quarta-feira, 16 de setembro de 2020

Coluna Econômica: a explosão do comércio com a China e a falta de estratégia brasileira

Finalmente, uma análise dos 10 maiores produtos primários exportados, mostra uma participação avassaladora da China na maioria dos produtos.

            Por Luis Nassif
            https://jornalggn.com.br/

Esta semana o governo brasileiro concedeu aos Estados Unidos mais 90 dias com isenção de impostos para a importação de etanol. Não houve nenhuma exigência de contrapartida. Trata-se de submissão total, da ponto de se abrir o cargo de presidência do Banco Interamericano de Desenvolvimento e um representante norte-americano, acabando com uma tradição histórica de presidentes latino-americanos.

Em entrevista à mídia, ontem, o embaixador americano no Brasil, Todd Chapman, disse confiar que o Brasil se alie aos EUA contra China, em defesa da democracia, da liberdade de imprensa e do escambau.

Em toda história do Brasil, do período de parceria com a Alemanha, nos anos 30, à aliança com os Estados Unidos, nas décadas seguintes, a regra de ouro sempre foi a busca de contrapartidas vantajosas para o Brasil. Com a Alemanha, a importação de máquinas e equipamentos em troca de alimentos; com os Estados Unidos, a ajuda em vários acordos comerciais e industriais.

Na quadra atual, a China representa para o Brasil o que os Estados Unidos representaram nas últimas décadas do século 19, uma explosão na compra de commodities que garantiu períodos de bonança ao país.

Confira abaixo, a relevância da China no comércio exterior brasileiro.

O gráfico abaixo mostra o saldo comercial basileiro nos últimos 4 anos, total e sem China. No acumulado de 12 meses, até agosto, o superávit ficou em US$ 54 bilhões; sem a China, cairia para US$ 23 bi.


Em termos percentuais, percebe-se melhor a relevância da China.

Na composição do saldo comercial, nos últimos 4 anos a China saltou de cerca de 30% do saldo para cerca de 70%. No mesmo período, o Brasil acumulou deficits comerciais com os Estados Unidos e saldos inexpressivos com a União Europeia.


Em uma perspectiva maior, de janeiro de 2010 até agosto de 2020, a curva da soma de 12 meses das exportações brasileiras mostra o deslanche da China, especialmente a partir de 2016,


Finalmente, uma análise dos 10 maiores produtos primários exportados, mostra uma participação avassaladora da China na maioria dos produtos.

A China responde por 52,61% das exportações de carne bovina, 72,71% de soja, 63,50% do minério de ferro, 68,66% do petróleo, 10,38% da celulose, 45,91% do farelo de soja, , 23,37% de semimanufaturados de aço,


Nenhum comentário:

Postar um comentário

12