domingo, 2 de dezembro de 2018

Moro e sua “política de terra arrasada” são risco para Bolsonaro

       POR FERNANDO BRITO


O histórico de Sérgio Moro à frente da Lava Jato, conduzindo a investigação sem o mínimo de cuidado para minimizar seu impacto no “ex-forte” setor da construção pesada deveria fazer muita gente do lado do Governo ficar com algo bem mais pesado que uma pulga na orelha.

Claro que haverá esquerdistas em profusão para servirem de bucha de canhão nos primeiros dias.

Mas parece inevitável que Moro comece a testar o seu anunciado poder de mando no caso de “provas robustas” contra ministros e os benefícios de marketing em mexer com gente do dinheiro.

Oportunidades para isso não vão faltar, já que ele ficou com o controle da parte “policial” da Receita Federal. Veio, ali´s, com um nome pronto da Lava jato para ter certeza de que, para ele, não haverá segredos e sigilos.

Antes mesmo de começar o governo lhe cai no colo o inquérito da PF sobre eventuais falcatruas de Paulo Guedes – seu colega e concorrente na condição de “superministro”. Quem esperar uma Polícia Federal republicana, na base do “doa a quem doer” está enganado. É Moro quem regulará se vai doer, em quem vai doer e quanto vai doer.

Como Bolsonaro não blindou pessoalmente seu “Posto Ipiranga” de público, Moro não tem porque fazê-lo agora, pelo menos. Se o fizer, será por recompensas e poderes maiores.

Agora, na manchete de O Globo, manda vazar que irá investigar quem quiser entre os 27 mil que entraram no programa de repatriação de valores, onde certamente há muitos que não têm como explicar a bolada que tinham lá fora. Não será difícil arranjar um dúzia de sujeitos com muito dinheiro que não têm documentos – ou documentos sólidos – para explicar as dezenas ou centenas de bilhões que tinham fora e que acharam estar ‘legalizados” com o pagamento de impostos pesados.

Não há de faltar herege para o nosso homem da Inquisição.

Mas uma coisa é mexer com petista, outra é criar sobressaltos com Guedes e com a turma da grana.

O sucesso do capitão, sem fontes para gerar investimentos que façam girar a roda da economia depende da confiança do capital financeiro.

O todo-poderoso de Curitiba já mostrou, com o Supremo, que sabe emparedar quem está hierarquicamente acima dele.

Quem aplaudiu o desastre provocado por Moro na casa da esquerda mas que morre de medo que ele ameace fazer o mesmo na casa do vizinho.

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