POR FERNANDO BRITO
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Do presidente que manda a Petrobras romper um contrato regular porque o escritório de advocacia é de um desafeto à juíza que manda transferir um ex-presidente há quase 500 dias preso às vésperas de julgar-se anulação de sua condenação ou conceder-se a progressão de seu regime penal, passamos por uma quadra em que o poder passou a servir à realização do prazer mórbido da “vingança”. E vingança de quem nenhum mal lhe fez.
Isso, por toda parte, tornou-se uma obsessão. O fato de ter poder passa a ser uma espécie de “licença” para a perversidade.
A rigor, também os absurdos que vão sendo revelados nos diálogos interceptados dos promotores da Lava Jato demonstram o mesmo. A impessoalidade que deveria reger o poder público (ou, pelo menos, que para ele prevê a saudosa Constituição brasileira) foi abandonada e cada um que o exerce que acha proprietário do direito de fazê-lo conforme seus caprichos, preconceitos e convicções individuais.
Este tipo de sentimento, que levamos anos atenuando nas atividades policiais após a ditadura, não renasceu apenas lá, mas tomou conta das instituições nacionais.
Morreu porque era bandido, foi preso porque roubou, apanhou porque discutiu, foi demitido porque não gostei do que disse, basta o julgamento que você faz e o poder que você tem para oprimir, massacrar, humilhar, castigar.
Os nossos homens de bem são maus e acham que isso é a prova de sua qualidade superior.
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