segunda-feira, 15 de abril de 2019

Sim, já temos milícias!


Nonato Menezes - Parece que não há quem repare, mas o Distrito Federal já têm suas milícias. E, ao som de buzinas de motos, elas já até nos acordam na madrugada.

São motoqueiros que usam as buzinas de seus veículos como armas. No silêncio da madrugada seguem suas rotinas, avisando aos interessados no alheio e moradores de sono leve que há vigilantes a postos. Vigilantes sem fardas, talvez sem armas de fogo, mas já investidos de certa autoridade.

Em público não se ouve nada a respeito. Silêncio que sugere um pacto entre moradores e vigilantes informais. A cumplicidade quase perfeita em nome da “segurança”.

Sem policiais nas ruas, para salvar o equilíbrio financeiro das contas do governo, surge o vácuo que está sendo ocupado por pessoa “bem relacionada”, a “empregar” jovem sem eira nem beira que, para sobreviver, se agarra ao improviso na margem do Direito e de princípios da Lei.

A arrecadação ou coleta, ao estilo sacolinha das igrejas evangélicas é feita, também, de maneira informal. Não há boleto, não se paga com cartão, nenhum rabisco como comprovante de pagamento existe. É dívida e cobrança feitas no gó gó.

O recolhimento é feito uma vez ao mês. De “maneira cordial” um cidadão bate à porta de sua casa e lembra ao morador sobre “aquele serviço” prestado durante a noite por um trabalhador noturno ao buzinar em sua rua como mensagem de segurança. 

O valor não é prefixado e se o morador for novo no pedaço a investida fica parecendo um pedido de colaboração. Um jeitinho matreiro de gerar compromisso e posterior dependência.

Um amigo, por curiosidade, perguntou a um desses cobradores informais se aquela era uma iniciativa dele próprio ou se prestava serviço para alguma empresa. 

- Tenho um “patrão”, foi sua resposta. Mas, que naquele momento encontrava-se em viagem para o litoral, completou. 

Sem mais detalhes, virou as costas e foi embora, daquela vez sem o “tributo” do mês.

Para quem ainda não tem esse “serviço”, vale lembrar que ele já existe há um bom tempo em certas regiões do Distrito Federal, onde deverá ter forte impulso com a chegada do novo inquilino ao Palácio do Planalto, adepto dessa prática tão promissora. 

Não sei, mas tudo leva a crer que essa atividade é um “achado” para qualquer governo que tem o serviço público como fonte de despesa, nunca de investimento, assim como nos ensina a Cidade Maravilhosa, acolhedora de poderosas milícias e seus representantes no Poder Público, inclusive na Presidência da República.

Prova da ausência e fraqueza do nosso Estado.

Por isso o pacto de silêncio mantido em torno de uma atividade ilegal e o pagamento por ela, que não garantem segurança alguma. Ao contrário, gera medo. Muito medo.

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