segunda-feira, 6 de abril de 2020

Mandetta e as circunstâncias: como se comportou no impeachment



Um homem é ele e suas circunstâncias. Dependendo das circunstâncias, é crápula; dependendo das circunstâncias, torna-se herói.

Nunca saiu da minha memória o general Della Rovere, de Roberto Rosselini, com Victorio De Sica, batizado no Brasil como “De crápula a herói”.

Os geramófilos da Itália matam o general, comandante da resistência. E, para desmoralizar suas ideias, apresentam um sósia, um ator de segunda, incumbido de se apresentar ao povo e abjurar seus princípios.

Na hora acertada, o ator encarna o personagem, e faz um discurso épico, como se fosse o Della Rovere autêntico.

Desde então, sempre tive enorme curiosidade por esses personagens que se movem de acordo com as circunstâncias, em geral para pior. A longa carreira jornalística me permitiu acompanhar de perto as mutações circunstanciais de políticos – como José Serra -, magistrados – como Luis Robert Barroso -, jornalistas – nem menciono, pela quantidade -, em geral reeditando um Della Rovere pelo avesso.

Mas às vezes, o filme se torna realidade. É o caso de Gilmar Mendes, que prpunha a extinção do PT e que, depois do impeachment consumado tornou-se uma âncora da legalidade. Ou do Ministro Luiz Mandetta, depois da pandemia consolidada.

Antes disso, Mandetta era apenas um deputado obscuro pré-bolsominion, que levantava cartazes obscenos e defendia o fim do +Médicos. Agora, cumpre papel essencial, com uma dignidade exemplar. Viva Della Rovere.


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