta completamente despreparada para os desafios de uma eleição que já ficou marcada pelos crimes de manipulação das informações, abuso do poder econômico e utilização de caixa dois.

Todos utilizados escancaradamente à exaustão.

Já está claro que a disputa nesse segundo turno já não se dá mais entre dois candidatos, mas sim entre os poderes constitucionais da República e uma família de desequilibrados que se utilizaram de um gigantesco aparato de contrainformação e financiamento ilegal de campanha.

Confirmada sua vitória, o grande derrotado será o Tribunal Superior Eleitoral, cuja serventia já vem sendo questionada há muito tempo.

Nessa triste hipótese, Haddad, Manuela e todos os partidos que não se intimidaram e não se furtaram a defender a democracia brasileira desde o primeiro minuto, sairão muito maiores do que entraram.

Pelo bom combate que travaram, se tornaram desde já os representantes legítimos do que ainda resta de democracia no país.

A todos nós, gostando ou não do PT, só nos resta lutar até o último esforço para que a razão vença a insanidade instituída num país em que a ignorância se tornou um motivo de orgulho.

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